O marselhês é como o português: se há festa, mesmo que não seja a
dele, ele fá-la. É que o Saint Patrick's Day irlandês
(17 de Março, anteontem) também se celebra em Marselha -
pasme-se - e com tudo aquilo a que uma festarola dessas tem direito:
barretes com trevos pendurados, cerveja a rodos e gente aos caídos na
rua. E canções, claro, como a "99 bottles of beer on the wall" com
sotaque francês.
- Ele disse 98, mas são 99...
- Já são 99?
- Sim, sim...
Não são cervejas, mas golos. Baixinho, na conferência de imprensa, Jesus
e um responsável do clube discutiam o número de golos que o Benfica
levava na época - admitia-se a confusão, pelo número que é gordo. A
verdade, verdadinha, é que o Benfica arrancou para Marselha
a dois remates do centésimo, alcançado pela última vez em 1992/93,
quando Rui Águas fez o quinto no 5-2 ao Boavista na final da Taça de
Portugal.
Hoje, para ultrapassar os marselheses, o Benfica teria chegar pelo
menos ao 99.º para virar a eliminatória (1-1, na primeira mão). E podia
tê-lo conseguido na primeira parte: tivesse Skomina
assinalado o penálti sobre Ramires, dando de barato
que, desta, Cardozo acertava; tivesse o remate do
paraguaio instantes depois batido nas redes em vez de no poste esquerdo;
tivesse Di María feito melhor na cara
de Mandanda. Dito desta forma dá a ideia de que o
Benfica era superior. E era, aqui, ali, acolá, em todo o lado, com David
Luiz a fintar o que lhe aparecia ali; com Javi e
Martins, lado a lado, de olho no notável Lucho e em quem por ali andasse
a construir jogo; e Di María e Ramires nas alas, em rotação, a deixar
em palpos de aranha quem lhes aparecesse pela frente.
Jesus dissera ter percebido onde errara no jogo da Luz e corrigiu a
tal "estratégia" de que tanto fala para lograr um acordo nem sempre
fácil: controlar um adversário que se lhe equivale e atacá-lo de frente
sem comprometer as costas. Porque quatro (Di María, Javi, Martins e
Ramires) são, e serão sempre, mais do que três (Cissé, Lucho e Cheyrou),
as contas do meio-campo tinham saldo positivo. Mas faltava que o quase
se transformasse em tudo: o golo.
OS NERVOS À FLOR DA PELE
A segunda parte começou
com um susto: David Luiz caiu de cabeça. E perdeu o tino. Um, dois
erros a acusar confiança a mais deixaram que o Marselha ganhasse a que
tinha menos. Isso, e algumas decisões de Skomina que deixaram Di María
amarelado de raiva, fazendo ouvidos de mercador aos avisos de Javi
e Luisão. Refeito do alvoroço que durou 20', o Benfica
voltou a tomar conta do recado. E então sucederam-se as bolas na área
de Mandanda que Saviola foi desperdiçando sem razão
aparente e Luisão com toda a razão do lado dele: não é
avançado e fez um belo charuto aos 66'.
Mas nem quando Júlio César deu uma
charutada proibida na área para que Brandão e Niang cozinhassem o golo, o
Benfica tremeu: Maxi, o Super-Maxi,
fez o segundo golo ao Marselha e deixou tudo em pé de igualdade e Nuno
Gomes à beira da loucura - a ver o jogo na bancada, o capitão gritou,
esperneou e gritou outra vez para francês ouvir: "Vamos embora!!!" A voz
do homem não chegou lá abaixo e Cardozo e Di
María falharam coisas incríveis, só com o guarda-redes
pela frente. Ouviu-o Kardec, o tal que pediu
ajuda para o irmão em redes sociais, e ficará para a história
do Benfica por dois motivos: o herói de Marselha e o senhor golo
n.º 100. E fica com duas historietas para contar no Twitter
dele: em 100 caracteres, apostamos nós.
dele, ele fá-la. É que o Saint Patrick's Day irlandês
(17 de Março, anteontem) também se celebra em Marselha -
pasme-se - e com tudo aquilo a que uma festarola dessas tem direito:
barretes com trevos pendurados, cerveja a rodos e gente aos caídos na
rua. E canções, claro, como a "99 bottles of beer on the wall" com
sotaque francês.
- Ele disse 98, mas são 99...
- Já são 99?
- Sim, sim...
Não são cervejas, mas golos. Baixinho, na conferência de imprensa, Jesus
e um responsável do clube discutiam o número de golos que o Benfica
levava na época - admitia-se a confusão, pelo número que é gordo. A
verdade, verdadinha, é que o Benfica arrancou para Marselha
a dois remates do centésimo, alcançado pela última vez em 1992/93,
quando Rui Águas fez o quinto no 5-2 ao Boavista na final da Taça de
Portugal.
Hoje, para ultrapassar os marselheses, o Benfica teria chegar pelo
menos ao 99.º para virar a eliminatória (1-1, na primeira mão). E podia
tê-lo conseguido na primeira parte: tivesse Skomina
assinalado o penálti sobre Ramires, dando de barato
que, desta, Cardozo acertava; tivesse o remate do
paraguaio instantes depois batido nas redes em vez de no poste esquerdo;
tivesse Di María feito melhor na cara
de Mandanda. Dito desta forma dá a ideia de que o
Benfica era superior. E era, aqui, ali, acolá, em todo o lado, com David
Luiz a fintar o que lhe aparecia ali; com Javi e
Martins, lado a lado, de olho no notável Lucho e em quem por ali andasse
a construir jogo; e Di María e Ramires nas alas, em rotação, a deixar
em palpos de aranha quem lhes aparecesse pela frente.
Jesus dissera ter percebido onde errara no jogo da Luz e corrigiu a
tal "estratégia" de que tanto fala para lograr um acordo nem sempre
fácil: controlar um adversário que se lhe equivale e atacá-lo de frente
sem comprometer as costas. Porque quatro (Di María, Javi, Martins e
Ramires) são, e serão sempre, mais do que três (Cissé, Lucho e Cheyrou),
as contas do meio-campo tinham saldo positivo. Mas faltava que o quase
se transformasse em tudo: o golo.
OS NERVOS À FLOR DA PELE
A segunda parte começou
com um susto: David Luiz caiu de cabeça. E perdeu o tino. Um, dois
erros a acusar confiança a mais deixaram que o Marselha ganhasse a que
tinha menos. Isso, e algumas decisões de Skomina que deixaram Di María
amarelado de raiva, fazendo ouvidos de mercador aos avisos de Javi
e Luisão. Refeito do alvoroço que durou 20', o Benfica
voltou a tomar conta do recado. E então sucederam-se as bolas na área
de Mandanda que Saviola foi desperdiçando sem razão
aparente e Luisão com toda a razão do lado dele: não é
avançado e fez um belo charuto aos 66'.
Mas nem quando Júlio César deu uma
charutada proibida na área para que Brandão e Niang cozinhassem o golo, o
Benfica tremeu: Maxi, o Super-Maxi,
fez o segundo golo ao Marselha e deixou tudo em pé de igualdade e Nuno
Gomes à beira da loucura - a ver o jogo na bancada, o capitão gritou,
esperneou e gritou outra vez para francês ouvir: "Vamos embora!!!" A voz
do homem não chegou lá abaixo e Cardozo e Di
María falharam coisas incríveis, só com o guarda-redes
pela frente. Ouviu-o Kardec, o tal que pediu
ajuda para o irmão em redes sociais, e ficará para a história
do Benfica por dois motivos: o herói de Marselha e o senhor golo
n.º 100. E fica com duas historietas para contar no Twitter
dele: em 100 caracteres, apostamos nós.