Em 1981 a final da Taça não foi transmitida em directo pela RTP, porque a
FPF pediu 900 contos por um resumo de 20 minutos.
Das 11 finais entre Benfica e FC Porto
(nove para a Taça de Portugal
e duas para a Supertaça, com 8-3 em títulos para os encarnados), a
decisão de 1981 entrou na história como a mais bem-educada de sempre
entre os dois rivais, sem confusões nem expulsões.
A ajudar à
festa, os passes de Shéu e os golos de Nené
na vitória do Benfica por 3-1, no Jamor, numa época em que os jornais
não distinguiam os dois Jaimes do FC Porto pelos
apelidos mas sim por I e II - Pacheco e Magalhães,
respectivamente, pelo critério da idade (23-21 anos) e tempo de casa
(2-1). Mas neste caso esta distinção até nem foi necessária porque o FC
Porto nunca se encontrou, nem quando Veloso fez autogolo aos 9'.
O
furacão Benfica, já coroado campeão nacional com dois pontos de avanço
sobre o FC Porto e 13 sobre o Sporting, encarregou-se de monopolizar o
futebol português, com a conquista da Taça de Portugal na sétima
dobradinha na história do clube. A culpa foi de Nené, mas também de
Shéu. Este passava e o outro marcava. Foi assim uma, duas e três vezes.
Na baliza, o pobre coitado Tibi. "Você nem imagina a
quantidade de vezes que joguei com o Nené", diz o guarda-redes do FC
Porto ao i, em directo e ao vivo do seu café em Matosinhos. "Ele
enganava-me com frequência. Era um artista mesmo quando jogava a
extremo, porque era velocíssimo e tinha um jeito de rematar muito
curioso." E passa a explicar: "Parado ou em corrida, o Nené chutava com a
parte interior do pé direito, de maneira à bola fazer um arco que
apanhava sempre desprevenido quem estava na baliza, por mais experiente
que fosse. A bola parecia que saía longe do poste, mas de repente fazia
um arco e passava mesmo rente aos nossos dedos das mãos. Era
exasperante, garanto-lhe."
Nessa tarde, em que Nené foi o capitão
na ausência de Humberto Coelho, lesionado, Tibi sofreu três golos mas
evitou outros tantos. "Há uma jogada em que o Nené faz aquele remate e
eu defendo. Nem imagina a minha alegria. Bolas, finalmente uma defesa.
Nem meio segundo depois estava a perguntar a mim mesmo o porquê de estar
feliz. Já estávamos a perder...", desabafa Tibi
Melhor marcador
da 1.a divisão dessa época 1980-81, com 20 golos em 29 jogos, Nené
fechou a época com chave de ouro, com três golos ao FC Porto. Foi ele
quem, vestido à FC Porto numa troca de camisolas com Costa, levantou a
Taça de Portugal, entregue pelo general das Forças Armadas, o
sportinguista Melo Egídio, que se fez representar pelo governo, na
ausência de Ramalho Eanes, Presidente da República. Mas isto só viu quem
foi ao Jamor, porque mais uma vez a final da Taça de Portugal não foi
transmitida em directo pela RTP - que, a propósito, dava religiosamente a
final da Taça de Inglaterra e nessa época até deu o desempate da final,
também em Wembley, entre Tottenham e Manchester City.
Pois é, a
festa da Taça, como tantas vezes é apelidada, não deu na televisão
porque a Federação Portuguesa de Futebol pediu 900 contos por 20 minutos
de resumo! Foi o próprio Serafim Marques, responsável pelo desporto da
RTP, quem deu a má notícia aos jornais e daí aos adeptos.
Depois
dessa final, o futebol nunca mais foi o mesmo - no ano seguinte, Pinto
da Costa assume a presidência do FC Porto, Jaime Pacheco perde o I,
Jaime Magalhães o II e Nené nunca mais marcou a Tibi.
FPF pediu 900 contos por um resumo de 20 minutos.
Das 11 finais entre Benfica e FC Porto
(nove para a Taça de Portugal
e duas para a Supertaça, com 8-3 em títulos para os encarnados), a
decisão de 1981 entrou na história como a mais bem-educada de sempre
entre os dois rivais, sem confusões nem expulsões.
A ajudar à
festa, os passes de Shéu e os golos de Nené
na vitória do Benfica por 3-1, no Jamor, numa época em que os jornais
não distinguiam os dois Jaimes do FC Porto pelos
apelidos mas sim por I e II - Pacheco e Magalhães,
respectivamente, pelo critério da idade (23-21 anos) e tempo de casa
(2-1). Mas neste caso esta distinção até nem foi necessária porque o FC
Porto nunca se encontrou, nem quando Veloso fez autogolo aos 9'.
O
furacão Benfica, já coroado campeão nacional com dois pontos de avanço
sobre o FC Porto e 13 sobre o Sporting, encarregou-se de monopolizar o
futebol português, com a conquista da Taça de Portugal na sétima
dobradinha na história do clube. A culpa foi de Nené, mas também de
Shéu. Este passava e o outro marcava. Foi assim uma, duas e três vezes.
Na baliza, o pobre coitado Tibi. "Você nem imagina a
quantidade de vezes que joguei com o Nené", diz o guarda-redes do FC
Porto ao i, em directo e ao vivo do seu café em Matosinhos. "Ele
enganava-me com frequência. Era um artista mesmo quando jogava a
extremo, porque era velocíssimo e tinha um jeito de rematar muito
curioso." E passa a explicar: "Parado ou em corrida, o Nené chutava com a
parte interior do pé direito, de maneira à bola fazer um arco que
apanhava sempre desprevenido quem estava na baliza, por mais experiente
que fosse. A bola parecia que saía longe do poste, mas de repente fazia
um arco e passava mesmo rente aos nossos dedos das mãos. Era
exasperante, garanto-lhe."
Nessa tarde, em que Nené foi o capitão
na ausência de Humberto Coelho, lesionado, Tibi sofreu três golos mas
evitou outros tantos. "Há uma jogada em que o Nené faz aquele remate e
eu defendo. Nem imagina a minha alegria. Bolas, finalmente uma defesa.
Nem meio segundo depois estava a perguntar a mim mesmo o porquê de estar
feliz. Já estávamos a perder...", desabafa Tibi
Melhor marcador
da 1.a divisão dessa época 1980-81, com 20 golos em 29 jogos, Nené
fechou a época com chave de ouro, com três golos ao FC Porto. Foi ele
quem, vestido à FC Porto numa troca de camisolas com Costa, levantou a
Taça de Portugal, entregue pelo general das Forças Armadas, o
sportinguista Melo Egídio, que se fez representar pelo governo, na
ausência de Ramalho Eanes, Presidente da República. Mas isto só viu quem
foi ao Jamor, porque mais uma vez a final da Taça de Portugal não foi
transmitida em directo pela RTP - que, a propósito, dava religiosamente a
final da Taça de Inglaterra e nessa época até deu o desempate da final,
também em Wembley, entre Tottenham e Manchester City.
Pois é, a
festa da Taça, como tantas vezes é apelidada, não deu na televisão
porque a Federação Portuguesa de Futebol pediu 900 contos por 20 minutos
de resumo! Foi o próprio Serafim Marques, responsável pelo desporto da
RTP, quem deu a má notícia aos jornais e daí aos adeptos.
Depois
dessa final, o futebol nunca mais foi o mesmo - no ano seguinte, Pinto
da Costa assume a presidência do FC Porto, Jaime Pacheco perde o I,
Jaime Magalhães o II e Nené nunca mais marcou a Tibi.