Óbito: Rosa Lobato de Faria desaparece aos 77 anos em Lisboa
Morreu a actriz com alma de poeta
Os
lamentos surgem da televisão, literatura ou cinema. Elogiam-lhe a arte
de contar histórias, o gosto pela conversa e a polivalência. Rosa
Lobato de Faria deixa, aos 77 anos, um vazio no panorama cultural.
Morreu ontem vítima de uma grave anemia, após uma semana internada no
Hospital Privado, em Lisboa.
Portugal
conheceu-a nos anos 60 com a locução de programas na RTP. Integrou o
elenco da primeira novela nacional, ‘Vila Faia’ (1982), e participou em
outras como ‘Origens’ (1983) ou ‘Ninguém Como Tu’ (2005). Chegou até a
escrever os argumentos de ‘Passerelle’ (1988) e ‘Telhados de Vidro’
(1994).
As marcas no pequeno ecrã estendem-se à
comédia, seja com Herman José em ‘Humor de Perdição’ (1987) ou em
outras produções como ‘Pisca--Pisca’ (1989). Sinal de que, além do
rigor, sabia fazer rir.
Na literatura, à qual
se dedicou a tempo inteiro nos últimos anos, dividiu a sua obra entre a
poesia e o romance, tendo ganhado o Prémio Máximo da Literatura de 2000
com ‘O Prenúncio das Águas’ (1999). A sua vasta carreira inclui ainda a
autoria de letras de canções, muitas das quais para festivais da
canção, como ‘Amor de Água Fresca’ (1992) para Dina, ou ‘Chamar a
Música’ (1994), cantada por Sara Tavares.
Já no cinema, às ordens de João Botelho, entrou em ‘Tráfico’ (1998) ou ‘A Mulher Que Acreditava Ser Presidente dos EUA’ (2003).
O
corpo de Rosa Lobato de Faria vai estar hoje, pelas 15h00, na Igreja de
Santa Isabel, seguindo-se o funeral num cemitério de Lisboa.
REACÇÕES
"Veio
trabalhar comigo para ‘Humor de Perdição’ da RTP, com a mesma idade que
tenho hoje: 55 anos. Conquistou--nos a todos. A escrita e a família
eram as suas grandes paixões.": Herman José, Humorista
"Vai
fazer muita falta. Era uma excelente escritora. Colaborou comigo muitos
anos como professora universitária. Quando trabalhava, trabalhava
mesmo. Era fascinante.": Tózé Martinho, Actor e argumentista
"É
muito complicado, muito difícil pensar que morreu, porque era uma
pessoa alegre e gostei imenso de trabalhar com ela. Tem dois ou três
romances muito bons e a poesia.": Alice Vieira, Escritora