PALAVRA DE PINTO DA COSTA: "Quem, como no meu caso, na
qualidade de presidente do Futebol Clube do Porto, tem a
responsabilidade de escolher o treinador das suas equipas, está sujeito
a 'acertar' ou 'não acertar.'" Em 2003, foi o presidente portista que
escreveu isto no livro "José Mourinho", de Luís
Lourenço, sobre a contratação do homem que mudou o clube. Então e esta
época? Pinto da Costa acertou ao não contratar Jorge Jesus? A resposta
nunca será consensual mas apimenta a final da Taça da Liga que se joga
este domingo - é que o treinador do Benfica podia muito bem estar
sentado no lugar ainda aquecido por Jesualdo Ferreira.
Recuemos
pouco mais de um ano, até Novembro de 2008. O FC Porto perde três jogos
seguidos, na Liga dos Campeões (Dínamo Kiev) e no
campeonato (Leixões e Naval), chegando ao fim do ano sem a vantagem que
costuma ter relativamente à concorrência. O Benfica está à perna. Pinto
da Costa começa a pensar no futuro e o nome de Jorge Jesus salta para os
jornais - está a fazer uma grande época em Braga e é o escolhido.
Ao
contrário do que fez com Mourinho, Pinto da Costa não fechou o negócio.
Jesualdo Ferreira deu a volta ao texto, a equipa salvou-se para uma boa
campanha na Liga dos Campeões (até aos quartos-de-final, com o
Manchester United) e em Portugal descolou do Benfica à medida que Quique
Flores se ia afundando no Estádio da Luz. Estava à vista o
tricampeonato de Jesualdo Ferreira e Pinto da Costa não tinha como lhe
negar a renovação de contrato. Ao mesmo tempo, em Braga, Jorge Jesus
sabia que podia ser o próximo treinador do FC Porto, mas tinha de
esperar. Até quando? Na dúvida, fez o contrário de Mourinho.
Não
parece, mas "o especial" também tem dias de calma. Em 2001, depois de
uma abordagem de Manuel Vilarinho, que pretendia
fazê-lo regressar ao Benfica, negou-se e nem uma reunião com Luís
Filipe Vieira o convenceu. Não concordava com a imposição de
ter Jesualdo Ferreira na sua equipa técnica, garantiu no seu livro. No
final de Dezembro, depois da dupla nega ao Benfica, os jornais
continuavam a noticiar que Mourinho seria o próximo treinador do
Benfica, mas Pinto da Costa colocou-se em campo. Através de Jorge
Baidek, empresário, conseguiu uma reunião e tudo ficou acertado. "Você
será o sucessor de Octávio [Machado] no FC Porto, esperando que seja só
no final do contrato." Mourinho concordou: "Fico no Leiria e espero não
vir para o FC Porto este ano." Bateu tudo certo menos o timing - Octávio
Machado e o FC Porto rescindiram contrato logo em Janeiro devido aos
maus resultados e José Mourinho fez-se dragão.
PALAVRA DE
PINTO DA COSTA: "Congratulo-me com o facto de podermos contar
com a sua presença à frente da equipa do FC Porto por mais estes dois
anos. E espero que não sejam os últimos." Há pouco mais de um ano, foi
assim que o presidente do FC Porto falou de Jesualdo Ferreira. Estava
convencido de que não precisava de Jesus. De repente, Jesualdo tornou-se
o treinador de maior longevidade em quase trinta anos de liderança de
Pinto da Costa. Os resultados mudaram tudo. Como agora.
A
contratação está por um fio. Na época passada, nem o presidente do Braga,
António Salvador, tinha a certeza de conseguir desviar Jorge Jesus do
Dragão. Teve de o confirmar. "Não vai para o FC Porto. Falei com Pinto
da Costa, disse-me que podia estar descansado." Depois veio o ataque de
Luís Filipe Vieira, que, ao contrário do que aconteceu com Mourinho,
desta vez não falhou. Convenceu Jorge Jesus pagando-lhe pouco mais do
que ganhava em Braga (500 mil euros/época, mais prémios por vitórias) e
ambos deram a volta à cláusula de rescisão (um milhão de euros) de que
António Salvador não abdicou. De repente, Jesus fez-se águia. Hoje é
líder do campeonato, Jesualdo o homem em fim de ciclo.
A Taça da
Liga vale pouco mais do que nada - é o troféu menos excitante da época,
aquele em que as equipas rodam jogadores menos utilizados - mas nesta
altura uma vitória ou uma derrota pode fazer toda a diferença para quem
precisa de julgar o "acerto" de Pinto da Costa. Se Jorge Jesus
conquistar o primeiro título da sua carreira de 20 anos em Portugal
(ganhou a Taça Intertoto pelo Braga) estará demonstrado o erro de
casting do presidente do FC Porto. Parece coisa séria mas não se pense
que é razão para ambos se chatearem. Em Novembro passado encontraram-se
numa apresentação de um livro em Lisboa, falaram e sorriram uns
segundos. Jesus terá dito que este ano não vale a pena Pinto da Costa
esforçar-se porque o campeão será o Benfica. São amigos. OK, e a Taça da
Liga fica para quem?
*Amanhã, FC Porto-Benfica, às 19h15 na SIC
qualidade de presidente do Futebol Clube do Porto, tem a
responsabilidade de escolher o treinador das suas equipas, está sujeito
a 'acertar' ou 'não acertar.'" Em 2003, foi o presidente portista que
escreveu isto no livro "José Mourinho", de Luís
Lourenço, sobre a contratação do homem que mudou o clube. Então e esta
época? Pinto da Costa acertou ao não contratar Jorge Jesus? A resposta
nunca será consensual mas apimenta a final da Taça da Liga que se joga
este domingo - é que o treinador do Benfica podia muito bem estar
sentado no lugar ainda aquecido por Jesualdo Ferreira.
Recuemos
pouco mais de um ano, até Novembro de 2008. O FC Porto perde três jogos
seguidos, na Liga dos Campeões (Dínamo Kiev) e no
campeonato (Leixões e Naval), chegando ao fim do ano sem a vantagem que
costuma ter relativamente à concorrência. O Benfica está à perna. Pinto
da Costa começa a pensar no futuro e o nome de Jorge Jesus salta para os
jornais - está a fazer uma grande época em Braga e é o escolhido.
Ao
contrário do que fez com Mourinho, Pinto da Costa não fechou o negócio.
Jesualdo Ferreira deu a volta ao texto, a equipa salvou-se para uma boa
campanha na Liga dos Campeões (até aos quartos-de-final, com o
Manchester United) e em Portugal descolou do Benfica à medida que Quique
Flores se ia afundando no Estádio da Luz. Estava à vista o
tricampeonato de Jesualdo Ferreira e Pinto da Costa não tinha como lhe
negar a renovação de contrato. Ao mesmo tempo, em Braga, Jorge Jesus
sabia que podia ser o próximo treinador do FC Porto, mas tinha de
esperar. Até quando? Na dúvida, fez o contrário de Mourinho.
Não
parece, mas "o especial" também tem dias de calma. Em 2001, depois de
uma abordagem de Manuel Vilarinho, que pretendia
fazê-lo regressar ao Benfica, negou-se e nem uma reunião com Luís
Filipe Vieira o convenceu. Não concordava com a imposição de
ter Jesualdo Ferreira na sua equipa técnica, garantiu no seu livro. No
final de Dezembro, depois da dupla nega ao Benfica, os jornais
continuavam a noticiar que Mourinho seria o próximo treinador do
Benfica, mas Pinto da Costa colocou-se em campo. Através de Jorge
Baidek, empresário, conseguiu uma reunião e tudo ficou acertado. "Você
será o sucessor de Octávio [Machado] no FC Porto, esperando que seja só
no final do contrato." Mourinho concordou: "Fico no Leiria e espero não
vir para o FC Porto este ano." Bateu tudo certo menos o timing - Octávio
Machado e o FC Porto rescindiram contrato logo em Janeiro devido aos
maus resultados e José Mourinho fez-se dragão.
PALAVRA DE
PINTO DA COSTA: "Congratulo-me com o facto de podermos contar
com a sua presença à frente da equipa do FC Porto por mais estes dois
anos. E espero que não sejam os últimos." Há pouco mais de um ano, foi
assim que o presidente do FC Porto falou de Jesualdo Ferreira. Estava
convencido de que não precisava de Jesus. De repente, Jesualdo tornou-se
o treinador de maior longevidade em quase trinta anos de liderança de
Pinto da Costa. Os resultados mudaram tudo. Como agora.
A
contratação está por um fio. Na época passada, nem o presidente do Braga,
António Salvador, tinha a certeza de conseguir desviar Jorge Jesus do
Dragão. Teve de o confirmar. "Não vai para o FC Porto. Falei com Pinto
da Costa, disse-me que podia estar descansado." Depois veio o ataque de
Luís Filipe Vieira, que, ao contrário do que aconteceu com Mourinho,
desta vez não falhou. Convenceu Jorge Jesus pagando-lhe pouco mais do
que ganhava em Braga (500 mil euros/época, mais prémios por vitórias) e
ambos deram a volta à cláusula de rescisão (um milhão de euros) de que
António Salvador não abdicou. De repente, Jesus fez-se águia. Hoje é
líder do campeonato, Jesualdo o homem em fim de ciclo.
A Taça da
Liga vale pouco mais do que nada - é o troféu menos excitante da época,
aquele em que as equipas rodam jogadores menos utilizados - mas nesta
altura uma vitória ou uma derrota pode fazer toda a diferença para quem
precisa de julgar o "acerto" de Pinto da Costa. Se Jorge Jesus
conquistar o primeiro título da sua carreira de 20 anos em Portugal
(ganhou a Taça Intertoto pelo Braga) estará demonstrado o erro de
casting do presidente do FC Porto. Parece coisa séria mas não se pense
que é razão para ambos se chatearem. Em Novembro passado encontraram-se
numa apresentação de um livro em Lisboa, falaram e sorriram uns
segundos. Jesus terá dito que este ano não vale a pena Pinto da Costa
esforçar-se porque o campeão será o Benfica. São amigos. OK, e a Taça da
Liga fica para quem?
*Amanhã, FC Porto-Benfica, às 19h15 na SIC