Grande noite europeia do Benfica em Marselha, conseguindo uma vitória
por 2-1 em que só os números pecam por (muito) escassos. Jesus tirou
Aimar da equipa e fez avançar Martins, manteve Ramires no onze e lançou
Coentrão para o lugar do lesionado César Peixoto. A equipa exibiu-se no
habitual 4-1-3-2, mas com nuances tácticas que o Marselha não conseguiu
contornar. Foi Carlos Martins e não Ramires quem na 1ª parte ajudou a
fechar ao meio com Javi Garcia, sempre com o brasileiro atento é certo, e
Saviola jogou mais recuado do que o costume, bloqueando o trinco do
Marselha, Cissé. O Benfica cedo mostrou ao que vinha,
tomando conta da bola desde muito cedo. A estratégia de Jesus resultou
em pleno, com Martins, Saviola e também Ramires a bloquearem o meio
campo francês, permitindo a Javi ser a habitual referência na primeira
fase de construção de jogo. Liberto, o espanhol pôde fazer o que melhor
sabe... tacticamente perfeito, distribuindo rapidamente a bola a
preceito e impedindo que o Marselha pudesse respirar na sua área de
influência. Cedo se percebeu que havia em campo um
intérprete com vontade de se exibir a grande altura. O árbitro da
partida ao minuto 20 fez vista grossa a uma falta evidente sobre Ramires
na grande área, perdoando o penalty aos franceses. Logo depois, Cardozo
atira ao poste esquerdo a baliza de Mandanda, pondo em sentido os
adversários e o seu público. Público aliás quase sempre muito silenciado
pela demonstração de classe e superioridade do Benfica. O Marselha só
de bola parada chegava à área do Benfica, pois os homens da frente da
equipa gaulesa estiveram sempre manietados pela defensiva encarnada, e
apenas Brandão pontualmente conseguia ganhar alguns lances actuando na
faixa de terreno entre Maxi e Luisão. Ainda na 1ª parte,
Di Maria desperdiça uma grande oportunidade quando sozinho frente a
Mandanda disfere um remate cruzado a partir da esquerda facilmente
defendido pelo guardião. O Benfica recolheu aos balneários com uma
grande sensação de injustiça, potenciada ainda mais pelo perdão que o
árbitro novamente deu ao Marselha não assinalando nova grande penalidade
por clara mão na bola, num lance em tudo idêntico a um que havia
sancionado a Luisão ainda nos primeiros dez minutos de jogo. A clara
dualidade de critérios em desfavor do Benfica foi uma constante, e
abrilhanta ainda mais a gigantesca exibição de gala desta noite.
Para a segunda parte Jesus apostou na mesma estratégia e nos mesmos
jogadores, e a manifesta falta de sorte e de pontaria continuou. Di
Maria e Saviola estiveram especialmente perdulários, mas sentia-se que o
Benfica continuava claramente por cima. Infelizmente o Marselha numa
das poucas situações de bola parada que teve na 2ª parte (bola corrida
então foi 0!), marcou o 1-0, frustrando imenso a exibição gloriosa do
adversário. E foi na reacção que o Benfica ganhou
definitivamente a eliminatória. Consciente de que a missão continuava a
ser igual, ter de marcar um golo pelo menos, não se amedrontou e
continuou a carregar. Foi com inteira justiça que Maxi Pereira, num
remate de ressaca a mais de 30 metros da baliza, deu o empate ao
Benfica. Entretanto Jesus havia lançado Aimar para o lugar de Saviola, e
já nos últimos minutos lançou Kardec para o lugar de Martins. A pressão
continuou mesmo após o empate, e Di Maria e Cardozo protagonizaram
alguns falhanços escandalosos que permitiriam acabar desde logo com a
eliminatória. Mas como tão épica exibição merecia um final igualmente
épico, foi preciso esperar pelo primeiro minuto de compensação para
Kardec finalizar de forma exemplar uma bola perdida na área do Marselha.
Foi a explosão total, com a vitória assegurada na recta
final de um jogo que o Benfica dominou de forma total, aniquilando
completamente o Marselha e lutando contra uma arbitragem completamente
escandalosa e que não pode ser branqueada. A atitude e a classe dos
nossos jogadores bem como a preparação de Jesus de todos os detalhes
desta partida têm de ser enaltecidos, pois juntos criaram as condições
para se assistir a uma noite europeia à Benfica. E dando a volta a um
resultado, situação inédita esta época mas que a equipa provou ser
possível! Praticamente só houve grandes exibições hoje.
Júlio César pouco teve de fazer, teve um pouco de azar no lance do golo
mas penso que nada mais havia a fazer numa situação em que a defesa foi
apanhada em contra-pé. Maxi Pereira foi enorme,
novamente. Talvez mesmo o melhor em campo. Correu, defendeu, atacou,
voltou a marcar ao Marselha... uma exibição de grande categoria e pulmão
do uruguaio, que a ficar muitos anos no Benfica se arrisca a marcar uma
era no clube. Na outra lateral Coentrão fez também um jogo tremendo.
Não deu espaço na defesa, e foi sempre um acelerador muito eficiente do
jogo ofensivo do Benfica. Está um autêntico carrilero de
categoria mundial, embora eu continue a preferir vê-lo a jogar mais
adiantado no terreno. Os centrais estiveram enormes... foi pena que
Luisão não tenha conseguido marcar um lance de golo iminente na 2ª
parte, para coroar mais uma grande exibição do patrão. Javi
Garcia fez um jogo fantástico, surgindo até algumas vezes em zonas mais
adiantadas do terreno, como num lance de insistência pela direita em
que chega a tirar o cruzamento para a área. Fisicamente muito bem,
fresco e lúcido, foi a engrenagem que fez trabalhar toda a equipa.
Ramires fez um jogo de grande leveza, não puxando a si grande
protagonismo mas foi sempre muito eficaz. Na primeira parte jogou na
meia-direita, e na segunda parte cumpriu efectivamente o papel que à
priori se antevia para ele, juntando-se mais a Javi Garcia e dando
liberdade total aos homens da frente.
Carlos Martins fez uma
exibição fantástica, saindo exausto. Muito bem no auxílio a Javi Garcia
em acções defensivas, com uma simplicidade e rapidez assinaláveis nos
processos ofensivos. Hoje por hoje, um jogador fundamental deste Benfica
de grande exuberância de Jorge Jesus. Di Maria esteve bem, rompendo a
defesa contrária e arranjando muitas oportunidades para visar a baliza
adversária. Infelizmente a sua exibição fica obviamente manchada por
desperdiçar oportunidades que, a este nível, se podem pagar caro. Terá
de rever isso. Saviola hoje não jogou tão bem, mas teve
uma acção táctica fundamental que foi encostar ao trinco Cissé, não o
deixando livre para outras tarefas em zonas mais adiantadas do terreno.
Falhou um golo feito à boca da baliza, e teve algumas boas acções de
condução da bola, mas foi sobretudo tacticamente que cumpriu. Aimar
entrou muito bem para o seu lugar, actuando sensivelmente nos mesmos
terrenos mas partindo mais de trás. Foi uma entrada de rompante,
enérgica e que desestabilizou ainda mais o meio campo francês, na altura
já muito desgastado e incapaz de travar semelhante golpe de
misericórdia. Cardozo quanto a mim também não esteve ao
nível dos colegas, perdendo algumas bolas sobretudo por ser pouco
efectivo no ataque à bola. Falhou um golo feito também, num lance de
insistência dele próprio em que consegue isolar-se, e atirou uma bola ao
poste. Ainda assim, não estando ao nível dos companheiros, uma exibição
positiva. E finalmente Kardec... entrou perto do fim, e foi a tempo de
ser o herói desta eliminatória, fazendo justiça ao jogo que os colegas
vinham fazendo já antes da sua entrada. Excelente finalização de um
miúdo que acreditou na oportunidade e nas suas capacidades.
Agora tudo é possível. Se o Benfica vencer o Braga para o
campeonato, ganha uma margem importante para pensar também na Europa. E
uma equipa que em 4 dias demonstra a fibra que o Benfica demonstrou na
Madeira e hoje em Marselha, está totalmente autorizada a sonhar. Muitos
parabéns, e um grande viva o Benfica!
por 2-1 em que só os números pecam por (muito) escassos. Jesus tirou
Aimar da equipa e fez avançar Martins, manteve Ramires no onze e lançou
Coentrão para o lugar do lesionado César Peixoto. A equipa exibiu-se no
habitual 4-1-3-2, mas com nuances tácticas que o Marselha não conseguiu
contornar. Foi Carlos Martins e não Ramires quem na 1ª parte ajudou a
fechar ao meio com Javi Garcia, sempre com o brasileiro atento é certo, e
Saviola jogou mais recuado do que o costume, bloqueando o trinco do
Marselha, Cissé. O Benfica cedo mostrou ao que vinha,
tomando conta da bola desde muito cedo. A estratégia de Jesus resultou
em pleno, com Martins, Saviola e também Ramires a bloquearem o meio
campo francês, permitindo a Javi ser a habitual referência na primeira
fase de construção de jogo. Liberto, o espanhol pôde fazer o que melhor
sabe... tacticamente perfeito, distribuindo rapidamente a bola a
preceito e impedindo que o Marselha pudesse respirar na sua área de
influência. Cedo se percebeu que havia em campo um
intérprete com vontade de se exibir a grande altura. O árbitro da
partida ao minuto 20 fez vista grossa a uma falta evidente sobre Ramires
na grande área, perdoando o penalty aos franceses. Logo depois, Cardozo
atira ao poste esquerdo a baliza de Mandanda, pondo em sentido os
adversários e o seu público. Público aliás quase sempre muito silenciado
pela demonstração de classe e superioridade do Benfica. O Marselha só
de bola parada chegava à área do Benfica, pois os homens da frente da
equipa gaulesa estiveram sempre manietados pela defensiva encarnada, e
apenas Brandão pontualmente conseguia ganhar alguns lances actuando na
faixa de terreno entre Maxi e Luisão. Ainda na 1ª parte,
Di Maria desperdiça uma grande oportunidade quando sozinho frente a
Mandanda disfere um remate cruzado a partir da esquerda facilmente
defendido pelo guardião. O Benfica recolheu aos balneários com uma
grande sensação de injustiça, potenciada ainda mais pelo perdão que o
árbitro novamente deu ao Marselha não assinalando nova grande penalidade
por clara mão na bola, num lance em tudo idêntico a um que havia
sancionado a Luisão ainda nos primeiros dez minutos de jogo. A clara
dualidade de critérios em desfavor do Benfica foi uma constante, e
abrilhanta ainda mais a gigantesca exibição de gala desta noite.
Para a segunda parte Jesus apostou na mesma estratégia e nos mesmos
jogadores, e a manifesta falta de sorte e de pontaria continuou. Di
Maria e Saviola estiveram especialmente perdulários, mas sentia-se que o
Benfica continuava claramente por cima. Infelizmente o Marselha numa
das poucas situações de bola parada que teve na 2ª parte (bola corrida
então foi 0!), marcou o 1-0, frustrando imenso a exibição gloriosa do
adversário. E foi na reacção que o Benfica ganhou
definitivamente a eliminatória. Consciente de que a missão continuava a
ser igual, ter de marcar um golo pelo menos, não se amedrontou e
continuou a carregar. Foi com inteira justiça que Maxi Pereira, num
remate de ressaca a mais de 30 metros da baliza, deu o empate ao
Benfica. Entretanto Jesus havia lançado Aimar para o lugar de Saviola, e
já nos últimos minutos lançou Kardec para o lugar de Martins. A pressão
continuou mesmo após o empate, e Di Maria e Cardozo protagonizaram
alguns falhanços escandalosos que permitiriam acabar desde logo com a
eliminatória. Mas como tão épica exibição merecia um final igualmente
épico, foi preciso esperar pelo primeiro minuto de compensação para
Kardec finalizar de forma exemplar uma bola perdida na área do Marselha.
Foi a explosão total, com a vitória assegurada na recta
final de um jogo que o Benfica dominou de forma total, aniquilando
completamente o Marselha e lutando contra uma arbitragem completamente
escandalosa e que não pode ser branqueada. A atitude e a classe dos
nossos jogadores bem como a preparação de Jesus de todos os detalhes
desta partida têm de ser enaltecidos, pois juntos criaram as condições
para se assistir a uma noite europeia à Benfica. E dando a volta a um
resultado, situação inédita esta época mas que a equipa provou ser
possível! Praticamente só houve grandes exibições hoje.
Júlio César pouco teve de fazer, teve um pouco de azar no lance do golo
mas penso que nada mais havia a fazer numa situação em que a defesa foi
apanhada em contra-pé. Maxi Pereira foi enorme,
novamente. Talvez mesmo o melhor em campo. Correu, defendeu, atacou,
voltou a marcar ao Marselha... uma exibição de grande categoria e pulmão
do uruguaio, que a ficar muitos anos no Benfica se arrisca a marcar uma
era no clube. Na outra lateral Coentrão fez também um jogo tremendo.
Não deu espaço na defesa, e foi sempre um acelerador muito eficiente do
jogo ofensivo do Benfica. Está um autêntico carrilero de
categoria mundial, embora eu continue a preferir vê-lo a jogar mais
adiantado no terreno. Os centrais estiveram enormes... foi pena que
Luisão não tenha conseguido marcar um lance de golo iminente na 2ª
parte, para coroar mais uma grande exibição do patrão. Javi
Garcia fez um jogo fantástico, surgindo até algumas vezes em zonas mais
adiantadas do terreno, como num lance de insistência pela direita em
que chega a tirar o cruzamento para a área. Fisicamente muito bem,
fresco e lúcido, foi a engrenagem que fez trabalhar toda a equipa.
Ramires fez um jogo de grande leveza, não puxando a si grande
protagonismo mas foi sempre muito eficaz. Na primeira parte jogou na
meia-direita, e na segunda parte cumpriu efectivamente o papel que à
priori se antevia para ele, juntando-se mais a Javi Garcia e dando
liberdade total aos homens da frente.
Carlos Martins fez uma
exibição fantástica, saindo exausto. Muito bem no auxílio a Javi Garcia
em acções defensivas, com uma simplicidade e rapidez assinaláveis nos
processos ofensivos. Hoje por hoje, um jogador fundamental deste Benfica
de grande exuberância de Jorge Jesus. Di Maria esteve bem, rompendo a
defesa contrária e arranjando muitas oportunidades para visar a baliza
adversária. Infelizmente a sua exibição fica obviamente manchada por
desperdiçar oportunidades que, a este nível, se podem pagar caro. Terá
de rever isso. Saviola hoje não jogou tão bem, mas teve
uma acção táctica fundamental que foi encostar ao trinco Cissé, não o
deixando livre para outras tarefas em zonas mais adiantadas do terreno.
Falhou um golo feito à boca da baliza, e teve algumas boas acções de
condução da bola, mas foi sobretudo tacticamente que cumpriu. Aimar
entrou muito bem para o seu lugar, actuando sensivelmente nos mesmos
terrenos mas partindo mais de trás. Foi uma entrada de rompante,
enérgica e que desestabilizou ainda mais o meio campo francês, na altura
já muito desgastado e incapaz de travar semelhante golpe de
misericórdia. Cardozo quanto a mim também não esteve ao
nível dos colegas, perdendo algumas bolas sobretudo por ser pouco
efectivo no ataque à bola. Falhou um golo feito também, num lance de
insistência dele próprio em que consegue isolar-se, e atirou uma bola ao
poste. Ainda assim, não estando ao nível dos companheiros, uma exibição
positiva. E finalmente Kardec... entrou perto do fim, e foi a tempo de
ser o herói desta eliminatória, fazendo justiça ao jogo que os colegas
vinham fazendo já antes da sua entrada. Excelente finalização de um
miúdo que acreditou na oportunidade e nas suas capacidades.
Agora tudo é possível. Se o Benfica vencer o Braga para o
campeonato, ganha uma margem importante para pensar também na Europa. E
uma equipa que em 4 dias demonstra a fibra que o Benfica demonstrou na
Madeira e hoje em Marselha, está totalmente autorizada a sonhar. Muitos
parabéns, e um grande viva o Benfica!