FC Porto: já não há pasta que salve os dentes de Jesualdo

"Ganhar é como escovar os dentes", afirmou o treinador em 2007. Três
anos depois os hábitos dentários mudaram.
Acho muito difícil estar no FC Porto e ganhar não ser a
nova escova de dentes. Ganhar é como escovar os dentes neste clube. É
um hábito. E é um hábito muito grande porque eu escovo os dentes três
vezes por dia. Por isso já podem ver a pasta de dentes que eu gasto." Em
Agosto de 2007 Jesualdo Ferreira vivia um grande
momento da carreira após a conquista do primeiro campeonato.

Quase
três anos depois a tendência gastadora de Jesualdo
chegou ao fim. A pasta até teve tripla acção (foi o único treinador na
história do FC Porto a vencer três campeonatos
consecutivos), mas chegou, de facto, ao fim. À humilhação de Inglaterra
na Liga dos Campeões com o Arsenal
(0-5), juntaram-se as derrotas pesadas contra Sporting e
Benfica, que ditaram o adeus ao campeonato e à Taça
da Liga.

A Taça de Portugal é a única
competição que ainda está ao alcance do FC Porto, mas
há muito que a tolerância dos adeptos portistas, e até de Pinto
da Costa, acabou. Aos poucos os hábitos dentários de Jesualdo
estão a mudar e, voltando a 2007, até o técnico sabe o que isso
significa: "Todos sabem que perder no FC Porto é muito
diferente de perder num outro clube qualquer. Todos sabem que ganhar é
apenas o que têm de fazer, enquanto perder é uma coisa muito diferente
de apenas perder. A coisa que mais detesto num jogador é que desista.
Não pode estar no FC Porto."

Se na altura Jesualdo
não suportava jogadores que desistissem, agora parece ser ele a
desistir dos jogadores. Belluschi foi uma aposta forte
mas nunca caiu nas graças do treinador, Valeri jogou
muito pouco e Prediger é um nome que nem sequer chega a
constar nas convocatórias. As bicadas ao rival Benfica,
com as contratações de Alvaro Pereira e Falcao,
até tiveram sucesso, mas é o Benfica que ameaça
terminar a época com um sorriso brilhante.

O ciclo de Jesualdo
terminou, mas a saída pode custar caro, já que o técnico tem mais um
ano de contrato e poderá exigir um milhão de euros. A lista de
sucessores já existe e Pinto da Costa terá de assumir a
responsabilidade: nomes consensuais como Domingos ou Jorge
Costa, arriscar Paulo Bento ou pagar ao Sporting
para quebrar o acordo com Villas-Boas. Tudo em prol de
um novo ciclo. Com dentes saudáveis.