4x4x2 veio para ficar
Época de tormentos, época
de lamentos, época de fundamentos revistos: mais ou menos ousado, mais
ou menos amputado, o FC Porto 2009/2010 poucas vezes mostrou a face
retocada: a base de sempre, no consulado de Jesualdo Ferreira, o quase
imutável 4x3x3, foi a base de três títulos praticamente incontestáveis.
Esta temporada já não foi bem assim: e o plano táctico vai mudar até ao
final...
Pelos vistos, o 4x4x2 veio para ficar. Apressado pela
recuperação de Hulk, redesenhado para maior liberdade criativa de Rúben
Micael, este modelo, ao qual Jesualdo Ferreira muito poucas vezes se
agarrou, será, definitivamente, o rosto táctico dos dragões nas sete ou
oito partidas que ainda há para disputar.
A sustentabilidade do
seu sistema dilecto (promovido com alguma espectacularidade em Braga e
potenciado no Dragão até ao tetracampeonato) acabou por sofrer esta
temporada toda a parafernália de revezes: grande parte da época por
falta de atacantes; grande parte da época por falta de alas; boa parte
da época sem alas nem atacantes.
Bem ou mal (mais mal que bem),
Jesualdo lá se foi aguentando, ora sem Hulk, ora sem Varela, ora sem
Rodriguez, ora sem Mariano, ora sem Farías. Ora sem todos eles, pois há
uma semana chegou a ter apenas Falcao em condições para preencher o
ataque.
E, em todo este calvário... uma constatação curiosa: o
dragão nem se dá nada mal travestindo-se para lá do 4x3x3. Nas
alterações tácticas, forçadas ou não (houve mais aproximações ou
distorções do modelo clássico, mas sempre a partir de nuances de
circunstância), afinal apenas uma derrota, normalíssima, em Stamford
Bridge, onde o FC Porto mudou de sistema... por opção.
De resto,
três vitórias e um empate, sempre que a roupagem mudou; e no que
interessa, a actualidade, a roupagem mudou mesmo para 4x4x2 e assim deve
continuar com este Hulk e este Falcao, mesmo que Farías queira
intrometer-se.