Governo e Federação deram ordem para deixar Angola numa decisão que
representa machadada na organização da prova. Perante este quadro, o
Grupo B ficará reduzido a três selecções: Costa do Marfim, Burkina Faso
e Gana.
LUANDA - Embora a meio da tarde de ontem se admitisse
o contrário, a selecção do Togo recebeu ordem para deixar Angola. «Os
jogadores estão em choque. O governo decidiu, por isso, mandar
regressar a equipa. Depois deste drama não podemos participar nesta
prova», declarou o porta--voz do governo, Pascal Bodjona, anunciando
que a federação mandou retirar a selecção. «Vamos embora no domingo
[hoje] de manhã. Só ainda não sabemos a que horas», declarou o
selecionador, Hubert Velud, citado pela AFP.
«Eles vão-se
embora», disse a A BOLA Paulo Duarte, seleccionador do Burkina Faso,
confirmando que as autoridades angolanas estiveram em Cabinda para
tranquilizar as selecções ali instaladas.
Parece, assim, ter
sido infrutífero o encontro do primeiro-ministro angolano, Paulo
Kassoma, com emissários do governo togolês, para apresentar
condolências e garantir segurança.
A decisão do Togo
representa forte machadada na organização do CAN-2010. Em princípio, o
Grupo B fica reduzido a três selecções: Costa do Marfim, Burkina Faso e
Gana.
O guarda-redes Kodjovi Obilalé, um dos feridos, foi
transportado para um hospital de Joanesburgo e terá sido operado esta
madrugada. «O jogador está consciente. O seu estado é estável, apesar
dos graves ferimentos de bala na parte inferior das costas e no
abdómen», informou o responsável clínico, Richard Friedland. O defesa
Serge Akakpo continua a recuperar dos ferimentos, não sendo possível
adiantar o estado em que se encontra.
CAF à espera do pedido formal
Ontem,
ao fim da noite, a Confederação Africana de Futebol (CAF) fez saber que
ainda não tinha recebido qualquer pedido oficial da federação do Togo
para abandonar o CAN.
«Se optarem por deixar a competição,
compreenderemos a vossa decisão e aceitá-la-emos», disse o presidente
da CAF, Issa Hayatou, aos jogadores, num encontro em Cabinda, deixando
entender que a federação não será punida, se essa for a decisão.
«É
uma escolha difícil, individual e colectiva. A vós compete decidir e só
a vós. Se optarem por ficar connosco, ajudar-vos-emos a a suplantar a
vossa dor», prometeu Issa Hayatou.
O governo do Togo decretou três dias de luto nacional a partir de segunda-feira.