SAD propôs um milhão de euros pelo título, alguns jogadores queriam
ganhar em função dos jogos realizados, mas o treinador falou e disse:
todos enchem a barriga
No milagre da multiplicação, Jesus alimentou cinco mil pessoas a partir
de cinco pães e dois peixes; partiu-os e repartiu-os, no final mandou os
discípulos recolherem as sobras e ainda se encheram 12 cestos com
pedaços de pão e de peixe. Saímos da Bíblia e passamos para o Benfica.
No milagre da divisão, Jorge Jesus conseguiu convencer os jogadores de
que o prémio de campeão é para dividir de igual forma por toda a gente. A
diferença é que não haverá sobras.
O i sabe que a SAD do
Benfica começou por oferecer ao plantel encarnado um bolo de um milhão
de euros, a repartir pelos 27 jogadores do plantel. A verba foi
considerada modesta pelos futebolistas; além disso, alguns ainda
sugeriram que o dinheiro devia ser distribuído em função do número de
jogos realizados, ou seja, quem teve mais presenças na equipa ao longo
do campeonato ganharia mais. Foi aí que Jesus apareceu e disse que todos
deveriam encher a barriga da mesma forma, isto é, cerca de 40 mil euros
para cada um, eventualmente uns 50 mil, caso a SAD aceda às exigências e
aceite esticar a verba oferecida.
Não havia qualquer prémio de campeão contratado (excepto para o treinador) mas
assim se promove a paz num balneário onde os equilíbrios funcionam
sempre em função das vitórias e da ausência de tratamentos
preferenciais. E quando a história envolve dinheiro, o ideal é tratá-la
com pinças. Os contratos no plantel do Benfica já mostram grandes
diferenças de ordenado - num extremo, Aimar ganha 2 milhões de euros por
ano, Luisão 1,5, Cardozo 1,2; no outro, Ruben Amorim ou Fábio Coentrão
sonham chegar a metade disso - e, depois, os prémios por vitórias ou
golos marcados também acentuam diferenças para os menos convocados ou
que raramente marcam. Jorge Jesus terá entendido que não faz sentido
cavar mais o fosso.
TREINADOR DOBRA O ORDENADO O
caso muda de figura quando se trata do treinador. Não é novidade, o
terceiro português capaz de levar o Benfica ao título, depois de Mário
Wilson e Toni, tem uma cláusula no contrato que lhe garante 500 mil
euros para a conquista do campeonato. Aqui, Jesus consegue o milagre da
multiplicação do próprio ordenado - é que ele ganhava apenas 500 mil
euros por ano; e quando escrevemos "apenas" é porque se trata do
treinador mais barato que o clube teve nos últimos anos, especialmente
depois de Luís Filipe Vieira e Rui Costa terem gasto 1,5 milhões de
euros para pagar um ano de Quique Flores (e mais 1,5 milhões para o
despedirem antes da segunda época de contrato). Jose Antonio Camacho
ganhava lá perto, Ronald Koeman e Trapattoni andavam à volta de um
milhão, Fernando Santos é que se aproximava de Jesus - 800 mil euros.
Voltando
ao prémio dos jogadores: para os futebolistas mais bem pagos do
Benfica, 40 ou 50 mil euros nem sequer chegam a um salário mensal. Mas
compare-se a realidade portuguesa com o exemplo extremo do Real Madrid -
em Fevereiro, quando os merengues ainda sonhavam ganhar o campeonato e a
Liga dos Campeões, a direcção de Florentino Pérez anunciou que cada
elemento do plantel ganharia um milhão de euros em caso de conquista dos
dois troféus. A Champions já lá vai (eliminados pelo Lyon) e agora
resta a Liga entretanto dominada pelo Barcelona. Se os catalães
escorregarem na última jornada, no próximo fim-de-semana, Cristiano
Ronaldo ainda leva de bónus 350 mil euros.
É por estas e por
outras que um jogador como David Luiz tanto afirma que continua no
Benfica como depois deixa a dúvida no ar. Se por cá ganha bom dinheiro,
lá fora os euros são para cima de um disparate.
ganhar em função dos jogos realizados, mas o treinador falou e disse:
todos enchem a barriga
No milagre da multiplicação, Jesus alimentou cinco mil pessoas a partir
de cinco pães e dois peixes; partiu-os e repartiu-os, no final mandou os
discípulos recolherem as sobras e ainda se encheram 12 cestos com
pedaços de pão e de peixe. Saímos da Bíblia e passamos para o Benfica.
No milagre da divisão, Jorge Jesus conseguiu convencer os jogadores de
que o prémio de campeão é para dividir de igual forma por toda a gente. A
diferença é que não haverá sobras.
O i sabe que a SAD do
Benfica começou por oferecer ao plantel encarnado um bolo de um milhão
de euros, a repartir pelos 27 jogadores do plantel. A verba foi
considerada modesta pelos futebolistas; além disso, alguns ainda
sugeriram que o dinheiro devia ser distribuído em função do número de
jogos realizados, ou seja, quem teve mais presenças na equipa ao longo
do campeonato ganharia mais. Foi aí que Jesus apareceu e disse que todos
deveriam encher a barriga da mesma forma, isto é, cerca de 40 mil euros
para cada um, eventualmente uns 50 mil, caso a SAD aceda às exigências e
aceite esticar a verba oferecida.
Não havia qualquer prémio de campeão contratado (excepto para o treinador) mas
assim se promove a paz num balneário onde os equilíbrios funcionam
sempre em função das vitórias e da ausência de tratamentos
preferenciais. E quando a história envolve dinheiro, o ideal é tratá-la
com pinças. Os contratos no plantel do Benfica já mostram grandes
diferenças de ordenado - num extremo, Aimar ganha 2 milhões de euros por
ano, Luisão 1,5, Cardozo 1,2; no outro, Ruben Amorim ou Fábio Coentrão
sonham chegar a metade disso - e, depois, os prémios por vitórias ou
golos marcados também acentuam diferenças para os menos convocados ou
que raramente marcam. Jorge Jesus terá entendido que não faz sentido
cavar mais o fosso.
TREINADOR DOBRA O ORDENADO O
caso muda de figura quando se trata do treinador. Não é novidade, o
terceiro português capaz de levar o Benfica ao título, depois de Mário
Wilson e Toni, tem uma cláusula no contrato que lhe garante 500 mil
euros para a conquista do campeonato. Aqui, Jesus consegue o milagre da
multiplicação do próprio ordenado - é que ele ganhava apenas 500 mil
euros por ano; e quando escrevemos "apenas" é porque se trata do
treinador mais barato que o clube teve nos últimos anos, especialmente
depois de Luís Filipe Vieira e Rui Costa terem gasto 1,5 milhões de
euros para pagar um ano de Quique Flores (e mais 1,5 milhões para o
despedirem antes da segunda época de contrato). Jose Antonio Camacho
ganhava lá perto, Ronald Koeman e Trapattoni andavam à volta de um
milhão, Fernando Santos é que se aproximava de Jesus - 800 mil euros.
Voltando
ao prémio dos jogadores: para os futebolistas mais bem pagos do
Benfica, 40 ou 50 mil euros nem sequer chegam a um salário mensal. Mas
compare-se a realidade portuguesa com o exemplo extremo do Real Madrid -
em Fevereiro, quando os merengues ainda sonhavam ganhar o campeonato e a
Liga dos Campeões, a direcção de Florentino Pérez anunciou que cada
elemento do plantel ganharia um milhão de euros em caso de conquista dos
dois troféus. A Champions já lá vai (eliminados pelo Lyon) e agora
resta a Liga entretanto dominada pelo Barcelona. Se os catalães
escorregarem na última jornada, no próximo fim-de-semana, Cristiano
Ronaldo ainda leva de bónus 350 mil euros.
É por estas e por
outras que um jogador como David Luiz tanto afirma que continua no
Benfica como depois deixa a dúvida no ar. Se por cá ganha bom dinheiro,
lá fora os euros são para cima de um disparate.