As estranhas emoções pelo primeiro encontro. A descoberta das raízes
num País que não conhecia. As horas intermináveis ao telemóvel com a
mãe, também angolana.
Este CAN tem sido uma mistura enorme de experiências e
sensações para o guarda-redes Carlos. Foi dos últimos a integrar a
Selecção de Angola, em Outubro último, fruto de uma nacionalização que
resulta do facto de ser filho e neto de angolanas, sendo o pai
português.
Nasceu em Kinshasa (Congo) e cedo rumou a Portugal,
pelo que a sua ligação a Angola sempre foi mais afectiva, pelo convívio
com a mãe, do que física, já que nem conhecia o País.
Mal chegou
a Angola, Carlos fez questão de conhecer a sua avó materna. Não foi
fácil saber do paradeiro dela, já que não só nunca a conheceu como não
mantinha contactos com ela. A Federação Angolana de Futebol deu uma
ajuda e descobriu onde vivia a avó, cujo nome e localização Carlos faz
questão de manter em privado.
Sabe-se apenas que vive num
musseque e em condições de dificuldade económica. Teve de ir
acompanhado e guardado, até porque já estava em estágio pela Selecção.
A própria federação, a par de Carlos, tomou a iniciativa de
proporcionar melhores condições de vida à avó e aos filhos e netos com
quem vive.
«Foi um reencontro indescritível. Não é fácil estar
em frente de uma pessoa que nunca conhecemos, com quem não temos
afinidade nenhuma, mas que ao mesmo tempo sabemos que é a nossa avó.
Para ser sincero, nem conseguia dizer nada. Nem sabia o que dizer. Lá
disse algumas palavras, apresentei-me e até usei o telemóvel para a
colocar em contacto com a minha mãe. Foi uma visita curta, que estava
em estágio, espero no final do CAN voltar lá e conversar melhor, já sem
aquele impacto emocional do primeiro encontro», revelou Carlos.
A
própria progenitora de Carlos não falava com a mãe há 15 anos. E como
foi criada por uma tia, irmã da avó, a ligação afectiva também não é
muito grande. «A minha vinda par cá pode ajudar a que elas se
reencontrem, os elos se restabeleçam tudo se reate», comentou Carlos.
SAIAS DA MÃE
A
conta do telemóvel de Carlos deve estará atingir valores astronómicos,
tantas as horas que já passou ao telefone com a mãe. «Apesar de ter 30
anos, ainda ando sempre debaixo das saias da minha mãe... Falo com ela
todos os dias e vou mantendo-a informado de tudo o que se está a passar
«, revela Carlos, sorrindo.
As conversas versam o que se está a
passar na Selecção, como Carlos se está a sentir e o que está a achar
de Angola. Mais uma vez as raízes a quererem sugar toda a informação
possível, para mais a mãe sente também as saudades de anos de ausência.
Quer saber tudo sobre o País onde nasceu, vai ouvindo o que o
guarda-redes lhe pode contar.
Carlos tenta absorver tudo o que
se passa à sua volta. As cores, os cheiros, os sabores, as paisagens.
Estar em estágio não ajuda muito em termos de disponibilidade de tempo.
Mas mesmo assim, procura estabelecer elos com as suas raízes.
Na
primeira tarde que teve de folga refugiou-se no Mossoulo. Tinha ouvido
falar tanto dos seus encantos que se meteu no barco para conhecer.
«Soube-me muito bem tanta tranquilidade, isolado, apenas a descansar e
a ouvir as ondas do mar. Foi muito bom e fez-me muito bem», revelou
Carlos. Gostou tanto que regressou na segunda tarde de folga que a
Selecção já teve.
ELOGIOS AO POVO
A sua primeira
tarefa era ser recebido como igual, angolano como os outros jogadores.
No início, se bem que na brincadeira, chamavam-lhe o português e ele
percebia o toque. Com humildade e trabalho, conseguiu ser aceite por
todos e refere agora que «a integração está a ser excelente».
«A
Selecção tem elementos de grande humildade e vontade de trabalhar e
isso ajudou à minha plena integração na equipa», reforça.
No
primeiro jogo, frente ao Mali, foi mal batido no primeiro de quatro
golos sofridos. Logo se levantou o fantasma de Lamá, que até à sua
chegada era o guarda-redes indiscutível da Selecção. Maior pressão?
«Quem tem medo da pressão não pode ser jogador», riposta.
Não
sofreu golos frente ao Malawi e frente à Argélia fez uma defesa
portentosa a evitar golo. O estádio, cheio, aplaudiu-o de pé. Carlos,
definitivamente, acabara definitivamente de entrar no coração dos
angolanos.
«Estou fascinado com o ambiente fervoroso em redor da
equipa. O povo angolano é fantástico no apoio que nos está a dar e nós
queremos retribuir dando-lhes razões para se sentirem felizes», atirou
Carlos.
num País que não conhecia. As horas intermináveis ao telemóvel com a
mãe, também angolana.
Este CAN tem sido uma mistura enorme de experiências e
sensações para o guarda-redes Carlos. Foi dos últimos a integrar a
Selecção de Angola, em Outubro último, fruto de uma nacionalização que
resulta do facto de ser filho e neto de angolanas, sendo o pai
português.
Nasceu em Kinshasa (Congo) e cedo rumou a Portugal,
pelo que a sua ligação a Angola sempre foi mais afectiva, pelo convívio
com a mãe, do que física, já que nem conhecia o País.
Mal chegou
a Angola, Carlos fez questão de conhecer a sua avó materna. Não foi
fácil saber do paradeiro dela, já que não só nunca a conheceu como não
mantinha contactos com ela. A Federação Angolana de Futebol deu uma
ajuda e descobriu onde vivia a avó, cujo nome e localização Carlos faz
questão de manter em privado.
Sabe-se apenas que vive num
musseque e em condições de dificuldade económica. Teve de ir
acompanhado e guardado, até porque já estava em estágio pela Selecção.
A própria federação, a par de Carlos, tomou a iniciativa de
proporcionar melhores condições de vida à avó e aos filhos e netos com
quem vive.
«Foi um reencontro indescritível. Não é fácil estar
em frente de uma pessoa que nunca conhecemos, com quem não temos
afinidade nenhuma, mas que ao mesmo tempo sabemos que é a nossa avó.
Para ser sincero, nem conseguia dizer nada. Nem sabia o que dizer. Lá
disse algumas palavras, apresentei-me e até usei o telemóvel para a
colocar em contacto com a minha mãe. Foi uma visita curta, que estava
em estágio, espero no final do CAN voltar lá e conversar melhor, já sem
aquele impacto emocional do primeiro encontro», revelou Carlos.
A
própria progenitora de Carlos não falava com a mãe há 15 anos. E como
foi criada por uma tia, irmã da avó, a ligação afectiva também não é
muito grande. «A minha vinda par cá pode ajudar a que elas se
reencontrem, os elos se restabeleçam tudo se reate», comentou Carlos.
SAIAS DA MÃE
A
conta do telemóvel de Carlos deve estará atingir valores astronómicos,
tantas as horas que já passou ao telefone com a mãe. «Apesar de ter 30
anos, ainda ando sempre debaixo das saias da minha mãe... Falo com ela
todos os dias e vou mantendo-a informado de tudo o que se está a passar
«, revela Carlos, sorrindo.
As conversas versam o que se está a
passar na Selecção, como Carlos se está a sentir e o que está a achar
de Angola. Mais uma vez as raízes a quererem sugar toda a informação
possível, para mais a mãe sente também as saudades de anos de ausência.
Quer saber tudo sobre o País onde nasceu, vai ouvindo o que o
guarda-redes lhe pode contar.
Carlos tenta absorver tudo o que
se passa à sua volta. As cores, os cheiros, os sabores, as paisagens.
Estar em estágio não ajuda muito em termos de disponibilidade de tempo.
Mas mesmo assim, procura estabelecer elos com as suas raízes.
Na
primeira tarde que teve de folga refugiou-se no Mossoulo. Tinha ouvido
falar tanto dos seus encantos que se meteu no barco para conhecer.
«Soube-me muito bem tanta tranquilidade, isolado, apenas a descansar e
a ouvir as ondas do mar. Foi muito bom e fez-me muito bem», revelou
Carlos. Gostou tanto que regressou na segunda tarde de folga que a
Selecção já teve.
ELOGIOS AO POVO
A sua primeira
tarefa era ser recebido como igual, angolano como os outros jogadores.
No início, se bem que na brincadeira, chamavam-lhe o português e ele
percebia o toque. Com humildade e trabalho, conseguiu ser aceite por
todos e refere agora que «a integração está a ser excelente».
«A
Selecção tem elementos de grande humildade e vontade de trabalhar e
isso ajudou à minha plena integração na equipa», reforça.
No
primeiro jogo, frente ao Mali, foi mal batido no primeiro de quatro
golos sofridos. Logo se levantou o fantasma de Lamá, que até à sua
chegada era o guarda-redes indiscutível da Selecção. Maior pressão?
«Quem tem medo da pressão não pode ser jogador», riposta.
Não
sofreu golos frente ao Malawi e frente à Argélia fez uma defesa
portentosa a evitar golo. O estádio, cheio, aplaudiu-o de pé. Carlos,
definitivamente, acabara definitivamente de entrar no coração dos
angolanos.
«Estou fascinado com o ambiente fervoroso em redor da
equipa. O povo angolano é fantástico no apoio que nos está a dar e nós
queremos retribuir dando-lhes razões para se sentirem felizes», atirou
Carlos.