Lá para os lados da Gália, um certo chefe tribal gritava aos sete ventos
o seu maior medo: o homem temia que o céu se abatesse
sobre a sua cabeça. Era um pessimista moderado,
porém. Sempre que o confrontavam com a fobia, dizia bem humorado que a
tragédia
não estava marcada para o dia seguinte. A
história da conquista do Benfica em Matosinhos aproxima-se deste pedaço
delicioso
de ficção. Jesus e os seus homens desafiaram a
intempérie, não temeram a fúria meteorológica e regressaram a Lisboa
descansados, com a certeza que amanhã o céu não
lhes esmaga a vida. Um pontapé ambicioso e afortunado de Éder Luís
antecedeu
três instantes purificados pela genialidade de
Di María. Quatro golos embrulharam um triunfo tão simples quanto
ajustado.
O Leixões, de resto, limitou-se a ser
aquilo que Fernando Castro Santos parece querer. Uma equipa apostada em
defender,
defender e defender, à espera que o contendor
não se lembre de marcar um golo. Enquanto o nulo prevalece, os
matosinhenses
conseguem ser equilibrados. Em desvantagem, as
limitações de que padecem chegam a ser confrangedoras. O penúltimo
colocado
da Liga tem um futebol desanimado e rudimentar. O
segredo do Benfica? Uma amnésia generalizada Ora, se
o segredo para a felicidade é uma má memória,
como alguns defendem, não é desajustado acreditar que este Benfica sofre
de
amnésia. Os homens da Luz parecem não estar
lembrados do passado recente, que tão avarento lhes foi. Em Matosinhos,
por exemplo,
perderam na época passada rumo ao sonho da taça e
empataram para a liga, como já tinham feito numa visita anterior. Esse
é um dos méritos de Jorge Jesus. O treinador
conseguiu limpar o dramatismo das últimas épocas e incutiu um altíssimo
nível
de auto-confiança nos jogadores. Sem fazer um
jogo intenso, inspirado ou até esmagador, o Benfica marcou quatro golos
num
relvado onde o F.C. Porto deixara, há duas
semanas, dois pontos. O líder do campeonato soube ler as
limitações gritantes
do Leixões, fez da sorte o motor de arranque ¿
no remate para golo de Éder Luís a bola desvia num matosinhense ¿ e
explorou
até ao tutano a grande noite de Di María. O
argentino indicou o caminho e o séquito encarnado seguiu-lhe as pisadas.
Um
génio chamado Di María
O Leixões,
já se disse, apostou dedos e anéis no empate. Entregou a alma na loja de
penhores e ficou sem nada. Sem pontos, sem
orgulho, sem moral. Di María de tudo se apossou. Na mais bela aparição
da época,
o internacional argentino mostrou que é, de
facto, um executante de primeira água. Três golos brilhantes, três
instantes de
intuição, repentismo, critério. O rapaz é bom,
muito bom. E assim se preenche esta crónica de uma vitória
anunciada.
Falta sublinhar somente a estreia competente de
Airton no lugar de Javi García e a exclusão de Pablo Aimar dos 18
eleitos.
Ah, Di María teve um golo mal anulado, ainda com
o marcador em branco. Mas o que interessa isso? O rapaz vingou-se com
três
golos e a certeza de que o céu está muito bem lá
em cima.
o seu maior medo: o homem temia que o céu se abatesse
sobre a sua cabeça. Era um pessimista moderado,
porém. Sempre que o confrontavam com a fobia, dizia bem humorado que a
tragédia
não estava marcada para o dia seguinte. A
história da conquista do Benfica em Matosinhos aproxima-se deste pedaço
delicioso
de ficção. Jesus e os seus homens desafiaram a
intempérie, não temeram a fúria meteorológica e regressaram a Lisboa
descansados, com a certeza que amanhã o céu não
lhes esmaga a vida. Um pontapé ambicioso e afortunado de Éder Luís
antecedeu
três instantes purificados pela genialidade de
Di María. Quatro golos embrulharam um triunfo tão simples quanto
ajustado.
O Leixões, de resto, limitou-se a ser
aquilo que Fernando Castro Santos parece querer. Uma equipa apostada em
defender,
defender e defender, à espera que o contendor
não se lembre de marcar um golo. Enquanto o nulo prevalece, os
matosinhenses
conseguem ser equilibrados. Em desvantagem, as
limitações de que padecem chegam a ser confrangedoras. O penúltimo
colocado
da Liga tem um futebol desanimado e rudimentar. O
segredo do Benfica? Uma amnésia generalizada Ora, se
o segredo para a felicidade é uma má memória,
como alguns defendem, não é desajustado acreditar que este Benfica sofre
de
amnésia. Os homens da Luz parecem não estar
lembrados do passado recente, que tão avarento lhes foi. Em Matosinhos,
por exemplo,
perderam na época passada rumo ao sonho da taça e
empataram para a liga, como já tinham feito numa visita anterior. Esse
é um dos méritos de Jorge Jesus. O treinador
conseguiu limpar o dramatismo das últimas épocas e incutiu um altíssimo
nível
de auto-confiança nos jogadores. Sem fazer um
jogo intenso, inspirado ou até esmagador, o Benfica marcou quatro golos
num
relvado onde o F.C. Porto deixara, há duas
semanas, dois pontos. O líder do campeonato soube ler as
limitações gritantes
do Leixões, fez da sorte o motor de arranque ¿
no remate para golo de Éder Luís a bola desvia num matosinhense ¿ e
explorou
até ao tutano a grande noite de Di María. O
argentino indicou o caminho e o séquito encarnado seguiu-lhe as pisadas.
Um
génio chamado Di María
O Leixões,
já se disse, apostou dedos e anéis no empate. Entregou a alma na loja de
penhores e ficou sem nada. Sem pontos, sem
orgulho, sem moral. Di María de tudo se apossou. Na mais bela aparição
da época,
o internacional argentino mostrou que é, de
facto, um executante de primeira água. Três golos brilhantes, três
instantes de
intuição, repentismo, critério. O rapaz é bom,
muito bom. E assim se preenche esta crónica de uma vitória
anunciada.
Falta sublinhar somente a estreia competente de
Airton no lugar de Javi García e a exclusão de Pablo Aimar dos 18
eleitos.
Ah, Di María teve um golo mal anulado, ainda com
o marcador em branco. Mas o que interessa isso? O rapaz vingou-se com
três
golos e a certeza de que o céu está muito bem lá
em cima.