O Benfica subiu para o
ringue com o Sporting já encostado às cordas. As três derrotas seguidas
sofridas atiraram o “leão” para fora de duas competições e deixaram-no
encostado a um canto, mal preparado para receber o rival, a fazer uma
das melhores épocas dos últimos anos. Três socos de entrada – uma
expulsão e dois golos à meia-hora – deixaram os sportinguistas à beira
do KO. Depois do adeus ao campeonato e à Taça de Portugal, viram a Taça
da Liga fugir-lhes. E para o rival Benfica, como há um ano, que volta
assim à final da prova.
Manuel
Fernandes passou 12 épocas em Alvalade e foi ele quem conseguiu travar
o Benfica no Bonfim na última jornada do campeonato, depois de uma
série de cinco triunfos consecutivos. No final, não esqueceu o Sporting
e lançou o aviso: “Neste momento, só uma equipa muito forte pode travar
o Benfica”, disse, abrindo o coração leonino. “Se o Sporting jogar de
peito aberto pode perder por dois ou três”. Falou quem sabe. À
meia-hora de jogo, já os “leões” perdiam por 0-2 e tinham entregue o
jogo ao adversário.
João Pereira mostrou todo o desespero que
perpassa este Sporting. Um desespero de liderança. O capitão Moutinho é
novo demais e não se impõe, o técnico está fechado na sua concha,
principalmente desde que Sá Pinto saiu, e o presidente só agora
regressou das férias do Brasil. Isto num dos períodos mais conturbados
da história do clube.
O barco leonino está à deriva e só assim
se explica que o defesa, contratado este Inverno por três milhões de
euros, tenha feito uma das faltas mais estúpidas do mundo. A entrada
dura sobre Ramires junto à linha valeu-lhe o vermelho directo quando
estavam decorridos apenas seis minutos de jogos – do livre, nasceu o
primeiro golo. Ainda Pereira saía para as cabines e já os cerca de 7
mil benfiquistas no estádio faziam a festa ao cabeceamento certeiro de
David Luiz.
O Benfica entrou em Alvalade de peito inchado. No
campeonato, os quase vinte pontos de diferença (são 19) dão esse
estatuto. Mais: serviu ainda para Jesus ter um “back up” de luxo, com
um banco composto por Cardozo, Aimar ou Saviola e apostar na
titularidade de Éder Luis ou Kardec. Carvalhal não.
Já Carvalhal
seguiu os conselhos de Manuel Fernandes e jogou com dois trincos
(Mendes e Adrien), oferecendo uma solidão imensa a Liedson na frente. O
4x2x3x1 oferecia um apoio ao brasileiro, mas não é assim que ele gosta
de jogar. Tudo isto ruiu, no entanto, em seis minutos. Com dez, o
“leão” entregava as chaves da casa ao visitante e este instalou-se. Em
vantagem e em cima do adversário, o Benfica chegou ao 0-2 após um
ressalto que deixou Peixoto isolado a servir Ramires.
Jesus foi
inteligente. Mandou Di María para o lado de Grimi, um dos pontos mais
fracos do Sporting. Quando Adrien passou a fazer o lugar de Pereira, o
argentino trocou de flanco. Tudo para explorar as fragilidades do
adversário sem utilizar as suas armas mais poderosas – a descansarem no
banco. Contra tudo isto, o Sporting só respondia com Liedson.
O
brasileiro não perde o gosto de marcar ao Benfica e ontem, mesmo com
poucos meios para o fazer, fez o seu 11.º golo em 15 derbies. É obra.
Antes, tinha deixado o aviso a Júlio César, que fez uma bela defesa.
A
equipa “encarnada” sentiu o golo. Recuou e o Sporting organizou-se e
voltou ao jogo. A perder, os sportinguistas recolheram às cabines em
desvantagem mas com moral levantado.
O mais perto que a equipa
de Carvalhal (já tinha tirado Adrien e colocado Pedro Silva) esteve de
voltar à vida na noite de ontem foi por Pongolle. Mas aí o árbitro
marcou, e mal, fora-de-jogo quando o francês ficaria sozinho em frente
a Júlio César. Foi o último fôlego do Sporting e do avançado, que seria
(tardiamente) substituído por Djaló. O golo de Luisão – novamente de
bola parada – aniquilou o Sporting.
Na resposta, Jesus jogou
tudo o que tinha. Cardozo, Aimar e Saviola. E o paraguaio fechou a
partida com o melhor golo da noite. Há um ano, só se falou do árbitro
Lucílio Baptista, que pediu perdão por ter errado na marcação de um
penálti contra o Sporting. Este ano, só falta o pedido de desculpas de
João Pereira.
Ficha de jogo
Sporting, 1
Benfica, 4
Jogo no Estádio José Alvalade, em Lisboa.
Assistência 30.081 espectadores.
Sporting Rui Patrício 4, João Pereira 2, Carriço 5, Polga 4, Grimi 3, Izmailov 5, Pedro Mendes 5, Adrien Silva 4 (Pedro Silva 4, 25’), João Moutinho 5, Liedson 6 e Pongolle 3 (Yannick Djaló 5, 63’). Treinador Carlos Carvalhal.
Benfica Júlio César 6, Rúben Amorim 6, Luisão 7, David Luiz 7, César Peixoto 7, Javi García 6, Ramires 7, Di María 8, Carlos Martins 5 (Aimar -, 72’), Éder Luís 5 (Saviola 5, 70’), Alan Kardec 5 (Cardozo 7, 70’). Treinador Jorge Jesus.
Árbitro Olegário Benquerença 4, de Leiria. Amarelos Tiago (50’, no banco), Pedro Silva (60’), Pedro Mendes (61’), Ramires (62’), Grimi (72’). Vermelhos directos João Pereira (7’) e Tiago (50’, no banco).
Golos
0-1, por David Luiz, aos 8’; 0-2, por Ramires, aos 30’; 1-2, por
Liedson, aos 37’; 1-3, por Luisão, aos 68’; 1-4, por Cardozo, aos 90’+4.
ringue com o Sporting já encostado às cordas. As três derrotas seguidas
sofridas atiraram o “leão” para fora de duas competições e deixaram-no
encostado a um canto, mal preparado para receber o rival, a fazer uma
das melhores épocas dos últimos anos. Três socos de entrada – uma
expulsão e dois golos à meia-hora – deixaram os sportinguistas à beira
do KO. Depois do adeus ao campeonato e à Taça de Portugal, viram a Taça
da Liga fugir-lhes. E para o rival Benfica, como há um ano, que volta
assim à final da prova.
Manuel
Fernandes passou 12 épocas em Alvalade e foi ele quem conseguiu travar
o Benfica no Bonfim na última jornada do campeonato, depois de uma
série de cinco triunfos consecutivos. No final, não esqueceu o Sporting
e lançou o aviso: “Neste momento, só uma equipa muito forte pode travar
o Benfica”, disse, abrindo o coração leonino. “Se o Sporting jogar de
peito aberto pode perder por dois ou três”. Falou quem sabe. À
meia-hora de jogo, já os “leões” perdiam por 0-2 e tinham entregue o
jogo ao adversário.
João Pereira mostrou todo o desespero que
perpassa este Sporting. Um desespero de liderança. O capitão Moutinho é
novo demais e não se impõe, o técnico está fechado na sua concha,
principalmente desde que Sá Pinto saiu, e o presidente só agora
regressou das férias do Brasil. Isto num dos períodos mais conturbados
da história do clube.
O barco leonino está à deriva e só assim
se explica que o defesa, contratado este Inverno por três milhões de
euros, tenha feito uma das faltas mais estúpidas do mundo. A entrada
dura sobre Ramires junto à linha valeu-lhe o vermelho directo quando
estavam decorridos apenas seis minutos de jogos – do livre, nasceu o
primeiro golo. Ainda Pereira saía para as cabines e já os cerca de 7
mil benfiquistas no estádio faziam a festa ao cabeceamento certeiro de
David Luiz.
O Benfica entrou em Alvalade de peito inchado. No
campeonato, os quase vinte pontos de diferença (são 19) dão esse
estatuto. Mais: serviu ainda para Jesus ter um “back up” de luxo, com
um banco composto por Cardozo, Aimar ou Saviola e apostar na
titularidade de Éder Luis ou Kardec. Carvalhal não.
Já Carvalhal
seguiu os conselhos de Manuel Fernandes e jogou com dois trincos
(Mendes e Adrien), oferecendo uma solidão imensa a Liedson na frente. O
4x2x3x1 oferecia um apoio ao brasileiro, mas não é assim que ele gosta
de jogar. Tudo isto ruiu, no entanto, em seis minutos. Com dez, o
“leão” entregava as chaves da casa ao visitante e este instalou-se. Em
vantagem e em cima do adversário, o Benfica chegou ao 0-2 após um
ressalto que deixou Peixoto isolado a servir Ramires.
Jesus foi
inteligente. Mandou Di María para o lado de Grimi, um dos pontos mais
fracos do Sporting. Quando Adrien passou a fazer o lugar de Pereira, o
argentino trocou de flanco. Tudo para explorar as fragilidades do
adversário sem utilizar as suas armas mais poderosas – a descansarem no
banco. Contra tudo isto, o Sporting só respondia com Liedson.
O
brasileiro não perde o gosto de marcar ao Benfica e ontem, mesmo com
poucos meios para o fazer, fez o seu 11.º golo em 15 derbies. É obra.
Antes, tinha deixado o aviso a Júlio César, que fez uma bela defesa.
A
equipa “encarnada” sentiu o golo. Recuou e o Sporting organizou-se e
voltou ao jogo. A perder, os sportinguistas recolheram às cabines em
desvantagem mas com moral levantado.
O mais perto que a equipa
de Carvalhal (já tinha tirado Adrien e colocado Pedro Silva) esteve de
voltar à vida na noite de ontem foi por Pongolle. Mas aí o árbitro
marcou, e mal, fora-de-jogo quando o francês ficaria sozinho em frente
a Júlio César. Foi o último fôlego do Sporting e do avançado, que seria
(tardiamente) substituído por Djaló. O golo de Luisão – novamente de
bola parada – aniquilou o Sporting.
Na resposta, Jesus jogou
tudo o que tinha. Cardozo, Aimar e Saviola. E o paraguaio fechou a
partida com o melhor golo da noite. Há um ano, só se falou do árbitro
Lucílio Baptista, que pediu perdão por ter errado na marcação de um
penálti contra o Sporting. Este ano, só falta o pedido de desculpas de
João Pereira.
Ficha de jogo
Sporting, 1
Benfica, 4
Jogo no Estádio José Alvalade, em Lisboa.
Assistência 30.081 espectadores.
Sporting Rui Patrício 4, João Pereira 2, Carriço 5, Polga 4, Grimi 3, Izmailov 5, Pedro Mendes 5, Adrien Silva 4 (Pedro Silva 4, 25’), João Moutinho 5, Liedson 6 e Pongolle 3 (Yannick Djaló 5, 63’). Treinador Carlos Carvalhal.
Benfica Júlio César 6, Rúben Amorim 6, Luisão 7, David Luiz 7, César Peixoto 7, Javi García 6, Ramires 7, Di María 8, Carlos Martins 5 (Aimar -, 72’), Éder Luís 5 (Saviola 5, 70’), Alan Kardec 5 (Cardozo 7, 70’). Treinador Jorge Jesus.
Árbitro Olegário Benquerença 4, de Leiria. Amarelos Tiago (50’, no banco), Pedro Silva (60’), Pedro Mendes (61’), Ramires (62’), Grimi (72’). Vermelhos directos João Pereira (7’) e Tiago (50’, no banco).
Golos
0-1, por David Luiz, aos 8’; 0-2, por Ramires, aos 30’; 1-2, por
Liedson, aos 37’; 1-3, por Luisão, aos 68’; 1-4, por Cardozo, aos 90’+4.