O
Finanças: Governador admite que Portugal vai divergir da União Europeia
Subida de impostos em 2011
O
governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, defendeu ontem que a
subida de impostos é o caminho inevitável para o reequilibrar das
contas públicas.
"A redução do défice
implicará novas e difíceis medidas de contenção da despesa e, presumo
eu, o aumento de impostos indirectos nos próximos anos", sustentou o
supervisor numa conferência promovida pelo ‘Jornal de Negócios’ e pela
rádio Antena 1. Questionado sobre uma eventual actualização do IVA dos
20 para os 21%, Constâncio admitiu que esse é um "exemplo" das medidas
a adoptar no curto prazo. "Presumo que alguma coisa terá de ser feita
do lado da receita", sublinhou o governador, lembrando que "não podemos
esperar uma evolução espontânea da economia, tem que haver novas
medidas".
Vítor Constâncio assumiu ainda que "o
crescimento nos próximos anos será fraco na Europa e em Portugal
tenderá a ser ainda inferior". Para o regulador da Banca, "temos que
reduzir o défice e aumentar a taxa de poupança", além de "acelerar
reformas estruturais".
Posição semelhante foi
assumida pelo economista Silva Lopes, que sugeriu um agravamento dos
impostos já em 2011, a par do congelamento dos salários. "Já que não
pode ser para 2010, tem de ser para 2011", explicou, ressalvando que já
devia ter sido feito algo nesse sentido no Orçamento do Estado.
Confessando-se pessimista em relação ao futuro do País, Silva Lopes
destacou que "não conseguimos ajustar sem gastar menos".
O
economista traçou mesmo um cenário em que, com o PIB a crescer 1% ao
ano, a inflação a manter-se nos 1% e a despesa a manter-se,
"chegaríamos a 2013 [data em que regressam as imposições de Bruxelas]
com um défice de 8,4% e com uma dívida pública de 103%". "Mesmo que se
congele a despesa pública não conseguimos reduzir o défice", assumiu.
Silva Lopes defendeu, por isso, um pacto político de consensos e a
diminuição das reformas mais altas.
FMI PEDE BAIXA DE SALÁRIOS EM PORTUGAL
O
Fundo Monetário Internacional (FMI) já tinha aconselhado Portugal a não
aumentar os vencimentos da Função Pública, mas agora o economista-chefe
da organização vem mesmo dizer que o País vai ter de baixar salários
devido à situação das suas finanças públicas.
De
acordo com a opinião de Olivier Blanchard só salários mais baixos
permitirão recuperar competitividade, reanimar o emprego e fortalecer a
recuperação da economia.
"O restabelecimento da
competitividade pode necessitar de grandes sacrifícios, como uma
redução salarial", sustentou Olivier Blanchard em entrevista ao jornal
francês ‘Les Echos’. O economista--chefe do FMI adiantou que "devido à
crise, Portugal, Espanha e Grécia enfrentam sérias dificuldades que
implicam ajustes muito penosos, sobretudo quando a taxa de inflação é
muito baixa".
"MEDIDA SERIA NEGATIVA PARA A ECONOMIA"
O
primeiro-ministro José Sócrates rejeitou ontem uma subida de impostos
por entender que a medida "seria negativa para a nossa economia".
"Vamos fazer uma consolidação orçamental baseada na redução da despesa,
não no aumento de impostos", respondeu.
Igual
postura teve o ministro da Economia, Vieira da Silva, que garantiu que
"o aumento da carga fiscal não faz parte da estratégia de curto prazo
do Governo", pois teria um "efeito contrário ao desejável". Teixeira
dos Santos garantiu que o controlo orçamental será feito "através de
cortes na despesa e não pelo aumento dos impostos".
PORMENORES
PICARDIA
Silva Lopes entrou ontem em picardia com o ex-ministro Mário Lino por causa da linha de TGV entre o Porto e Lisboa.
EMPRESAS CONCORDAM
José
António Barros, líder da AEP admite que vai ser necessário aumentar
impostos para reduzir o défice, mas admite que também é necessário
cortar na despesa.
3 ANOS DE AUSTERIDADE
Para Vítor Bento, presidente da SIBS, "temos pela frente um período de austeridade de três a quatro anos".
Finanças: Governador admite que Portugal vai divergir da União Europeia
Subida de impostos em 2011
O
governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, defendeu ontem que a
subida de impostos é o caminho inevitável para o reequilibrar das
contas públicas.
"A redução do défice
implicará novas e difíceis medidas de contenção da despesa e, presumo
eu, o aumento de impostos indirectos nos próximos anos", sustentou o
supervisor numa conferência promovida pelo ‘Jornal de Negócios’ e pela
rádio Antena 1. Questionado sobre uma eventual actualização do IVA dos
20 para os 21%, Constâncio admitiu que esse é um "exemplo" das medidas
a adoptar no curto prazo. "Presumo que alguma coisa terá de ser feita
do lado da receita", sublinhou o governador, lembrando que "não podemos
esperar uma evolução espontânea da economia, tem que haver novas
medidas".
Vítor Constâncio assumiu ainda que "o
crescimento nos próximos anos será fraco na Europa e em Portugal
tenderá a ser ainda inferior". Para o regulador da Banca, "temos que
reduzir o défice e aumentar a taxa de poupança", além de "acelerar
reformas estruturais".
Posição semelhante foi
assumida pelo economista Silva Lopes, que sugeriu um agravamento dos
impostos já em 2011, a par do congelamento dos salários. "Já que não
pode ser para 2010, tem de ser para 2011", explicou, ressalvando que já
devia ter sido feito algo nesse sentido no Orçamento do Estado.
Confessando-se pessimista em relação ao futuro do País, Silva Lopes
destacou que "não conseguimos ajustar sem gastar menos".
O
economista traçou mesmo um cenário em que, com o PIB a crescer 1% ao
ano, a inflação a manter-se nos 1% e a despesa a manter-se,
"chegaríamos a 2013 [data em que regressam as imposições de Bruxelas]
com um défice de 8,4% e com uma dívida pública de 103%". "Mesmo que se
congele a despesa pública não conseguimos reduzir o défice", assumiu.
Silva Lopes defendeu, por isso, um pacto político de consensos e a
diminuição das reformas mais altas.
FMI PEDE BAIXA DE SALÁRIOS EM PORTUGAL
O
Fundo Monetário Internacional (FMI) já tinha aconselhado Portugal a não
aumentar os vencimentos da Função Pública, mas agora o economista-chefe
da organização vem mesmo dizer que o País vai ter de baixar salários
devido à situação das suas finanças públicas.
De
acordo com a opinião de Olivier Blanchard só salários mais baixos
permitirão recuperar competitividade, reanimar o emprego e fortalecer a
recuperação da economia.
"O restabelecimento da
competitividade pode necessitar de grandes sacrifícios, como uma
redução salarial", sustentou Olivier Blanchard em entrevista ao jornal
francês ‘Les Echos’. O economista--chefe do FMI adiantou que "devido à
crise, Portugal, Espanha e Grécia enfrentam sérias dificuldades que
implicam ajustes muito penosos, sobretudo quando a taxa de inflação é
muito baixa".
"MEDIDA SERIA NEGATIVA PARA A ECONOMIA"
O
primeiro-ministro José Sócrates rejeitou ontem uma subida de impostos
por entender que a medida "seria negativa para a nossa economia".
"Vamos fazer uma consolidação orçamental baseada na redução da despesa,
não no aumento de impostos", respondeu.
Igual
postura teve o ministro da Economia, Vieira da Silva, que garantiu que
"o aumento da carga fiscal não faz parte da estratégia de curto prazo
do Governo", pois teria um "efeito contrário ao desejável". Teixeira
dos Santos garantiu que o controlo orçamental será feito "através de
cortes na despesa e não pelo aumento dos impostos".
PORMENORES
PICARDIA
Silva Lopes entrou ontem em picardia com o ex-ministro Mário Lino por causa da linha de TGV entre o Porto e Lisboa.
EMPRESAS CONCORDAM
José
António Barros, líder da AEP admite que vai ser necessário aumentar
impostos para reduzir o défice, mas admite que também é necessário
cortar na despesa.
3 ANOS DE AUSTERIDADE
Para Vítor Bento, presidente da SIBS, "temos pela frente um período de austeridade de três a quatro anos".