Estrutura tinha sido pensada pelo autor do projecto original do mercado,
Correia da Silva, em 1914
A cobertura desenhada pelo arquitecto Correia da Silva, em 1914, para o
projecto original do mercado do Bolhão vai por fim ser construída. A
estrutura em vidro e metal, de 950 toneladas, é uma das jóias da coroa
do projecto-base de reabilitação, ontem, quarta-feira, apresentado.A
concretizar-se o desenho ontem mostrado, o Bolhão vai ficar muito
parecido com o que os seus projectistas iniciais imaginaram e, ao mesmo
tempo, virado para os usos actuais da Baixa, com a instalação de cafés e
restaurantes no piso superior e ainda a criação de estacionamento, para
o qual há actualmente duas opções possíveis (ver texto ao lado). Aplicar
"uma nova matriz de espaços inspirada nos novos modelos de mercado
europeus" - é essa a filosofia que sustenta o projecto-base de
arquitectura que a Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) está a
preparar, no âmbito de um protocolo com a Câmara do Porto. As linhas
gerais do plano foram apresentadas no Congresso Património 2010, na
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Segundo a
directora da DRCN, Paula Silva, o objectivo é concluir todo o projecto
de execução até ao final deste ano. Trata-se não só insuflar
modernidade, mas também de cumprir a legislação em vigor, o que o Bolhão
está longe de alcançar em tantos aspectos. As acessibilidades serão
melhoradas com elevadores em todas as quatro entradas; as condições
higiénico-sanitárias do comércio de fresco vão ser criadas nos termos da
lei, com zonas de carga e descarga, elevadores monta-cargas e áreas de
apoio na cave.Reforço das fundaçõesSerão recuperados todos
os elementos possíveis: os vãos sobre Sá da Bandeira (rua construída na
mesma altura do mercado), as estruturas de betão armado (que serão
reforçadas) e em madeira de Riga (em bom estado, apesar de serem de
1915). A situação estrutural foi avaliada por um estudo da FEUP, que
impôs a necessidade de proceder ao reforço de fundações. O mercado,
recorde-se, foi erguido em solos de aterro que chegam aos 15 metros.Também
agora há estruturas que terão que ser demolidas, como as lajes da
galeria de lojas e o passadiço que liga esse piso, entre as ruas de Sá
da Bandeira e de Alexandre Braga. "Tem deformações apreciáveis em termos
de abatimento de fundações", disse o arquitecto João Carlos dos Santos,
que apresentou o projecto-base de arquitectura. Outro passadiço será
construído, mas com uma configuração "mais leve".O passadiço
cumprirá a mesma função de ligar as galerias do piso superior, mas essas
é que terão nova vocação. Servirão para albergar cafés e restaurantes
com esplanadas - com os torreões a permitir zonas mais especiais -, com a
particularidade de ser aproveitado o pé direito alto desse piso para
criar mais um piso. Os estabelecimentos terão, assim, mezaninos no
interior.Elementos avulsos, como aparelhos de ar condicionado e
toldos das lojas exteriores, serão eliminados. Está prevista a colocação
de vidros transparentes nas janelas, para que se veja de dentro para
fora. Uma das maiores intervenções - a cobertura em metal e vidro - terá
pouco impacto exterior, mas fará toda a diferença para o interior,
protegendo da chuva e da entrada de aves.O comércio de frescos
ficará no piso zero, realinhadas as barracas em quatro vias
longitudinais, de maneira a criar mais espaço para circulação e eventos
de animação. Os talhos ficarão numa galeria num piso intermédio, na
escadaria junto à Rua de Fernandes Tomás.
Correia da Silva, em 1914
Imagem virtual do projecto base de reabilitação do Mercado do Bolhão |
A cobertura desenhada pelo arquitecto Correia da Silva, em 1914, para o
projecto original do mercado do Bolhão vai por fim ser construída. A
estrutura em vidro e metal, de 950 toneladas, é uma das jóias da coroa
do projecto-base de reabilitação, ontem, quarta-feira, apresentado.A
concretizar-se o desenho ontem mostrado, o Bolhão vai ficar muito
parecido com o que os seus projectistas iniciais imaginaram e, ao mesmo
tempo, virado para os usos actuais da Baixa, com a instalação de cafés e
restaurantes no piso superior e ainda a criação de estacionamento, para
o qual há actualmente duas opções possíveis (ver texto ao lado). Aplicar
"uma nova matriz de espaços inspirada nos novos modelos de mercado
europeus" - é essa a filosofia que sustenta o projecto-base de
arquitectura que a Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) está a
preparar, no âmbito de um protocolo com a Câmara do Porto. As linhas
gerais do plano foram apresentadas no Congresso Património 2010, na
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Segundo a
directora da DRCN, Paula Silva, o objectivo é concluir todo o projecto
de execução até ao final deste ano. Trata-se não só insuflar
modernidade, mas também de cumprir a legislação em vigor, o que o Bolhão
está longe de alcançar em tantos aspectos. As acessibilidades serão
melhoradas com elevadores em todas as quatro entradas; as condições
higiénico-sanitárias do comércio de fresco vão ser criadas nos termos da
lei, com zonas de carga e descarga, elevadores monta-cargas e áreas de
apoio na cave.Reforço das fundaçõesSerão recuperados todos
os elementos possíveis: os vãos sobre Sá da Bandeira (rua construída na
mesma altura do mercado), as estruturas de betão armado (que serão
reforçadas) e em madeira de Riga (em bom estado, apesar de serem de
1915). A situação estrutural foi avaliada por um estudo da FEUP, que
impôs a necessidade de proceder ao reforço de fundações. O mercado,
recorde-se, foi erguido em solos de aterro que chegam aos 15 metros.Também
agora há estruturas que terão que ser demolidas, como as lajes da
galeria de lojas e o passadiço que liga esse piso, entre as ruas de Sá
da Bandeira e de Alexandre Braga. "Tem deformações apreciáveis em termos
de abatimento de fundações", disse o arquitecto João Carlos dos Santos,
que apresentou o projecto-base de arquitectura. Outro passadiço será
construído, mas com uma configuração "mais leve".O passadiço
cumprirá a mesma função de ligar as galerias do piso superior, mas essas
é que terão nova vocação. Servirão para albergar cafés e restaurantes
com esplanadas - com os torreões a permitir zonas mais especiais -, com a
particularidade de ser aproveitado o pé direito alto desse piso para
criar mais um piso. Os estabelecimentos terão, assim, mezaninos no
interior.Elementos avulsos, como aparelhos de ar condicionado e
toldos das lojas exteriores, serão eliminados. Está prevista a colocação
de vidros transparentes nas janelas, para que se veja de dentro para
fora. Uma das maiores intervenções - a cobertura em metal e vidro - terá
pouco impacto exterior, mas fará toda a diferença para o interior,
protegendo da chuva e da entrada de aves.O comércio de frescos
ficará no piso zero, realinhadas as barracas em quatro vias
longitudinais, de maneira a criar mais espaço para circulação e eventos
de animação. Os talhos ficarão numa galeria num piso intermédio, na
escadaria junto à Rua de Fernandes Tomás.