O sorriso na capa não engana. “El Portugués” convida
a umas horas de boa disposição. O i escolheu alguns episódios curiosos
do livro que estará à venda a partir da próxima segunda-feira
Um dos cartazes da campanha do Licor Beirão com Paulo Futre
a umas horas de boa disposição. O i escolheu alguns episódios curiosos
do livro que estará à venda a partir da próxima segunda-feira
Um dos cartazes da campanha do Licor Beirão com Paulo Futre
O meu nome é Ginja e tenho dez anos, muito prazer
O
nome está-lhe gravado na memória, e não é para menos. Foi “mascarado”
de Rogério Paulo Viegas Alves que Paulo Futre começou a dar nas vistas
no futebol. Tinha nove anos e queria a todo o custo participar no
torneio Onda Verde que o Sporting organizava todos os anos para miúdos
dos dez aos 13. Uma trafulhice foi a solução encontrada para concretizar
o sonho de jogar em Alvalade. “Inscrevi-me com o BI do Ginja, um ano
mais velho do que eu, e tive de decorar o seu nome completo, a morada, o
nome dos pais, tudo.” Na final, o Cancela, do Montijo e de Futre,
ganhou aos leões.
“Estou bem, estou. Mas temos de ganhar no domingo”
Em
1984, Futre chegou ao Porto como um mal-amado, mas depressa conquistou
os azuis e brancos. De carro na Invicta, com o defesa Laureta, viveu uma
das histórias mais mirabolantes da vida: “Chego a um cruzamento com
paragem obrigatória e espreito. Vejo um tipo numa mota. Ele vê que sou
eu. Continua a acelerar. Em vez de abrandar, deixa-se ir. Contra o meu
carro. Bate na parte da frente, a mota vira-se dá quatro ou cinco voltas
no ar... E cai. Penso que está morto. Qual quê. Levanta-se cheio de
sangue e vem ter comigo: ‘Paulo, temos de ganhar no domingo.’” Grande
moral.
O truque do Iuran era um isqueiro e um termómetro
Quando
jogou no Benfica, Futre deu-_-se bem com os russos. Mostovoi, Iuran e
Kulkov eram seus amigos. A acreditar que já tinha aprendido todas as
malandrices, Iuran surpreende-o com uma “artimanha incrível” no
balneário. “Um dia, antes de começar um treino, pediu-me para lhe
emprestar um isqueiro.” Futre pensava que era para fumar um cigarro na
casa de banho. Seguiu-o e descobriu o truque para não treinar: “Saiu da
casa de banho, entrou no posto médico e tirou um termómetro debaixo do
braço. O médico analisou a temperatura e assustou-se. Quarenta graus de
febre.”
A Eva queria_um autógrafo...nas cuequinhas
Pouco
habituado a autógrafos, Futre começou a ensaiar a assinatura no barco
que o levava do Montijo para Lisboa, ainda com 16 anos. Já nos tempos de
fama e depois de uma hora a assinar fotografias no carro para os fãs,
chegou o pedido: “Quero que me dês um autógrafo nas cuequinhas”. Eva era
destemida e deu-lhe o número de telefone. O encontro deu-se e Futre não
usou preservativo: “Como tinha bastante controlo sobre o meu corpo,
nessa noite não usei. Na hora da verdade, o meu orgasmo podia acabar na
barriga, na boca ou nas costas dela, mas nunca dentro da vagina.”
El Portugués está louco, foi desta que se passou de vez!
A
relação entre Futre e Gil y Gil, antigo presidente do Atlético de
Madrid, era de amor-ódio. Ferviam em pouca água e na época 89/90 a
demissão do treinador Javier Clemente foi a gota de água. Gil y Gil
manchou-lhe a imagem perante os adeptos e deixou de querer jogar. Voltou
num jogo contra o Logroñes em que ouviu assobiadelas monumentais. O
Atlético de Madrid perdia ao intervalo. “Balneário. Peguei numa marquesa
e atirei-a contra um vidro enorme, mas não o consegui partir.
Aproximei-me dos espelhos do lavatório, saquei de uma bota e parti os
espelhos um a seguir ao outro.”
Algemado e com direito a visita a uma esquadra japonesa
O
Japão foi mais uma das mil e uma aventuras da vida de Futre. Em 1998 lá
foi ele acabar a carreira no Yokohama Flügels, acompanhado, como
sempre, pelo amigo César. Sem saber uma palavra de japonês, confiou na
sorte e, num parque de estacionamento, deixou o carro num lugar com uma
letra no chão. Azar, pois claro. “Fomos às compras. E quando voltámos...
Polícias, seguranças, um casal com um bebé ao colo, várias pessoas e um
tremendo granel à volta do carro [...] comecei a pedir desculpa [...]
mas fui algemado ali mesmo [...] Só saí da esquadra passadas cinco
horas.”
Mandou internar a mulher para dar de fuga do Brasil
Antes
do Japão, Futre fez uma viagem ao Brasil. Estava no At. Madrid mas não
jogava muito e foi tentar a sorte com a Portuguesa. Tiro falhado.
Seguiu-se o Santos. Futre hesitou e queria desistir. Mas depois de tudo
acordado, como sair dessa? “Vou falar com a Isabel e convencê-la para
ser internada no hospital.” Um dia depois, novo encontro com o
presidente do Santos: “Veja lá isto, com a minha mulher. Tenho de ir já
para Espanha para ver o que se passa e regresso daqui a dois dias”. Mais
uma vez, a trafulhice resultou, Futre não voltou. Mas ficou tudo bem.