Alerta na SAD do dragão
Fernando Gomes equaciona demitir-se. Administrador defende contenção nos gastos e sente-se desautorizado. Ruptura à vista.
Desenha-se
uma baixa de grande significado e efeitos imprevisíveis na equipa
administrativa dos dragões: Fernando Gomes. Responsável máximo pela
área financeira da SAD do FC Porto desde 2001, foi conquistando espaço
importante na restrita estrutura de topo da sociedade desportiva graças
à gestão cuidada nas contas, o que lhe garantiu uma imagem de seriedade
que o catapultou para o selectivo nicho de primeiras figuras do clube.
Mas
divergências acumuladas do foro económico-financeiro, ainda que só,
desencadearam reacções em cadeia com detonações inesperadas no próprio
gabinete do presidente que desgostaram, e muito, o sempre discreto e
sereno administrador, que pondera demitir-se das suas funções.
Decisão
drástica, ainda que não tomada - e que a ser formalizada carecerá, como
mandam os regulamentos para as sociedades cotadas em bolsa, de
comunicação por escrito à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários -,
assim como nada usual na cabeça da hierarquia dos azuis e brancos desde
que Pinto da Costa assumiu a liderança e implementou um modelo de
conduta que é tido como uma das bases do sucesso do FC Porto.
Mesmo
cuidadosos e exímios a gerirem e até solucionarem situações de ruptura,
como parece ser o caso, os administradores e elementos mais graduados
da SAD não impediram que a posição de Fernando Gomes se extremasse
nestes últimos tempos.
KLÉBER, A GOTA DE ÁGUA
Uma
carta enviada há alguns dias pelo número um da área financeira dos
dragões já denunciava, entretanto, o seu incómodo e apreensão com a
derrapagem das contas e gastos, supondo-se, e nada mais do que isso,
que as aquisições de Rúben Micael e Kléber tenham sido as gotas de água
que fizeram esgotar a sua paciência.
Defensor acérrimo de uma
política económica de contenção para o FC Porto, Fernando Gomes nem por
isso mostrou insensibilidade para investimentos necessários na
principal equipa de futebol. Como ainda na época passada fez menção de
dizer, numa das poucas entrevistas concedidas, desde que Pinto da Costa
é presidente «a sociedade assumiu uma filosofia de estar neste negócio
com alguma dose de risco».