'Derby' capital
O Sporting entra em
campo com a leveza de quem não tem nada a perder. O Benfica desconfia
dos 23 pontos de vantagem sobre os leões. A Norte, Sp. Braga e FC
Porto... atentos.
Estádio da Luz, 13 de Abril de 1986. Benfica e
Sporting defrontavam-se na penúltima jornada de um Campeonato Nacional
apenas discutido entre águias e dragões. Um mês antes, no mesmo
anfiteatro, os encarnados tinham esmagado o eterno rival, para a Taça de
Portugal, por 5-0, pelo que poucos duvidavam de que a vitória sobre o
Sporting fosse certa. Porém, não é em vão que o derby dos derbies é o
mais excitante clássico do nosso futebol. Puxando dos galões, a equipa
de Alvalade cedo chegou à vantagem (11 m) por Morato e pouco depois,
aproveitando um amadorismo do Benfica - Mortimore estava castigado e via
o jogo no camarote; Toni, estava no banco e os técnicos comunicavam por
walkie-talkie; aos 19 minutos, Samuel lesionou-se e o walkie-talkie
avariou-se; até chegar a Toni a ordem de Mortimore sobre a inevitável
substituição, decorreram cinco minutos; quando Nunes entrou, aos 24
minutos, já o Sporting aproveitara a inferioridade numérica do
adversário para engordar a vantagem (Manuel Fernandes, 22). Depois, o
Benfica bem remou contra a maré e até reduziu para 1-2 (Manniche, 51),
mas as mãos-de-ferro do extraordinário Vítor Damas seguraram o triunfo
leonino que acabou por dar o título ao FC Porto. E foi graças a essa
conquista que os dragões se apresentaram, em 1986/87 na Taça dos
Campeões Europeus, que venceram com o calcanhar de Rabat Madjer.
Hoje,
volvidos precisamente 24 anos sobre um dos derbies mais amargos de
sempre para os encarnados, a situação quase que se repete: Sporting
recentemente goleado pelos rivais (4-1 para a Taça da Liga, em Alvalade)
e sem hipóteses no Campeonato, está preparado para lançar areia na
engrenagem do título benfiquista, e vai à Luz sem nada a perder. Porém, o
Benfica está avisado e dificilmente cairá na esparrela das facilidades
de há 24 anos.