Alfo Monteiro e o
filho Ildeberto, que morreu com seis anos, atropelado por uma Toyota
Dyna de caixa aberta
Caso:
Ildeberto morreu atropelado em 2003. Tinha apenas seis anos
Justiça tarda em morte de criança
Alfo Monteiro e
a mulher, Sabina, não esquecem o dia 26 de Setembro de 2003. O filho
Ildeberto, de seis anos, jogava à bola com os amigos na rua do Cercado,
junto ao prédio onde moravam, em Massamá, quando foi atropelado. Teve
morte imediata. Mais de seis anos depois, o caso ainda corre nos
tribunais. "Agora percebo porque é que os pobres fazem justiça com as
próprias mãos", desabafa Alfo Monteiro, de 43 anos.
O Ministério Público abriu um inquérito-crime, mas
considerou que não havia matéria para acusar o condutor e o processo foi
arquivado a 12 de Maio de 2005, de modo surpreendente, segundo o
advogado de defesa, Adriano Malalane: 'O procurador aceitou a versão do
arguido de que estava a fazer marcha-atrás quando a criança se pôs
debaixo da viatura para ir buscar a bola e foi esmagada pelo pneu.' Só
que a autópsia não detectou sinais de esmagamento: 'O procurador já
conhecia a autópsia, mas foi contra a versão científica. Sempre achei
que ele queria arquivar o caso. Como se explica que a criança tenha
tombado e batido com a cabeça a dois metros da frente da viatura? Penso
que não houve intenção de matar, mas foi homicídio por negligência, e o
condutor teria de ser julgado.'
Os pais de
Ildeberto interpuseram então processo cível a 14 de Fevereiro de 2005,
exigindo uma indemnização de 170 mil euros à seguradora. 'Dinheiro
nenhum compensa esta perda, mas achei que pelo meu filho tinha de tentar
tudo', diz Alfo. Só mais de dois anos depois, a 7 de Março de 2007, tem
lugar a audiência preliminar. Um ano volvido, a 7 de Julho de 2008,
realiza-se a primeira audiência de julgamento. Depois, o processo esteve
parado mais um ano e meio, primeiro devido às dificuldades em ouvir o
condutor, depois por causa da mudança da juíza para outra comarca. Como a
lei obriga a que seja o mesmo magistrado a começar e a acabar o
julgamento, foi preciso pedir ao Conselho Superior da Magistratura para
contactar a juíza. Já este mês, o advogado foi notificado. O julgamento
vai finalmente recomeçar, dia 15.
PEDIDO
DE CONDUTOR INDIGNA PAIS DE ILDEBERTO
O
advogado Adriano Malalane chamou o condutor da carrinha que atropelou a
criança para depor como testemunha no processo cível. Só que o motorista
tinha entretanto emigrado para Inglaterra. Na audiência de julgamento, a
juíza leu uma carta do condutor em que este afirmava que só viajaria
até Lisboa para depor se os pais de Ildeberto lhe pagassem a viagem, a
estadia e os dias de trabalho que teria de perder. 'Foi uma revolta
muito grande ouvir aquilo. Atropelou o meu filho e foi capaz de exigir
uma coisa destas', desabafa Alfo Monteiro.
PORMENORES
JÚLIO DE MATOS
Alfo encontrou-se
recentemente com o motorista. 'Disse-me que ficou com a vida desfeita e
foi parar ao Júlio de Matos. Mas eu perdi o meu filho, também tenho a
vida desfeita e o martírio não acaba.'
RECONSTITUIÇÃO
Entre as peripécias do processo conta-se uma tentativa
de reconstituição do acidente que nunca se realizou porque ninguém do
Tribunal de Sintra compareceu no dia marcado.
filho Ildeberto, que morreu com seis anos, atropelado por uma Toyota
Dyna de caixa aberta
Caso:
Ildeberto morreu atropelado em 2003. Tinha apenas seis anos
Justiça tarda em morte de criança
Alfo Monteiro e
a mulher, Sabina, não esquecem o dia 26 de Setembro de 2003. O filho
Ildeberto, de seis anos, jogava à bola com os amigos na rua do Cercado,
junto ao prédio onde moravam, em Massamá, quando foi atropelado. Teve
morte imediata. Mais de seis anos depois, o caso ainda corre nos
tribunais. "Agora percebo porque é que os pobres fazem justiça com as
próprias mãos", desabafa Alfo Monteiro, de 43 anos.
O Ministério Público abriu um inquérito-crime, mas
considerou que não havia matéria para acusar o condutor e o processo foi
arquivado a 12 de Maio de 2005, de modo surpreendente, segundo o
advogado de defesa, Adriano Malalane: 'O procurador aceitou a versão do
arguido de que estava a fazer marcha-atrás quando a criança se pôs
debaixo da viatura para ir buscar a bola e foi esmagada pelo pneu.' Só
que a autópsia não detectou sinais de esmagamento: 'O procurador já
conhecia a autópsia, mas foi contra a versão científica. Sempre achei
que ele queria arquivar o caso. Como se explica que a criança tenha
tombado e batido com a cabeça a dois metros da frente da viatura? Penso
que não houve intenção de matar, mas foi homicídio por negligência, e o
condutor teria de ser julgado.'
Os pais de
Ildeberto interpuseram então processo cível a 14 de Fevereiro de 2005,
exigindo uma indemnização de 170 mil euros à seguradora. 'Dinheiro
nenhum compensa esta perda, mas achei que pelo meu filho tinha de tentar
tudo', diz Alfo. Só mais de dois anos depois, a 7 de Março de 2007, tem
lugar a audiência preliminar. Um ano volvido, a 7 de Julho de 2008,
realiza-se a primeira audiência de julgamento. Depois, o processo esteve
parado mais um ano e meio, primeiro devido às dificuldades em ouvir o
condutor, depois por causa da mudança da juíza para outra comarca. Como a
lei obriga a que seja o mesmo magistrado a começar e a acabar o
julgamento, foi preciso pedir ao Conselho Superior da Magistratura para
contactar a juíza. Já este mês, o advogado foi notificado. O julgamento
vai finalmente recomeçar, dia 15.
PEDIDO
DE CONDUTOR INDIGNA PAIS DE ILDEBERTO
O
advogado Adriano Malalane chamou o condutor da carrinha que atropelou a
criança para depor como testemunha no processo cível. Só que o motorista
tinha entretanto emigrado para Inglaterra. Na audiência de julgamento, a
juíza leu uma carta do condutor em que este afirmava que só viajaria
até Lisboa para depor se os pais de Ildeberto lhe pagassem a viagem, a
estadia e os dias de trabalho que teria de perder. 'Foi uma revolta
muito grande ouvir aquilo. Atropelou o meu filho e foi capaz de exigir
uma coisa destas', desabafa Alfo Monteiro.
PORMENORES
JÚLIO DE MATOS
Alfo encontrou-se
recentemente com o motorista. 'Disse-me que ficou com a vida desfeita e
foi parar ao Júlio de Matos. Mas eu perdi o meu filho, também tenho a
vida desfeita e o martírio não acaba.'
RECONSTITUIÇÃO
Entre as peripécias do processo conta-se uma tentativa
de reconstituição do acidente que nunca se realizou porque ninguém do
Tribunal de Sintra compareceu no dia marcado.