Desde 2006 já
fecharam cerca de 40 serviços de atendimento nocturno em centros de
saúde, sete desde 2008. E deverá continuar a acontecer, à medida das
condições. A Oposição diz que não se verificam. E a população já começou
a atravessar a fronteira.Segundo fonte do Ministério da
Saúde, o encerramento de serviços de atendimento permanente (SAP) em
centros de saúde não vai ficar por aqui. Apesar dos protestos. A
garantia é a de que, logo que se verifiquem condições, as unidades com
afluência mínima deixarão de atender durante a noite. E os
argumentos são os mesmos desde que o anterior ministro da Saúde resolveu
iniciar esta campanha: a escassez de utentes - inicialmente, a medida
de base era menos de dez atendimentos entre as 24 e as oito horas da
manhã - não justifica ocupar uma equipa clínica que, trabalhando de
noite, faltaria de dia, prejudicando o regular funcionamento do centro
de saúde.Só na região Centro, fecharam 25 serviços. Mas, garantiu
fonte da Administração Regional de Saúde, sem levar à risca o critério
dos dez doentes por noite. "Se fosse assim, fechavam todos". E cita o
exemplo de Pampilhosa da Serra, com dois a três atendimentos, mas sem
qualquer previsão de encerramento: está isolada em termos rodoviários e
serve uma população envelhecida, sem grandes meios de deslocação. A
contrapartida oferecida nos restantes casos foi a abertura dos centros
de saúde até às 22 horas, uma vez que se verificou que era até essa hora
que a população trabalhadora recorria aos SAP, por vezes apenas para
renovar receitas.Aos fechos, protocolados com as autarquias, o
Ministério da Saúde responde com o aumento de ambulâncias e de médicos
de família. Ontem, porém, na sequência dos encerramentos de Paredes de
Coura, Valença, Arcos de Valdevez e Melgaço, o CDS-PP prometeu
questionar a ministra da Saúde, argumentando que as condições não estão
cumpridas.E a verdade é que a população daquela região
fronteiriça já começou a recorrer a Espanha. Aliás, a intensa procura
portuguesa do serviço de urgência de Tui, cidade galega que faz
fronteira com Valença, já está a perturbar o normal funcionamento da
unidade. A situação motivou uma queixa do autarca local junto do
valenciano, Jorge Mendes. "Há muita gente de Valença a ir às urgências a
Tui e, ainda na semana passada, o alcalde se me queixou que isso está a
perturbar o normal funcionamento dos serviços", referiu Jorge Mendes ao
JN.O mesmo cenário foi traçado pelo porta-voz da comissão de
utentes contra o encerramento do SAP de Valença. "A maioria da população
de Valença já tem o cartão de saúde europeu, porque as condições de
assistência são tão más que naturalmente fazem com que as pessoas tentem
procurar outras soluções e recursos noutros sítios", refere Carlos
Natal.Não pagamento de taxa moderadora, "melhor assistência
médica" e fecho de Valença são os argumentos invocados pelos utentes de
Portugal para recorrer ao Ponto de Atenção Continuada de Tui, que fica
apenas a um quilómetro da fronteira.