Em Raiva, Castelo de Paiva, 51 operárias rejubilaram com a chegada de um
novo patrão disposto a salvar a fábrica da falência. Ali ao lado, em
Oliveira do Arda, 160 trabalhadores de duas fábricas do grupo
Investvar/Aerosoles desesperavam à porta do desemprego.
Ontem de manhã, o contraste
entre o estado de espírito dos trabalhadores era bem superior à
distância que separa as fábricas. Em Castelo de Paiva, o desemprego
continua a preocupar. Mas na "Outras Matérias -Indústria de Calçado"
renasceu a esperança. A insolvência da empresa foi pedida no
passado dia 3 de Março. As operárias montaram uma tenda junto à fábrica e
passaram noites ao relento evitando que levassem o equipamento.
Acreditaram que se as máquinas não fossem retiradas haveria de aparecer
novo patrão. Ontem de manhã, as trabalhadoras foram convocadas para uma
reunião junto à fábrica e conhecerem o novo patrão, empresário do
sector: Carlos Queirós, administrador da empresa Catalã, de Oliveira de
Azeméis.Alexandre Lopes, encarregado há 20 anos, não tem dúvidas:
"Valeu a pena lutar pelos postos de trabalho. Agora é hora de arregaçar
as mangas".Ontem, por volta das 9.30 horas, chegaram o novo
patrão, o administrador de insolvência, o advogado do empresário e dos
trabalhadores e o presidente da Câmara de Castelo de Paiva, Gonçalo
Rocha. A comitiva, depois de falar com as mulheres, entrou na fábrica.
Um cheio a mofo denunciava o tempo de paralisação, mas as máquinas
alinhadas - e ainda com modelos de sapatos espalhados pelas bancas -
atestavam que só o patrão desapareceu.Carlos Queirós entregou um
cheque de 60 500 euros ao administrador da massa falida e resgatou a
maquinaria apreendida por ordem do tribunal. O empresário garante que
dentro de 15 dias estará tudo a postos para trabalhar. A empresa vai
adoptar o nome de "O.Q. Indústria de Calçado, Lda"."O
investimento inicial era para ser zero, na medida em que nos
comprometemos a admitir o pessoal na sua totalidade. Depois, como o
pessoal vai receber dinheiro do fundo de garantia, houve operários que
queriam entrar com esse dinheiro para salvar a fábrica. Achei uma
atitude muito nobre, por parte dos trabalhadores, mas não achámos justo
sacrificar mais o pessoal. Era uma imoralidade", explicou o empresário."Este
é um momento de grande felicidade, sobretudo por recuperar uma fábrica
que emprega este número de trabalhadores. É o momento mais alto do meu
curto mandato", desabafou o autarca Gonçalo Rocha.A felicidade
destas operárias contrastava com a tristeza das 115 trabalhadoras da
Glovar e dos 58 operários da Ilpe Ibérica, empresas do grupo
Investvar/Aerosoles, paralisadas ou a trabalhar a meio- gás. Uma delas
está em lay-off.À porta da Glovar, dezenas de mulheres lamentavam
a situação. Apesar de terem os salários em dia, falta receber prémios
de assiduidade e retomar a laboração normal. "Tememos pela falência da
empresa, inaugurada há 11 anos", afirmou Jacinta Rocha. Com 10 anos de
casa, a operária está desde Janeiro em lay-off e nunca mais regressou ao
posto de trabalho: "Não tenho esperança. Há um ano fui chamada para
fazer acordo, mas não aceitei".Em pior situação estão os 59
colegas da Ilpe Ibérica, em Pedorido, que já não receberam o mês de
Março e temem não receber o salário de Abril. António Rodrigues,
vice-presidente da Câmara, lembrou que a fábrica Glovar foi construída e
começou a laborar com fundos comunitários e camarários.
novo patrão disposto a salvar a fábrica da falência. Ali ao lado, em
Oliveira do Arda, 160 trabalhadores de duas fábricas do grupo
Investvar/Aerosoles desesperavam à porta do desemprego.
Carlos Queirós é o rosto da esperança para as 51 funcionárias de empresa que estava em risco de fechar |
Ontem de manhã, o contraste
entre o estado de espírito dos trabalhadores era bem superior à
distância que separa as fábricas. Em Castelo de Paiva, o desemprego
continua a preocupar. Mas na "Outras Matérias -Indústria de Calçado"
renasceu a esperança. A insolvência da empresa foi pedida no
passado dia 3 de Março. As operárias montaram uma tenda junto à fábrica e
passaram noites ao relento evitando que levassem o equipamento.
Acreditaram que se as máquinas não fossem retiradas haveria de aparecer
novo patrão. Ontem de manhã, as trabalhadoras foram convocadas para uma
reunião junto à fábrica e conhecerem o novo patrão, empresário do
sector: Carlos Queirós, administrador da empresa Catalã, de Oliveira de
Azeméis.Alexandre Lopes, encarregado há 20 anos, não tem dúvidas:
"Valeu a pena lutar pelos postos de trabalho. Agora é hora de arregaçar
as mangas".Ontem, por volta das 9.30 horas, chegaram o novo
patrão, o administrador de insolvência, o advogado do empresário e dos
trabalhadores e o presidente da Câmara de Castelo de Paiva, Gonçalo
Rocha. A comitiva, depois de falar com as mulheres, entrou na fábrica.
Um cheio a mofo denunciava o tempo de paralisação, mas as máquinas
alinhadas - e ainda com modelos de sapatos espalhados pelas bancas -
atestavam que só o patrão desapareceu.Carlos Queirós entregou um
cheque de 60 500 euros ao administrador da massa falida e resgatou a
maquinaria apreendida por ordem do tribunal. O empresário garante que
dentro de 15 dias estará tudo a postos para trabalhar. A empresa vai
adoptar o nome de "O.Q. Indústria de Calçado, Lda"."O
investimento inicial era para ser zero, na medida em que nos
comprometemos a admitir o pessoal na sua totalidade. Depois, como o
pessoal vai receber dinheiro do fundo de garantia, houve operários que
queriam entrar com esse dinheiro para salvar a fábrica. Achei uma
atitude muito nobre, por parte dos trabalhadores, mas não achámos justo
sacrificar mais o pessoal. Era uma imoralidade", explicou o empresário."Este
é um momento de grande felicidade, sobretudo por recuperar uma fábrica
que emprega este número de trabalhadores. É o momento mais alto do meu
curto mandato", desabafou o autarca Gonçalo Rocha.A felicidade
destas operárias contrastava com a tristeza das 115 trabalhadoras da
Glovar e dos 58 operários da Ilpe Ibérica, empresas do grupo
Investvar/Aerosoles, paralisadas ou a trabalhar a meio- gás. Uma delas
está em lay-off.À porta da Glovar, dezenas de mulheres lamentavam
a situação. Apesar de terem os salários em dia, falta receber prémios
de assiduidade e retomar a laboração normal. "Tememos pela falência da
empresa, inaugurada há 11 anos", afirmou Jacinta Rocha. Com 10 anos de
casa, a operária está desde Janeiro em lay-off e nunca mais regressou ao
posto de trabalho: "Não tenho esperança. Há um ano fui chamada para
fazer acordo, mas não aceitei".Em pior situação estão os 59
colegas da Ilpe Ibérica, em Pedorido, que já não receberam o mês de
Março e temem não receber o salário de Abril. António Rodrigues,
vice-presidente da Câmara, lembrou que a fábrica Glovar foi construída e
começou a laborar com fundos comunitários e camarários.