"Vinha com expectativa com o que ia encontrar mas nunca pensei que a
destruição fosse em tão elevada escala, nunca pensei encontrar um
cenário destes", disse ontem ao CM Marco Martins, 2º comandante dos
Bombeiros Voluntários de Óbidos, de 32 anos, que integra a equipa de
dez bombeiros das forças especiais Canarinhos que está no Haiti.
"Estou
impressionado com a forma como as pessoas procuram restabelecer a vida,
pois muitas delas continuam na rua, sem qualquer tipo de habitação ou
abrigo", afirmou ainda, referindo "o cheiro nauseabundo nas estradas" e
a situação nos hospitais, sem quaisquer condições. "Ainda bem que há a
ajuda internacional", frisou.
A missão de Marco
e dos colegas da equipa de bombeiros é ajudar a erguer o acampamento da
Assistência Médica Internacional (AMI), que ficará nos próximos meses.
Sobre
a segurança no terreno, o bombeiro confirmou que há "relatos de
situações pontuais de violência". Estas acontecem "quando as pessoas se
aglomeram para a distribuição de alimentos e água. Mas tenho andado
pela cidade e não presenciei actos desse género".
Uma
nova réplica do sismo sentiu-se ontem na capital haitiana mas não
causou grande alarme. "Sentimo-la mas foi menos intensa do que as
anteriores", revelou António Saroca, chefe de logística da missão
portuguesa, acrescentando que, apesar destas ocorrências, "todos os
elementos dos vários organismos estão com moral elevado e muita
motivação".
O acampamento português de ajuda
humanitária no Haiti serviu entretanto de refúgio provisório a um grupo
de duas dezenas de crianças órfãs destinadas a adopção.
ÓRFÃOS EM CAMPO LUSO
Elísio
Oliveira, coordenador da missão, suspeitou da organização responsável
pelo processo, a Brent Gambern Ministeries Helping, e alertou a UNICEF.
Esta efectuou averiguações, tornadas mais urgentes depois de serem
confirmados pelo menos 15 raptos de crianças, presumivelmente
realizados por redes de tráfico que operam através de Santo Domingo.
Consciente
dos riscos, Elísio Oliveira frisou à agência Lusa que "as crianças
nunca integraram o acampamento português" e que este apenas "ofereceu
sombra". Os órfãos deixaram o campo e desconhecia-se ontem o seu
paradeiro.
RÁDIO DA ONU AJUDA POPULAÇÃO
A
jornalista portuguesa Mariana Palavra contou ao CM que a rádio da ONU,
onde é supervisora, vai passara a ter emissões de ajuda humanitária:
"Uma equipa da Radio France International trouxe um estúdio portátil e
vamos emitir informações sobre a localização dos hospitais, o
tratamento de água, a recolha dos corpos, e teremos médicos a dar
conselhos higiénicos e de saúde." Quanto à distribuição de ajuda,
afirma que flui, embora em ritmo lento.
APONTAMENTOS
MAIS DOIS 'MILAGRES'
Duas
mulheres, de 69 e 84 anos, foram ontem retiradas com vida dos escombros
em Port-au-Prince, dez dias após o terramoto que devastou a capital do
Haiti. No entanto, os médicos não garantem que consigam sobreviver aos
ferimentos.
PORTUGUESES A CAMINHO
A
missão portuguesa no Haiti vai ser reforçada com mais quatro elementos
dos bombeiros Canarinhos e um médico que, segundo a Autoridade Nacional
de Protecção Civil, chegam àquele país na segunda-feira.
MILHARES DEIXAM CAPITAL
Centenas
de milhar de haitianos estão a abandonar Port-au--Prince. Cerca de 200
mil pessoas fugiram em autocarros, ‘ferries’ ou a pé, rumo à província.
Muitos foram ao encontro de familiares.
MINUTO DE SILÊNCIO NA AR
O
Parlamento português aprovou ontem por unanimidade um voto de pesar –
apresentado por todas as bancadas – pelas vítimas do sismo que atingiu
o Haiti, cumprindo um minuto de silêncio em solidariedade para com a
população haitiana.
RUSSOS NÃO CONTRIBUEM
Os
cidadãos russos não tinham até ontem transferido um único rublo para a
conta aberta pela Cruz Vermelha local para ajudar as vítimas do
terramoto que atingiu o Haiti. A conta bancária foi aberta na semana
passada.
FORÇA EUROPEIA
O
secretário de Estado francês dos Assuntos Europeus, Pierre Lellouche,
considerou que a resposta da UE à tragédia no Haiti poderia ter sido
mais rápida e pediu uma força europeia de reacção humanitária.
INSECTOS PICAM REPÓRTERES
José
Rodrigues dos Santos, da RTP, e Cândida Pinto, da SIC, jornalistas
portugueses enviados especiais ao Haiti, foram literalmente atacados
por mosquitos nos últimos dias.
Cândida Pinto,
anteontem, surgiu no ecrã da SIC com óculos de sol e desde então não
voltou a tirá-los. Sempre que a repórter aparece na imagem está munida
de óculos de sol, algo que qualquer professor de televisão ‘proíbe’. O
motivo do ‘look’ adoptado por Cândida Pinto são os mosquitos. A
jornalista foi picada nos dois olhos, o que acabou por resultar numa
alergia.
Ontem, a vítima foi José Rodrigues dos
Santos, que chegou há dois dias a Port-au--Prince para substituir Vítor
Gonçalves. Às 13h00 estava tudo a postos para um ‘directo’ a partir do
Haiti quando se dá o inesperado. Em Lisboa, Carlos Daniel dava a
‘deixa’ ao enviado especial da RTP mas mal iniciou o seu relato do dia
entrou-lhe um mosquito para um olho. Com toda a calma e
responsabilidade que o momento impõe, José Rodrigues dos Santos levou
os dedos à cara e disse: "Acabou de me entrar um mosquito para um
olho." Apesar do incómodo, conseguiu chegar ao fim do directo.
A
praga de mosquitos é causada pelo calor, pela falta de cuidados de
higiene, de água potável e limpeza das ruas, aos quais se soma o cheiro
de milhares de cadáveres em decomposição que continuam presos sob os
escombros.
HAITIANOS ILEGAIS VÃO PARA GUANTANAMO
Os
EUA receiam que muitos desalojados haitianos tentem fugir em massa, por
mar, para o território norte-americano, à semelhança do que tem
acontecido com cubanos, e por isso já advertiu que quem for capturado
no seu território será enviado para a Base de Guantanamo e depois
repatriado. Aliás, a base que serviu de prisão para suspeitos de
terrorismo já está preparada para receber ilegais interceptados no mar,
com 100 tendas já montadas, cada uma com capacidade para abrigar dez
pessoas, e serviços sanitários prontos. Desde o terramoto, centenas de
pessoas têm tentado deixar o país mas não se tem registado grande
afluxo para os EUA.
'MENINO MILGARE' PERDEU O SORRISO
O
pequeno Kiki, de sete anos, cuja imagem correu o Mundo mostrando-o, de
sorriso rasgado e braços abertos, quando era retirado dos escombros
oito dias após o sismo, caiu na dura realidade da tragédia. A irmã
Sabrina sobreviveu mas três irmãos, o mais pequeno com 18 meses,
pereceram. "Sorri porque estava contente por estar vivo", contou Kiki
sobre o resgate. Mas acrescentou: "Agora estou triste por causa dos
meus irmãos." Vive com os pais numa tenda e espera ajuda urgente.
VÍTOR GONÇALVES A RECUPERAR NOS EUA
Vítor
Gonçalves, jornalista da RTP que ficou ferido no sismo de quarta-feira,
já está a ser tratado na Florida, EUA. O repórter tem um traumatismo
craniano mas o seu estado não inspira cuidados. Vítor Gonçalves deve
seguir ainda neste fim-de-semana para Washington, onde reside.
destruição fosse em tão elevada escala, nunca pensei encontrar um
cenário destes", disse ontem ao CM Marco Martins, 2º comandante dos
Bombeiros Voluntários de Óbidos, de 32 anos, que integra a equipa de
dez bombeiros das forças especiais Canarinhos que está no Haiti.
"Estou
impressionado com a forma como as pessoas procuram restabelecer a vida,
pois muitas delas continuam na rua, sem qualquer tipo de habitação ou
abrigo", afirmou ainda, referindo "o cheiro nauseabundo nas estradas" e
a situação nos hospitais, sem quaisquer condições. "Ainda bem que há a
ajuda internacional", frisou.
A missão de Marco
e dos colegas da equipa de bombeiros é ajudar a erguer o acampamento da
Assistência Médica Internacional (AMI), que ficará nos próximos meses.
Sobre
a segurança no terreno, o bombeiro confirmou que há "relatos de
situações pontuais de violência". Estas acontecem "quando as pessoas se
aglomeram para a distribuição de alimentos e água. Mas tenho andado
pela cidade e não presenciei actos desse género".
Uma
nova réplica do sismo sentiu-se ontem na capital haitiana mas não
causou grande alarme. "Sentimo-la mas foi menos intensa do que as
anteriores", revelou António Saroca, chefe de logística da missão
portuguesa, acrescentando que, apesar destas ocorrências, "todos os
elementos dos vários organismos estão com moral elevado e muita
motivação".
O acampamento português de ajuda
humanitária no Haiti serviu entretanto de refúgio provisório a um grupo
de duas dezenas de crianças órfãs destinadas a adopção.
ÓRFÃOS EM CAMPO LUSO
Elísio
Oliveira, coordenador da missão, suspeitou da organização responsável
pelo processo, a Brent Gambern Ministeries Helping, e alertou a UNICEF.
Esta efectuou averiguações, tornadas mais urgentes depois de serem
confirmados pelo menos 15 raptos de crianças, presumivelmente
realizados por redes de tráfico que operam através de Santo Domingo.
Consciente
dos riscos, Elísio Oliveira frisou à agência Lusa que "as crianças
nunca integraram o acampamento português" e que este apenas "ofereceu
sombra". Os órfãos deixaram o campo e desconhecia-se ontem o seu
paradeiro.
RÁDIO DA ONU AJUDA POPULAÇÃO
A
jornalista portuguesa Mariana Palavra contou ao CM que a rádio da ONU,
onde é supervisora, vai passara a ter emissões de ajuda humanitária:
"Uma equipa da Radio France International trouxe um estúdio portátil e
vamos emitir informações sobre a localização dos hospitais, o
tratamento de água, a recolha dos corpos, e teremos médicos a dar
conselhos higiénicos e de saúde." Quanto à distribuição de ajuda,
afirma que flui, embora em ritmo lento.
APONTAMENTOS
MAIS DOIS 'MILAGRES'
Duas
mulheres, de 69 e 84 anos, foram ontem retiradas com vida dos escombros
em Port-au-Prince, dez dias após o terramoto que devastou a capital do
Haiti. No entanto, os médicos não garantem que consigam sobreviver aos
ferimentos.
PORTUGUESES A CAMINHO
A
missão portuguesa no Haiti vai ser reforçada com mais quatro elementos
dos bombeiros Canarinhos e um médico que, segundo a Autoridade Nacional
de Protecção Civil, chegam àquele país na segunda-feira.
MILHARES DEIXAM CAPITAL
Centenas
de milhar de haitianos estão a abandonar Port-au--Prince. Cerca de 200
mil pessoas fugiram em autocarros, ‘ferries’ ou a pé, rumo à província.
Muitos foram ao encontro de familiares.
MINUTO DE SILÊNCIO NA AR
O
Parlamento português aprovou ontem por unanimidade um voto de pesar –
apresentado por todas as bancadas – pelas vítimas do sismo que atingiu
o Haiti, cumprindo um minuto de silêncio em solidariedade para com a
população haitiana.
RUSSOS NÃO CONTRIBUEM
Os
cidadãos russos não tinham até ontem transferido um único rublo para a
conta aberta pela Cruz Vermelha local para ajudar as vítimas do
terramoto que atingiu o Haiti. A conta bancária foi aberta na semana
passada.
FORÇA EUROPEIA
O
secretário de Estado francês dos Assuntos Europeus, Pierre Lellouche,
considerou que a resposta da UE à tragédia no Haiti poderia ter sido
mais rápida e pediu uma força europeia de reacção humanitária.
INSECTOS PICAM REPÓRTERES
José
Rodrigues dos Santos, da RTP, e Cândida Pinto, da SIC, jornalistas
portugueses enviados especiais ao Haiti, foram literalmente atacados
por mosquitos nos últimos dias.
Cândida Pinto,
anteontem, surgiu no ecrã da SIC com óculos de sol e desde então não
voltou a tirá-los. Sempre que a repórter aparece na imagem está munida
de óculos de sol, algo que qualquer professor de televisão ‘proíbe’. O
motivo do ‘look’ adoptado por Cândida Pinto são os mosquitos. A
jornalista foi picada nos dois olhos, o que acabou por resultar numa
alergia.
Ontem, a vítima foi José Rodrigues dos
Santos, que chegou há dois dias a Port-au--Prince para substituir Vítor
Gonçalves. Às 13h00 estava tudo a postos para um ‘directo’ a partir do
Haiti quando se dá o inesperado. Em Lisboa, Carlos Daniel dava a
‘deixa’ ao enviado especial da RTP mas mal iniciou o seu relato do dia
entrou-lhe um mosquito para um olho. Com toda a calma e
responsabilidade que o momento impõe, José Rodrigues dos Santos levou
os dedos à cara e disse: "Acabou de me entrar um mosquito para um
olho." Apesar do incómodo, conseguiu chegar ao fim do directo.
A
praga de mosquitos é causada pelo calor, pela falta de cuidados de
higiene, de água potável e limpeza das ruas, aos quais se soma o cheiro
de milhares de cadáveres em decomposição que continuam presos sob os
escombros.
HAITIANOS ILEGAIS VÃO PARA GUANTANAMO
Os
EUA receiam que muitos desalojados haitianos tentem fugir em massa, por
mar, para o território norte-americano, à semelhança do que tem
acontecido com cubanos, e por isso já advertiu que quem for capturado
no seu território será enviado para a Base de Guantanamo e depois
repatriado. Aliás, a base que serviu de prisão para suspeitos de
terrorismo já está preparada para receber ilegais interceptados no mar,
com 100 tendas já montadas, cada uma com capacidade para abrigar dez
pessoas, e serviços sanitários prontos. Desde o terramoto, centenas de
pessoas têm tentado deixar o país mas não se tem registado grande
afluxo para os EUA.
'MENINO MILGARE' PERDEU O SORRISO
O
pequeno Kiki, de sete anos, cuja imagem correu o Mundo mostrando-o, de
sorriso rasgado e braços abertos, quando era retirado dos escombros
oito dias após o sismo, caiu na dura realidade da tragédia. A irmã
Sabrina sobreviveu mas três irmãos, o mais pequeno com 18 meses,
pereceram. "Sorri porque estava contente por estar vivo", contou Kiki
sobre o resgate. Mas acrescentou: "Agora estou triste por causa dos
meus irmãos." Vive com os pais numa tenda e espera ajuda urgente.
VÍTOR GONÇALVES A RECUPERAR NOS EUA
Vítor
Gonçalves, jornalista da RTP que ficou ferido no sismo de quarta-feira,
já está a ser tratado na Florida, EUA. O repórter tem um traumatismo
craniano mas o seu estado não inspira cuidados. Vítor Gonçalves deve
seguir ainda neste fim-de-semana para Washington, onde reside.