Há 45 anos este jogo não foi para o título mas fez os títulos dos
jornais, porque o extremo jogou 45 minutos sob prisão!
Ao telefone, José Augusto é efusivo a
contar qualquer história, seja do Barreirense, do Benfica
ou da selecção, os seus três clubes da carreira. Ao
vivo, o extremo-direito - certa vez
catalogado como Garrincha português por um jornalista
francês do "L'Équipe" (Gabriel Hanot,
que criou a Taça dos Campeões Europeus) - é um
espectáculo de movimento que só visto.
Quando o i o aborda
sobre um determinado jogo entre Benfica e Sp. Braga, em 1965,
José Augusto olha para o horizonte, encostado à porta do seu carro,
ri-se e começa a contar a história no meio da rua, a correr de um lado
para o outro, na tentativa (bem-sucedida e engraçada) de explicar o que
se passou naquele 28 de Março de 1965.
O Benfica
era o bicampeão nacional e perseguia o
primeiro tri da história, o que acabou por conseguir, sob o
comando do romeno Elek Schwartz, antigo
seleccionador da Holanda,
e com seis pontos de avanço sobre o FC Porto,
segundo classificado, e 11 sobre o Sporting, quinto.
Para tal, ganhou 19 dos 26 jogos, um deles em Braga, onde José
Augusto e Coluna jogaram toda a segunda parte
sob prisão, por ordem do chefe de polícia no Estádio 28 de
Maio, em Braga, que transpirava Benfica por todos os lados. "Sempre foi
uma cidade de benfiquistas, parecíamos que estávamos em casa, mas agora
já não é bem assim, embora o Benfica ainda domine a massa associativa
daquela zona", acrescenta José Augusto, antes de atacar a história
propriamente dita.
O resultado, que neste caso é o que menos
interessa, foi 2-1 para o Benfica, com golos de António Teixeira (9'),
Coluna (31') e Eusébio (35', de grande penalidade). Ou seja, ao
intervalo, já estava fixado o marcador e com um penálti. Mas não aquele
que motivou toda a polémica. Esse chegou antes, antes até do 1-1 do
capitão Coluna. Foi José Augusto quem se esgueirou pela direita, no seu
estilo habitual. "Fui rasteirado ali junto à linha de fundo. Caí, como é
óbvio, e o árbitro nada, mandou seguir", conta José Augusto, enquanto
faz caretas, esbraceja e finge que se atira para o chão.
"Eis
senão quando, o polícia, um polícia qualquer de Braga, daqueles que
costumavam estar atrás da baliza, me manda levantar com maus modos,
acusando-me de me fazer ao penálti, para ver se me picava. Eu
levantei-me e respondi-lhe na mesma moeda. Enfim, trocámos ali uns
palavrões, até que ele me disse que me prendia. Bem, eu sorri e
disse-lhe para pensar melhor, se não era ele que seria preso. Então se
aquilo era só um penálti e eu era impedido do Ministério da Defesa, ou
seja militar, não me preocupei minimamente e continuei a jogar."
Quando
o árbitro Marques da
Silva, do Funchal, apita para o intervalo, "o
tal polícia, acompanhado pelo seu chefe, pega-me por um braço e diz-me
que estou preso. O Coluna meteu-se no meio dessa
discussão e também ficou preso, por assim dizer. Houve logo uma
grande confusão, que isto dos túneis não nasceu agora. Já em
1965 era assim. E pronto, jogámos a segunda parte sob prisão.
Mal terminou o jogo, o polícia nem sequer se aproximou de mim. Sabe quem
é que ficou uma noite em Braga e no dia seguinte foi responder em
tribunal a outros incidentes no túnel? O Cavém. Só veio para Lisboa no
dia seguinte."
jornais, porque o extremo jogou 45 minutos sob prisão!
Ao telefone, José Augusto é efusivo a
contar qualquer história, seja do Barreirense, do Benfica
ou da selecção, os seus três clubes da carreira. Ao
vivo, o extremo-direito - certa vez
catalogado como Garrincha português por um jornalista
francês do "L'Équipe" (Gabriel Hanot,
que criou a Taça dos Campeões Europeus) - é um
espectáculo de movimento que só visto.
Quando o i o aborda
sobre um determinado jogo entre Benfica e Sp. Braga, em 1965,
José Augusto olha para o horizonte, encostado à porta do seu carro,
ri-se e começa a contar a história no meio da rua, a correr de um lado
para o outro, na tentativa (bem-sucedida e engraçada) de explicar o que
se passou naquele 28 de Março de 1965.
O Benfica
era o bicampeão nacional e perseguia o
primeiro tri da história, o que acabou por conseguir, sob o
comando do romeno Elek Schwartz, antigo
seleccionador da Holanda,
e com seis pontos de avanço sobre o FC Porto,
segundo classificado, e 11 sobre o Sporting, quinto.
Para tal, ganhou 19 dos 26 jogos, um deles em Braga, onde José
Augusto e Coluna jogaram toda a segunda parte
sob prisão, por ordem do chefe de polícia no Estádio 28 de
Maio, em Braga, que transpirava Benfica por todos os lados. "Sempre foi
uma cidade de benfiquistas, parecíamos que estávamos em casa, mas agora
já não é bem assim, embora o Benfica ainda domine a massa associativa
daquela zona", acrescenta José Augusto, antes de atacar a história
propriamente dita.
O resultado, que neste caso é o que menos
interessa, foi 2-1 para o Benfica, com golos de António Teixeira (9'),
Coluna (31') e Eusébio (35', de grande penalidade). Ou seja, ao
intervalo, já estava fixado o marcador e com um penálti. Mas não aquele
que motivou toda a polémica. Esse chegou antes, antes até do 1-1 do
capitão Coluna. Foi José Augusto quem se esgueirou pela direita, no seu
estilo habitual. "Fui rasteirado ali junto à linha de fundo. Caí, como é
óbvio, e o árbitro nada, mandou seguir", conta José Augusto, enquanto
faz caretas, esbraceja e finge que se atira para o chão.
"Eis
senão quando, o polícia, um polícia qualquer de Braga, daqueles que
costumavam estar atrás da baliza, me manda levantar com maus modos,
acusando-me de me fazer ao penálti, para ver se me picava. Eu
levantei-me e respondi-lhe na mesma moeda. Enfim, trocámos ali uns
palavrões, até que ele me disse que me prendia. Bem, eu sorri e
disse-lhe para pensar melhor, se não era ele que seria preso. Então se
aquilo era só um penálti e eu era impedido do Ministério da Defesa, ou
seja militar, não me preocupei minimamente e continuei a jogar."
Quando
o árbitro Marques da
Silva, do Funchal, apita para o intervalo, "o
tal polícia, acompanhado pelo seu chefe, pega-me por um braço e diz-me
que estou preso. O Coluna meteu-se no meio dessa
discussão e também ficou preso, por assim dizer. Houve logo uma
grande confusão, que isto dos túneis não nasceu agora. Já em
1965 era assim. E pronto, jogámos a segunda parte sob prisão.
Mal terminou o jogo, o polícia nem sequer se aproximou de mim. Sabe quem
é que ficou uma noite em Braga e no dia seguinte foi responder em
tribunal a outros incidentes no túnel? O Cavém. Só veio para Lisboa no
dia seguinte."