Lucho recebe a BOLA de OURO: «É para toda a equipa do FC Porto»

Estamos
numa sala reservada pelo Marselha para a pequena cerimónia da entrega
da BOLA DE OURO. Lucho fica visivelmente agradado com a estética do
troféu. Explicamos a Lucho que a cerimónia da entrega da BOLA DE OURO
será contada aos leitores de A BOLA no dia 29 de Janeiro, na edição do
dia de aniversário. Explicamos a razão da escolha.

A indiscutibilidade dos títulos alcançados pelo FC Porto na última época e a natureza decisiva da presença de El Comandante.

A
verdade é que a influência de Lucho González naquele Porto dominador
era tão grande que, ainda hoje, tantos meses depois da sua saída, ainda
não foi encontrado quem o substituísse.

Lucho foi, pois, para A
BOLA o melhor jogador do ano e esse título valeu-lhe a atribuição do
maior troféu para jogadores a actuar no futebol português. «Com todo o
mérito e com toda a Justiça» - foi o que fizemos questão de dizer no
acto da entrega.

- Que significa para si receber este troféu de A BOLA que o premeia como o melhor jogador da Liga portuguesa em 2008/09?
-
Agradeço. É um orgulho ser distinguido. Estes reconhecimentos são bons
para os jogadores, que gostam de se sentir ídolos dos adeptos mas
também apreciados pela crítica. De qualquer forma, este prémio não é só
para mim mas para toda a equipa do FC Porto de 2008/09. Eu não sou um
jogador individualmente desequilibrador.
- Como assim? Toda a gente olha para si dessa forma. Que ideia tem o Lucho de si mesmo como futebolista?
-
Como pessoa sempre fui adepto do trabalho de equipa. Talvez por isso me
tenha tornado futebolista. A certeza de que ninguém ganha um desafio de
futebol jogando sozinho é confortável. No FC Porto esses laços foram
criados e por isso me dei tão bem lá e ganhei tantos campeonatos e
taças. Mas não sou individualmente desequilibrador como Messi ou
Cristiano Ronaldo. Sempre preferi dar um golo do que marcar eu.
- Porquê?
- Não sei, se calhar não faz sentido, é só uma coisa que se sente. Felizmente o futebol é de compreensão fácil.
-
Por que razão não foi jogar para Espanha, Inglaterra ou Itália depois
de ter de Portugal quando esse parecia o passo natural para um jogador
com o seu estatuto?
- Os percursos não são traçados com essas
certezas. Achei que era a altura certa para sair do FC Porto, onde fui
feliz, e o Marselha demonstrou interesse em mim. Fizeram-me sentir
desejado e importante.
- Acha a liga francesa melhor do que a portuguesa, acha que fez bem mudar?
-
Não sei se é melhor. Fisicamente é mais forte e mais competitiva. Em
França qualquer equipa pode vencer outra. Bem, se virmos bem as coisas
a liga portuguesa este ano está surpreendente, com o Sp. Braga na
liderança em fase avançada e o Rio Ave bem classificado e a jogar bem,
pelo que sei. É óptimo para o campeonato português. Houve anos em que o
FC Porto ganhou com diferença grande, chegou a parecer fácil. Agora
sim, parece mais interessante.

«Rúben Micael foi grande contratação»
- É nítido que o FC Porto tem sentido a sua falta...
-
É difícil entrar num clube como o FC Porto, não apenas para me
substituir, mas para substituir quem quer que seja. Belluschi é bom
jogador, vai adaptar-se e dar muito ao FC Porto. Rúben Micael também se
destacou no Nacional e foi grande contratação, vai crescer no Dragão.

«Saviola não deu passo atrás ao ir para o Benfica»
-
Nas últimas épocas, FC Porto, Benfica e Sporting, ainda que menos,
viraram-se para o mercado argentino. Que benefícios trouxeram os
argentinos para a liga portuguesa?
- É bom ver argentinos de
qualidade em Portugal. Os argentinos na generalidade amadureceram muito
na última década, estão mais preparados para o futebol europeu e são
vistos de outra forma.
- Saviola tem sido a figura da Liga
portuguesa este ano. Que opinião tem dele? Acha que fez bem, depois do
Barcelona e do Real Madrid, dar passo atrás até à liga portuguesa?
-
Ao que parece não foi passo atrás, porque ele está feliz no Benfica. É
um avançado fantástico, um dos melhores do mundo, um jogador que alia
duas coisas importantes para quem joga na área: técnica e instinto, ele
remata com rapidez e certeza e sente onde a bola vai cair. Dá prazer
ver jogar.