Exibição agradável do Benfica no estádio dos Arcos, muito
mais decidida e inequívoca do que a exibição rubricada no início do mês
a contar para o campeonato. Jorge Jesus, com uma semana de descanso
pela frente, colocou a equipa mais utilizada de início, com apenas duas
excepções: Ramires (substituído por Carlos Martins) e César Peixoto
(rendido por Fábio Coentrão). Além disso, o Benfica encarou o jogo com
seriedade, contrariamente à generalidade das partidas já jogadas para a
Taça da Liga, competição cuja importância continua a ser bastante
relativa.
Apesar de estar em campo a versão teoricamente mais
forte do Benfica 2009/10, os primeiros minutos foram de domínio
vilacondense, com a equipa da casa a aproveitar algum desacerto
posicional do Benfica para tentar causar estragos, e por em sentido o
Benfica. Felizmente nada resultou dessa pressão inicial, e o Benfica
passados dez minutos equilibrou e tomou até conta do jogo.
Essencialmente porque Saviola recuou para fazer de número 10 (onde tem
andado Aimar?), Martins foi saindo mais da direita (onde sem dúvida
rende menos) para aparecer mais ao centro, e os dois formaram com Javi
Garcia um trio que matou quase por completo as aspirações do Rio Ave na
partida. O Benfica passou a ter mais bola no pé, mais tempo para pensar
o jogo e para fazer correr o adversário.
O Benfica nem criou
muitas oportunidades de golo na 1ª parte, mas construiu várias jogadas
que mereciam melhor desfecho. O último passe raramente entrou, e assim
se foram perdendo boas oportunidades para desequilibrar. Em termos
ofensivos, Carlos Martins, Di Maria e Saviola mostraram-se em bom
nível, desposicionando-se constantemente e abrindo uma defesa do Rio
Ave hoje notoriamente mais desgastada, sobretudo pelas alas. Inevitável
destaque para o erro grosseiro do árbitro Cosme Machado (exibição
paupérrima hoje, de um dos mais incompetentes árbitros nacionais), ao
fazer vista grossa a uma mão claríssima de Gaspar na grande área, em
jogada criada por Oscar Cardozo. O Benfica de qualquer forma não
esmoreceu, e foi controlando a partida tendo sempre em vista as redes
de Mora.
Na 2ª parte apareceu o melhor Benfica. Novamente, como
já havia acontecido para a Liga, entrou a matar e logo aos 48 minutos
Carlos Martins abriu o activo, num excelente remate cruzado,
indefensável para Mora. E a partir daí o jogo ficou muito mais
controlado, até que Cosme Machado decidiu fazer nova estrondosa
aparição, descortinando uma grande penalidade cometida por David Luiz,
num lance em que o central brasileiro toca primeiro na bola. Para
culminar, deixou marcar o penalty com um jogador vilacondense a correr
paralelamente ao marcador do castigo, num lance quase surreal de tanta
incompetência. Empate no marcador nesta ocasião, e o Benfica obrigado a
correr atrás do prejuízo. Jesus lançou então Kardec para o lugar do
paupérrimo Aimar, e a equipa foi em busca da vitória.
Várias
oportunidades construiu o Benfica até ao final da partida, e só Di
Maria acabou por conseguir desfazer o empate aos 79 minutos, um passe
primoroso de Cardozo. O paraguaio esteve excessivamente simpático na
hora de finalizar, mas no capítulo das assistências voltou a estar em
destaque, assinando uma boa exibição. Após o 2-1, o Benfica claramente
baixou o ritmo, abdicando de buscar o terceiro golo que permitiria
jogar a meia final da Taça da Liga no Estádio da Luz. Foi pena, porque
como se viu o Benfica tinha boas possibilidades de o conseguir.
Quanto
a exibições individuais, Saviola hoje esteve mais discreto mas foi
fundamental para o domínio da posse de bola do Benfica, com a sua
habitual inteligência a procurar movimentos mais laterais e mais
recuados. Carlos Martins esteve bem, objectivo e incisivo, e soube
contornar o handicap de estar colocado teoricamente à direita. Di Maria
voltou a estar bem, mostrando novamente ser um jogador que assume
sempre os riscos do jogo ofensivo, pedindo bola e tentando criar
desequilíbrios. Exibição globalmente bastante positiva. Javi Garcia
também esteve muito bem, bloqueando por completo o meio campo ofensivo
do Rio Ave. Gostei de ver Kardec, mostrou-se pressionante, capaz de
ocupar bem os espaços, capaz de lutar e proteger a bola e de arrastar
defesas consigo. Merecia melhor sorte no lance em que consecutivamente
remata duas vezes ao poste. Quanto a exibições menos positivas,
destacaria apenas duas. Coentrão esteve menos bem do que já o vimos
fazer a defesa-esquerdo, sobretudo inseguro nos timings de entrada à
bola, onde curiosamente tinha mostrado até hoje uma apetência invulgar
para um jogador formado umas dezenas de metros mais à frente. E
Aimar... que uma vez mais passou ao lado do jogo, perdendo muitas bolas
e não causando qualquer mossa à defesa contrária. Parece estar
complicado para o argentino reencontrar o nível exibicional que já
evidenciou esta época.
O Benfica agora terá pela frente uma
deslocação a Alvalade ou ao Dragão, para tentar passar à final da
competição. Mas vamos com calma, que antes disso há três importantes
desafios para o campeonato. Jogos caseiros com Guimarães e Leiria,
seguindo-se deslocação a Setúbal, tudo na mesma semana. Três vitórias
nestes três jogos colocarão uma pressão terrível em cima dos nossos
adversários. Vamos a eles, rapaziada!