O alto, louro, tosco Manniche está na Dinamarca e torce para que o
Benfica derrote o Liverpool no Estádio da Luz. Como ele conseguiu em
1984............
Michael Manniche fala três línguas mas só se expressa
correctamente em dinamarquês, numa sonoridade que se assemelha à
de uma máquina de flippers. O seu inglês tem altos e baixos e o
português só aparece em palavras soltas, como "sócios", "Benfica",
"Cascais", "restaurante Pimentão" e "canina". Alto e louro,
Manniche foi o quinto estrangeiro de sempre a jogar no Benfica, depois
dos brasileiros Jorge Gomes e César (1979-80), do jugoslavo Filipovic
(82-83) e do sueco Stromberg (83-84).
O avançado
dinamarquês chegou à Luz no Verão de 1984, na era Fernando Martins. Veio
do Hvidovre, onde foi campeão dinamarquês, em 1981, e somou 23
golos em 77 jogos. Ainda antes de tocar na bola, Manniche já
causara impressão no aeroporto. Media 1,96 metros de altura e
tinha um arcaboiço pouco comum para um jogador de futebol.
Ainda por cima, em Portugal, onde a selecção nacional acabara de brilhar
no Euro-84 com seis jogadores do onze da meia-final com a França abaixo
do 1,75. Está a ver o impacto, não é verdade? Mas pronto, Manniche
vinha da Dinamarca, um país futebolisticamente sem expressão, e falou-se
numa aposta falhada de Fernando Martins. Puro engano. Em quatro
épocas na Luz, duas deles (a primeira e a última) em que não foi
titular assumido, Manniche não só ganhou seis títulos (dois campeonatos,
três Taças de Portugal e uma Supertaça nacional), como ainda marcou 75
golos em 132 jogos. Um desses golos foi ao Liverpool e valeu
uma vitória (1-0) sobre a equipa que o Benfica defronta esta
quinta-feira para os quartos-de-final da Liga Europa. Mote mais que
suficiente para uma viagem ao passado. Em dinamarquês (ou flipperês,
whatever), inglês e português. Mas sempre a rir, porque o homem é alto,
louro e divertido. E aí está uma característica pouco conhecida dos
dinamarqueses.
Boa tarde, é o Manniche?
Plim, plam,
plim (deve ter sido "sim" em dinamarquês).
Daqui Rui Miguel
Tovar, de Portugal. Tudo bem?
Ahhh, claro, claro. De que
jornal és?
Do i, que nasceu em Maio do ano passado.
Somos um jornal generalista. Política, economia, cultura, desporto...
Ahhh,
boa, boa. E o que queres?
Quero falar contigo sobre o
Benfica-Liverpool. Há uns anos marcaste um golo e o Benfica ganhou.
E
era tão bom que isso se repetisse, mas com happy end. Porque nesse dia
em que marquei, nunca mais me esqueço, fomos eliminados. Tínhamos
perdido 3-1 [hat trick de Ian Rush a responder à "ousadia" de
Diamantino] em Anfield e precisávamos de 2-0 para passar. O penálti foi
muito cedo, aos cinco minutos, julgo eu, numa falta do Grobbelaar sobre o
Jorge Silva. Portanto tivemos 85 minutos para marcar o 2-0 mas ele
nunca chegou e lembro--me como se fosse agora (o "agora" dito em
português) que os adeptos do Benfica nos aplaudiram no final do jogo,
que acabou dez para dez, com as expulsões de Pietra e Dalglish, ao mesmo
tempo, no final da primeira parte. Nessa altura o Benfica era bom e o
Liverpool era fortíssimo. Aliás, era o campeão europeu e também chegou à
final da Taça dos Campeões desse ano. Agora há um maior equilíbrio de
forças e é até o Benfica quem está por cima do Liverpool em confiança,
ritmo e jogo.
É verdade que "Tosco" era a sua alcunha na Luz?
Toscooo
[pergunta com sotaque inglês]? Sim, lembro-me disso. Mas não é uma
coisa muito boa, pois não?
É como se fosse desajeitado.
Ah
ah ah [grandes gargalhadas, seguidas de uma explicação em dinamarquês a
pessoas ao seu lado e aí explosão de gargalhadas em conjunto]. Tosco,
ok! Sim, as pessoas começaram a chamar-me isso no início, porque havia
Filipovic e Nené, porque eu não era titular e porque não conseguia dar
cinco toques seguidos na bola, mas depois melhoraram e cheguei a ser
chamado "canina", por graça. Não há um internacional português que tem o
meu nome?
Sim, o Maniche.
Pois, mas só com um
"ene". Que isso dos dois "enes" é um exclusivo meu. Nada de confusões
entre ele e eu [e mais gargalhadas]. E ele não me parece nada toscooo.
Pela forma como jogou no Euro-2004 e no Mundial-2006... Para acabar isso
do toscooo, nunca ninguém me chamou isso directamente, mas às vezes
ouvia, na rua, num restaurante.
Onde é que vivia?
Cascais
[e o tom de voz sobe alegremente]. Fora de Lisboa mas tão perto e tão
bonito... Foi o Benfica que escolheu a minha casa, porque lá eu ficava
ao lado de Stromberg e Eriksson.
Mas então como é que um
dinamarquês se entendia com dois suecos?
Sou uma desgraça
para a nação. Admito. Eh eh. Repara no meu dia-a-dia. Ia para os treinos
e vinha para casa com o Stromberg, a percorrer aquela linda marginal, e
depois jantava com suecos, que nada tinham a ver com futebol. Eram
vizinhos e depois tornaram-se amigos.
E havia algum
restaurante de eleição?
Sim, o Pimentao [é Pimentão, claro].
Os peixes, as sobremesas. Ui ui, fantastic!
Mais alguma coisa?
Sim,
os almoços e jantares com os jogadores do Benfica. Grandes tempos.
Pietra, Álvaro, Bastos Lopes, Humberto Coelho, Oliveira, Diamantino,
Carlos Manuel [ver caixa]. E as festas do Stromberg?
Então?
Eram
do caraças [diz em português, outra vez com o tom de voz alegre]. Ele
era um óptimo anfitrião.
E dentro de campo?
O
maestro a comandar aquele Benfica sensacional. Jogávamos de olhos
fechados.
E lá na frente, como é que era?
Levava
porrada de meia-noite [novamente em português].
De quem?
Bolas,
Lima Pereira [FC Porto] e Venâncio [Sporting, ver caixa ao lado]. Eram
bons centrais, mas sofri entradas por trás completamente loucas. Eram
outros tempos, em que não havia lei.
E mais?
Ganhava
muitas bolas de cabeça. Era o canina, não era?
É verdade que
um dia marcou um golo de cabeça de fora da área?
Ah sim, sim.
Ao Sporting do Damas, mas nem me fales dessa tarde em que perdemos em
casa [2-1, com Morato e Manuel Fernandes a surpreender Bento, a 13 de
Abril de 1986, na primeira vitória do Sporting na Luz desde 1965] e
deixámo-nos ultrapassar pelo FC Porto do Artur Jorge, na penúltima
jornada. Eles foram campeões nacionais uma semana depois e campeões
europeus na época seguinte.
Mas nessa época, 1985-86, o
Benfica acabou a época a ganhar a Taça de Portugal. Nem tudo foi mau.
Sim,
de acordo, mas o campeonato estava quase, quase. Foi uma pena. A Taça
de Portugal foi um consolo. Ganhámos 2-0 ao Belenenses no Jamor.
Perto
de casa, então?
Ahh, pois é. Mas não cheguei lá de carro,
porque o Stromberg já estava na Atalanta e porque houve estágio num
hotel. Cheguei de autocarro. Mas nessa tarde não marquei, apesar de ser
titular.
Sim, mas já tinha brilhado no Jamor, na época
anterior.
Pois, é verdade, foi no tal ano em que bati o
Grobbelaar, do Liverpool, de penálti. Nessa final marquei dois ao FC
Porto [3-1]. Tenho óptimas recordações da Taça. Em quatro épocas joguei
três finais. Só falhei a de 1984, na época de estreia, porque fomos
eliminados pelo Sporting, em Alvalade [1-2 nos oitavos, com golos de
Carlos Manuel 8', Jordão 58' e Manuel Fernandes 78']. Duas épocas depois
vingámo-nos [5-0 ao Sporting na Luz, nos quartos de final, com golos de
Rui Águas 11', Wando 40', Álvaro 84', Manniche 86' gp e novamente Wando
90'], depois de eliminar o FC Porto [2-1 na Luz]. A Taça era óptima
para mim porque marcava muitos golos [18 jogos e 22 golos, quatro deles
ao Ponte da Barca, três ao União de Santarém, outros três ao FC Porto,
este em eliminatórias diferentes, e mais três ao Vialonga].
E
qual foi o melhor golo?
Difícil. Gostei de um ao V.
Guimarães, em que fiz um chapéu com a parte... Como se diz aí?...
Trivela. Promete que não diz nada ao guarda-redes?
Sim,
prometo.
Era o Silvino. Na minha última época na Luz [86-87]
ele jogou comigo, mas nesse 8-0 ele não teve a mínima hipótese. Estava
adiantado e aproveitei.
Agora é que é para a despedida. O que
diz ao seu anúncio da Robbialac?
Então, se o Eriksson fez um
Macieira, com aquele chapéu, porque é que eu não podia? É como o chapéu
ao Silvino. Tentei a minha sorte mas já nem sei o que dizia no anúncio.
Na altura arranhava o português.
Pois... Abraço
Até
já [português com sotaque de Cascais].
Benfica derrote o Liverpool no Estádio da Luz. Como ele conseguiu em
1984............
Michael Manniche fala três línguas mas só se expressa
correctamente em dinamarquês, numa sonoridade que se assemelha à
de uma máquina de flippers. O seu inglês tem altos e baixos e o
português só aparece em palavras soltas, como "sócios", "Benfica",
"Cascais", "restaurante Pimentão" e "canina". Alto e louro,
Manniche foi o quinto estrangeiro de sempre a jogar no Benfica, depois
dos brasileiros Jorge Gomes e César (1979-80), do jugoslavo Filipovic
(82-83) e do sueco Stromberg (83-84).
O avançado
dinamarquês chegou à Luz no Verão de 1984, na era Fernando Martins. Veio
do Hvidovre, onde foi campeão dinamarquês, em 1981, e somou 23
golos em 77 jogos. Ainda antes de tocar na bola, Manniche já
causara impressão no aeroporto. Media 1,96 metros de altura e
tinha um arcaboiço pouco comum para um jogador de futebol.
Ainda por cima, em Portugal, onde a selecção nacional acabara de brilhar
no Euro-84 com seis jogadores do onze da meia-final com a França abaixo
do 1,75. Está a ver o impacto, não é verdade? Mas pronto, Manniche
vinha da Dinamarca, um país futebolisticamente sem expressão, e falou-se
numa aposta falhada de Fernando Martins. Puro engano. Em quatro
épocas na Luz, duas deles (a primeira e a última) em que não foi
titular assumido, Manniche não só ganhou seis títulos (dois campeonatos,
três Taças de Portugal e uma Supertaça nacional), como ainda marcou 75
golos em 132 jogos. Um desses golos foi ao Liverpool e valeu
uma vitória (1-0) sobre a equipa que o Benfica defronta esta
quinta-feira para os quartos-de-final da Liga Europa. Mote mais que
suficiente para uma viagem ao passado. Em dinamarquês (ou flipperês,
whatever), inglês e português. Mas sempre a rir, porque o homem é alto,
louro e divertido. E aí está uma característica pouco conhecida dos
dinamarqueses.
Boa tarde, é o Manniche?
Plim, plam,
plim (deve ter sido "sim" em dinamarquês).
Daqui Rui Miguel
Tovar, de Portugal. Tudo bem?
Ahhh, claro, claro. De que
jornal és?
Do i, que nasceu em Maio do ano passado.
Somos um jornal generalista. Política, economia, cultura, desporto...
Ahhh,
boa, boa. E o que queres?
Quero falar contigo sobre o
Benfica-Liverpool. Há uns anos marcaste um golo e o Benfica ganhou.
E
era tão bom que isso se repetisse, mas com happy end. Porque nesse dia
em que marquei, nunca mais me esqueço, fomos eliminados. Tínhamos
perdido 3-1 [hat trick de Ian Rush a responder à "ousadia" de
Diamantino] em Anfield e precisávamos de 2-0 para passar. O penálti foi
muito cedo, aos cinco minutos, julgo eu, numa falta do Grobbelaar sobre o
Jorge Silva. Portanto tivemos 85 minutos para marcar o 2-0 mas ele
nunca chegou e lembro--me como se fosse agora (o "agora" dito em
português) que os adeptos do Benfica nos aplaudiram no final do jogo,
que acabou dez para dez, com as expulsões de Pietra e Dalglish, ao mesmo
tempo, no final da primeira parte. Nessa altura o Benfica era bom e o
Liverpool era fortíssimo. Aliás, era o campeão europeu e também chegou à
final da Taça dos Campeões desse ano. Agora há um maior equilíbrio de
forças e é até o Benfica quem está por cima do Liverpool em confiança,
ritmo e jogo.
É verdade que "Tosco" era a sua alcunha na Luz?
Toscooo
[pergunta com sotaque inglês]? Sim, lembro-me disso. Mas não é uma
coisa muito boa, pois não?
É como se fosse desajeitado.
Ah
ah ah [grandes gargalhadas, seguidas de uma explicação em dinamarquês a
pessoas ao seu lado e aí explosão de gargalhadas em conjunto]. Tosco,
ok! Sim, as pessoas começaram a chamar-me isso no início, porque havia
Filipovic e Nené, porque eu não era titular e porque não conseguia dar
cinco toques seguidos na bola, mas depois melhoraram e cheguei a ser
chamado "canina", por graça. Não há um internacional português que tem o
meu nome?
Sim, o Maniche.
Pois, mas só com um
"ene". Que isso dos dois "enes" é um exclusivo meu. Nada de confusões
entre ele e eu [e mais gargalhadas]. E ele não me parece nada toscooo.
Pela forma como jogou no Euro-2004 e no Mundial-2006... Para acabar isso
do toscooo, nunca ninguém me chamou isso directamente, mas às vezes
ouvia, na rua, num restaurante.
Onde é que vivia?
Cascais
[e o tom de voz sobe alegremente]. Fora de Lisboa mas tão perto e tão
bonito... Foi o Benfica que escolheu a minha casa, porque lá eu ficava
ao lado de Stromberg e Eriksson.
Mas então como é que um
dinamarquês se entendia com dois suecos?
Sou uma desgraça
para a nação. Admito. Eh eh. Repara no meu dia-a-dia. Ia para os treinos
e vinha para casa com o Stromberg, a percorrer aquela linda marginal, e
depois jantava com suecos, que nada tinham a ver com futebol. Eram
vizinhos e depois tornaram-se amigos.
E havia algum
restaurante de eleição?
Sim, o Pimentao [é Pimentão, claro].
Os peixes, as sobremesas. Ui ui, fantastic!
Mais alguma coisa?
Sim,
os almoços e jantares com os jogadores do Benfica. Grandes tempos.
Pietra, Álvaro, Bastos Lopes, Humberto Coelho, Oliveira, Diamantino,
Carlos Manuel [ver caixa]. E as festas do Stromberg?
Então?
Eram
do caraças [diz em português, outra vez com o tom de voz alegre]. Ele
era um óptimo anfitrião.
E dentro de campo?
O
maestro a comandar aquele Benfica sensacional. Jogávamos de olhos
fechados.
E lá na frente, como é que era?
Levava
porrada de meia-noite [novamente em português].
De quem?
Bolas,
Lima Pereira [FC Porto] e Venâncio [Sporting, ver caixa ao lado]. Eram
bons centrais, mas sofri entradas por trás completamente loucas. Eram
outros tempos, em que não havia lei.
E mais?
Ganhava
muitas bolas de cabeça. Era o canina, não era?
É verdade que
um dia marcou um golo de cabeça de fora da área?
Ah sim, sim.
Ao Sporting do Damas, mas nem me fales dessa tarde em que perdemos em
casa [2-1, com Morato e Manuel Fernandes a surpreender Bento, a 13 de
Abril de 1986, na primeira vitória do Sporting na Luz desde 1965] e
deixámo-nos ultrapassar pelo FC Porto do Artur Jorge, na penúltima
jornada. Eles foram campeões nacionais uma semana depois e campeões
europeus na época seguinte.
Mas nessa época, 1985-86, o
Benfica acabou a época a ganhar a Taça de Portugal. Nem tudo foi mau.
Sim,
de acordo, mas o campeonato estava quase, quase. Foi uma pena. A Taça
de Portugal foi um consolo. Ganhámos 2-0 ao Belenenses no Jamor.
Perto
de casa, então?
Ahh, pois é. Mas não cheguei lá de carro,
porque o Stromberg já estava na Atalanta e porque houve estágio num
hotel. Cheguei de autocarro. Mas nessa tarde não marquei, apesar de ser
titular.
Sim, mas já tinha brilhado no Jamor, na época
anterior.
Pois, é verdade, foi no tal ano em que bati o
Grobbelaar, do Liverpool, de penálti. Nessa final marquei dois ao FC
Porto [3-1]. Tenho óptimas recordações da Taça. Em quatro épocas joguei
três finais. Só falhei a de 1984, na época de estreia, porque fomos
eliminados pelo Sporting, em Alvalade [1-2 nos oitavos, com golos de
Carlos Manuel 8', Jordão 58' e Manuel Fernandes 78']. Duas épocas depois
vingámo-nos [5-0 ao Sporting na Luz, nos quartos de final, com golos de
Rui Águas 11', Wando 40', Álvaro 84', Manniche 86' gp e novamente Wando
90'], depois de eliminar o FC Porto [2-1 na Luz]. A Taça era óptima
para mim porque marcava muitos golos [18 jogos e 22 golos, quatro deles
ao Ponte da Barca, três ao União de Santarém, outros três ao FC Porto,
este em eliminatórias diferentes, e mais três ao Vialonga].
E
qual foi o melhor golo?
Difícil. Gostei de um ao V.
Guimarães, em que fiz um chapéu com a parte... Como se diz aí?...
Trivela. Promete que não diz nada ao guarda-redes?
Sim,
prometo.
Era o Silvino. Na minha última época na Luz [86-87]
ele jogou comigo, mas nesse 8-0 ele não teve a mínima hipótese. Estava
adiantado e aproveitei.
Agora é que é para a despedida. O que
diz ao seu anúncio da Robbialac?
Então, se o Eriksson fez um
Macieira, com aquele chapéu, porque é que eu não podia? É como o chapéu
ao Silvino. Tentei a minha sorte mas já nem sei o que dizia no anúncio.
Na altura arranhava o português.
Pois... Abraço
Até
já [português com sotaque de Cascais].