Uma das primeiras directivas
presidenciais para a próxima temporada no Benfica é trabalhar mais e
falar menos. Luís Filipe Vieira foi elegante mas peremptório na forma
como expressou aos seus homens do futebol em particular ao treinador
Jorge Jesus, que a comunicação tem sido desastrosa, com implicações no
respeito e na motivação dos adversários.
Antes de ingressar no Benfica, Jorge Jesus suscitava dúvidas sobre a sua
peculiar forma de expressão e começou por fazer a equipa responder
dentro do campo. Com um rasto de vitórias retumbantes como cenário de
fundo, as diatribes orais do treinador passavam como notas de rodapé,
mais ou menos poéticas, mais ou menos anedóticas, mas sem implicações
desportivas.
Os maus resultados da segunda temporada reflectiram-se na alteração do
discurso do treinador, que passou a usar expressões menos triunfalistas e
introduziu temas novos, como a arbitragem e a sorte do jogo, bem como a
injustiça de alguns desfechos.
Há um ano, Jesus podia dizer que a equipa estava "fresca que nem uma
alface", porque estava. Mas é muito mais realista agora, quando
reconhece que está cansada, "de rastos".
Há um ano afirmava com arrogância "não me preocupo com as outras
equipas". Esta época, nem tentou esconder a enorme preocupação em
"tentar parar os extremos do Porto, especialmente o Hulk".
Jesus celebrou o título dizendo que queria ser campeão nacional outra
vez, embora já com o pensamento, claramente exagerado, de ter a
"oportunidade de ser campeão europeu". No fim da segunda época,
agradecido por ter nova chance, já se dá por feliz em poder ganhar dois
campeonatos em três épocas. Mas até este optimismo o presidente Vieira
considera pretensioso de mais.
AS PALAVRAS DO SUCESSO
A trajectória da época passada foi pontuada com expressões de euforia e
satisfação que ajudaram a fazer crescer a onda de entusiasmo em torno da
equipa.
MASSACRE
A ideia de massacre ofensivo surgiu logo na 1.ª jornada, no empate com o Marítimo.
DIABÓLICOS
A partir da goleada ao Vitória: "diabólicos em velocidade e intensidade muito altas"
BRILHANTES
Para os jogos mais complicados (Leiria e seguintes): "Brilhantes na crença e na raça"
NOTA ARTÍSTICA
O tema central da 2.ª volta, como forma de nivelar os resultados com as exibições.
... E O DISCURSO DA DESILUSÃO
À medida que os resultados foram somando decepções, o tom do discurso
optimista foi mudando para referências negativas ou de expectativas
frustradas.
ROBERTO
Admitir os erros do espanhol foi um exigente exercício semântico: "Podia ter feito melhor".
ARBITRAGEM
Olegário Benquerença apareceu logo na 4.ª jornada e abriu a caixa das
queixas da Arbitragem: "houve erros que ajudaram o nosso rival".
FRANGO
"Ainda há muito frango para virar", disse após a vitória sobre o Sporting. Frangos não faltaram.
SORTE
Na fase da desconfiança soltou um "com um pouco de sorte tudo pode
acontecer". E depois nas derrotas: com o Porto "faltou sorte no fim",
com o Braga "não tivemos uma pontinha de sorte".
INJUSTO
Vários resultados ficaram aquém das expectativas e foram considerados injustos, incluindo vitórias tangenciais e sofridas.
CANSADOS
"Estamos de rastos", a frase da capitulação após a derrota de Braga, aplicava-se tanto ao psicológico como ao físico.
SAIBA MAIS
CONSELHOS
Numa rara alusão à Arbitragem na época do título, Jesus aconselhou os
árbitros a lerem menos livros e a serem menos teóricos e mais práticos.
27
Número de jogos consecutivos sem perder na época passada, nas várias
frente em que o Benfica estava envolvido, cedendo finalmente na visita a
Liverpool.
18
Número de jogos consecutivos a sofrer golos, na época em curso, a pior
dos últimos 50 anos em termos defensivos, uma das tónicas do discurso
vencedor que Jesus deixou cair.
EXAGERO
Nalguns momentos, Jesus chegou a voltar ao nível de comentários
exagerados do ano anterior. Após a vitória com o Guimarães declarou que
estava "provado que o Benfica é a melhor equipa em Portugal".
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presidenciais para a próxima temporada no Benfica é trabalhar mais e
falar menos. Luís Filipe Vieira foi elegante mas peremptório na forma
como expressou aos seus homens do futebol em particular ao treinador
Jorge Jesus, que a comunicação tem sido desastrosa, com implicações no
respeito e na motivação dos adversários.
Antes de ingressar no Benfica, Jorge Jesus suscitava dúvidas sobre a sua
peculiar forma de expressão e começou por fazer a equipa responder
dentro do campo. Com um rasto de vitórias retumbantes como cenário de
fundo, as diatribes orais do treinador passavam como notas de rodapé,
mais ou menos poéticas, mais ou menos anedóticas, mas sem implicações
desportivas.
Os maus resultados da segunda temporada reflectiram-se na alteração do
discurso do treinador, que passou a usar expressões menos triunfalistas e
introduziu temas novos, como a arbitragem e a sorte do jogo, bem como a
injustiça de alguns desfechos.
Há um ano, Jesus podia dizer que a equipa estava "fresca que nem uma
alface", porque estava. Mas é muito mais realista agora, quando
reconhece que está cansada, "de rastos".
Há um ano afirmava com arrogância "não me preocupo com as outras
equipas". Esta época, nem tentou esconder a enorme preocupação em
"tentar parar os extremos do Porto, especialmente o Hulk".
Jesus celebrou o título dizendo que queria ser campeão nacional outra
vez, embora já com o pensamento, claramente exagerado, de ter a
"oportunidade de ser campeão europeu". No fim da segunda época,
agradecido por ter nova chance, já se dá por feliz em poder ganhar dois
campeonatos em três épocas. Mas até este optimismo o presidente Vieira
considera pretensioso de mais.
AS PALAVRAS DO SUCESSO
A trajectória da época passada foi pontuada com expressões de euforia e
satisfação que ajudaram a fazer crescer a onda de entusiasmo em torno da
equipa.
MASSACRE
A ideia de massacre ofensivo surgiu logo na 1.ª jornada, no empate com o Marítimo.
DIABÓLICOS
A partir da goleada ao Vitória: "diabólicos em velocidade e intensidade muito altas"
BRILHANTES
Para os jogos mais complicados (Leiria e seguintes): "Brilhantes na crença e na raça"
NOTA ARTÍSTICA
O tema central da 2.ª volta, como forma de nivelar os resultados com as exibições.
... E O DISCURSO DA DESILUSÃO
À medida que os resultados foram somando decepções, o tom do discurso
optimista foi mudando para referências negativas ou de expectativas
frustradas.
ROBERTO
Admitir os erros do espanhol foi um exigente exercício semântico: "Podia ter feito melhor".
ARBITRAGEM
Olegário Benquerença apareceu logo na 4.ª jornada e abriu a caixa das
queixas da Arbitragem: "houve erros que ajudaram o nosso rival".
FRANGO
"Ainda há muito frango para virar", disse após a vitória sobre o Sporting. Frangos não faltaram.
SORTE
Na fase da desconfiança soltou um "com um pouco de sorte tudo pode
acontecer". E depois nas derrotas: com o Porto "faltou sorte no fim",
com o Braga "não tivemos uma pontinha de sorte".
INJUSTO
Vários resultados ficaram aquém das expectativas e foram considerados injustos, incluindo vitórias tangenciais e sofridas.
CANSADOS
"Estamos de rastos", a frase da capitulação após a derrota de Braga, aplicava-se tanto ao psicológico como ao físico.
SAIBA MAIS
CONSELHOS
Numa rara alusão à Arbitragem na época do título, Jesus aconselhou os
árbitros a lerem menos livros e a serem menos teóricos e mais práticos.
27
Número de jogos consecutivos sem perder na época passada, nas várias
frente em que o Benfica estava envolvido, cedendo finalmente na visita a
Liverpool.
18
Número de jogos consecutivos a sofrer golos, na época em curso, a pior
dos últimos 50 anos em termos defensivos, uma das tónicas do discurso
vencedor que Jesus deixou cair.
EXAGERO
Nalguns momentos, Jesus chegou a voltar ao nível de comentários
exagerados do ano anterior. Após a vitória com o Guimarães declarou que
estava "provado que o Benfica é a melhor equipa em Portugal".
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