Agora que todos os campeonatos nacionais de futebol chegaram ao seu
término, vou neste artigo resumir aquilo que foi a época de 2009/2010,
no qual o seu supremo objectivo foi concretizado: a conquista do título
nacional da Liga Sagres. Começo esta crónica com o maior amargo
de boca desta temporada: a eliminação da Taça de Portugal, logo na 4ª
Eliminatória. Depois de ultrapassar com facilidade na eliminatória
anterior o Monsanto – que seria no final desta época despromovido à III
Divisão – por 6-0, em Torres Novas, seguiu-se um Vitória de Guimarães
que surpreendeu na Luz ganhando por 0-1, naquele que terá sido uma das
mais desinspiradas exibições da nossa equipa. Para mim, tratou-se da
maior desilusão da temporada, cair em Novembro desta prova que, até pelo
seu palco onde se disputa a final, considero-a mítica. Prosseguindo
para o desempenho na prova europeia que o Benfica disputou esta
temporada, a Liga Europa, sucessora da Taça UEFA. Os objectivos mínimos
delineados por Jorge Jesus e pela direcção do Benfica foram cumpridos,
isto é, atingimos os quartos-de-final, numa prestação que teve até
laivos de brilhantismo, nomeadamente a vitória num contexto dificílimo,
em Marselha, por 2-1. Fica no entanto algum desgosto pelo Benfica só ter
tido 2 dias de descanso antes da debacle contra o Liverpool (1-4 em
Anfield, depois de um excelente 2-1 na Luz), o que condicionou o
desempenho dos nossos atletas. Registo ainda para o excelente desempenho
na fase de grupos desta competição – 5 vitórias e 1 derrota. Segue-se
neste resumo a Taça da Liga, conquistada com uma categoria sensacional.
Tivemos sem dúvida o grupo mais dificil, com Nacional, Rio Ave e V.
Guimarães, e passámos com 2 vitórias e 1 empate. Quis o sorteio que o
Benfica se deslocasse a Alvalade e colocasse mais um prego no caixão
naquela que foi o annus horribilis do Sporting: goleada por 4-1 e
bilhete para a final, onde o FC Porto foi, também ele, vergado a uma
derrota por 3-0. Primeiro troféu da época para o Benfica, justíssimo,
face á qualidade do seu jogo e ao grau de dificuldade que teve para
chegar à final. Deixo o melhor para o fim, a conquista do 32º
campeonato. Uma prova irrepreensível por parte do Benfica, com 24
vitórias, 4 empates e apenas 2 derrotas em 30 jogos, sendo que essas
derrotas foram nos terrenos do 2º e 3º classificado. Registo para os 78
golos marcados – média impressionante de 2,6 golos por jogo – e uns
simpáticos 20 golos sofridos, apesar de nos últimos 6 jogos, termos
sofrido 8 golos, pelo que, na minha opinião, podíamos ter feito melhor
neste aspecto. Porém não retira em nada o mérito total desta equipa
neste campeonato, o melhor desde 90/91 (continua a ser este o melhor
campeonato realizado pelo Benfica nos últimos 30 anos), e exactamente
igual ao registo de 83/84, que era o segundo melhor registo. E em termos
de passado recente, é verdadeiramente arrasador: em relação à época
passada, o Benfica venceu mais 7 vezes, marcou mais 24 golos e sofreu
menos 12. Por fim, comparando com o último campeonato conquistado, em
2004/2005, o Benfica actual pulveriza, com mais 5 vitórias, menos 4
empates e menos 5 derrotas. A nível de golos, mais 23 golos marcados e
menos 11 sofridos. Há que relembrar que em 2004/05 houve mais 4 jogos
que esta temporada, uma vez que a Liga tinha na altura 18 clubes. A
excelência do trabalho efectuado por Jorge Jesus fica mais que
comprovado com estes números. Depois da festa, há que pensar na
próxima época. Sem dúvida que o maior objectivo passa por reconquistar o
campeonato, dado que desde 83/84 que o Benfica não consegue esse
desiderato; por outro lado, fazer uma prestação honrosa na Liga dos
Campeões, atingindo o patamar mínimo, que será a passagem para os 16
melhores da Europa. E com alguma sorte no sorteio, atingir quiçá os
quartos-de-final, repetindo 2005/06. Nas outras provas internas, tentar
ganhar a Taça de Portugal e/ou a Taça da Liga. E claro, não esquecer a
Supertaça Cândido de Oliveira, ainda para mais se o adversário se chamar
FC Porto. Para terminar, quero agradecer a todos os que
estiveram envolvidos directa ou indirectamente na conquista deste
campeonato e da Taça da Liga, constituindo assim a primeira dobradinha
desde 1986/87. De Jorge Jesus ao plantel do Benfica, passando pela
direcção do clube e pelos outros elementos da equipa técnica, todos
merecem o nosso reconhecimento. Obrigado por darem esta alegria a
milhões espalhados pelo mundo, como se viu no passado domingo!