Madrid, 22 de Maio de 2010. O Santiago Bernabéu vai encher mas não é dia
de jogo do Real Madrid. É a primeira final da Champions ao sábado,
entre Inter e Bayern. Ou melhor, entre Mourinho e Van Gaal, dois
treinadores habituados a levantar a Champions (o José pelo FC Porto em
2004; o Louis pelo Ajax em 1995) e com ambição ilimitada para entrar no
restrito lote de bicampeão europeu por clubes diferentes, a exemplo do
austríaco Ernst Happel (Feyenoord-70 e Hamburgo-83) e do suíço Ottmar
Hitzfeld (Borussia Dortmund-97 e Bayern Munique-2001).
A relação
Van Gaal-Mourinho não se fica por aqui e é muito mais do que esta final
de Madrid. Afinal, já trabalharam juntos e um (José) foi adjunto do
outro (Louis), entre 1997 e 1999. Onde? Em Espanha. Em que cidade?
Barcelona, a cidade que acordou pálida, ofuscada pela eliminação
provocada pelo Inter, em Camp Nou, o estádio que bebeu da cultura
táctica e técnica da dupla Van Gaal-Mourinho e cujos adeptos do Barça
deliraram com a conquista de duas Ligas espanholas e de uma Taça do Rei.
FASE
1 Estávamos no Verão de 1997, quando se dá o primeiro encontro
entre Van Gaal e Mourinho. O Barcelona acabara de fazer uma época
simplesmente extraordinária, com Bobby Robson e o seu ex-tradutor a
lidarem com tantos egos juntos (Figo, Víto Baía, Couto, Ronaldo, Luis
Enrique, Pizzi, Giovanni, Blanc, entre outros) e a ganharem Supertaça
espanhola, Taça das Taças e Taça do Rei (só faltou o campeonato,
celebrado pelo Real Madrid de Capello), mas o presidente Josep Luis
Núñez desfaz-se do técnico inglês, que arruma as malas e volta para
casa. Pensa-se o mesmo de Mourinho, que até recebe uma proposta de
Braga, mas Van Gaal segura-o.
A ideia, segundo os jornais
catalães da época, era Mourinho fazer a ponte da era-Robson para a de
Van Gaal, durante dois ou três meses, no sentido de dar sequência ao
trabalho do inglês, até porque da nova estrutura técnica (além de Van
Gaal, também estão Van der Lem, Hoek e Rexach) só o português é que
conhece todo o plantel.
A 4 de Julho de 1997, Mourinho diz sim a
Van Gaal e a primeira recomendação que faz é a contratação de Paulinho
Santos. Esse mesmo, o médio do FC Porto, então com 26 anos, e já então
com um currículo tenebroso em termos de cartões amarelos (53) e
vermelhos (sete). Van Gaal agradece o conselho, acha Paulinho Santos um
jogador interessante mas diz ter outras opções.
FASE 2
A capacidade profissional de Mourinho é o segredo do seu sucesso. Ele
não é um simples adjunto, é um homem que está em todo o lado. Que fala a
língua dos jogadores. E convive com eles.
A páginas tantas,
quando o Barcelona soma quatro derrotas seguidas na Liga espanhola
(Maiorca, Atlético Madrid, Deportivo e Villarreal), entre 27 de Novembro
e 12 de Dezembro, os adeptos pedem a saída de Van Gaal mas não a de
Mourinho, já então um ícone na Catalunha (como mudam as coisas, hein?!).
E
é aí que Van Gaal entrega o comando técnico a Mourinho. Num particular,
é certo (a 16 de Dezembro), mas quem disse que isso não conta? Mourinho
vence e convence. Dá ordens, gesticula muito e acaba 4-1 ao Estrela
Vermelha, em Cádiz, com Pep Guardiola a titular e Xavi a entrar aos 81'.
É aplaudido pelos adeptos e até pela imprensa (o jornal Mundo Deportivo
intitula "com Mourinho, sim"), enquanto o adjunto Van Gaal vai para o
banco só para tomar notas e ouvir cânticos contra a sua pessoa.
Daqui
a 23 dias, os dois encontram-se em Madrid. Mourinho vai gesticular
muito e Van Gaal vai tomar notas no seu bloco. Só falta saber quem vai
vencer. E se vai convencer.
de jogo do Real Madrid. É a primeira final da Champions ao sábado,
entre Inter e Bayern. Ou melhor, entre Mourinho e Van Gaal, dois
treinadores habituados a levantar a Champions (o José pelo FC Porto em
2004; o Louis pelo Ajax em 1995) e com ambição ilimitada para entrar no
restrito lote de bicampeão europeu por clubes diferentes, a exemplo do
austríaco Ernst Happel (Feyenoord-70 e Hamburgo-83) e do suíço Ottmar
Hitzfeld (Borussia Dortmund-97 e Bayern Munique-2001).
A relação
Van Gaal-Mourinho não se fica por aqui e é muito mais do que esta final
de Madrid. Afinal, já trabalharam juntos e um (José) foi adjunto do
outro (Louis), entre 1997 e 1999. Onde? Em Espanha. Em que cidade?
Barcelona, a cidade que acordou pálida, ofuscada pela eliminação
provocada pelo Inter, em Camp Nou, o estádio que bebeu da cultura
táctica e técnica da dupla Van Gaal-Mourinho e cujos adeptos do Barça
deliraram com a conquista de duas Ligas espanholas e de uma Taça do Rei.
FASE
1 Estávamos no Verão de 1997, quando se dá o primeiro encontro
entre Van Gaal e Mourinho. O Barcelona acabara de fazer uma época
simplesmente extraordinária, com Bobby Robson e o seu ex-tradutor a
lidarem com tantos egos juntos (Figo, Víto Baía, Couto, Ronaldo, Luis
Enrique, Pizzi, Giovanni, Blanc, entre outros) e a ganharem Supertaça
espanhola, Taça das Taças e Taça do Rei (só faltou o campeonato,
celebrado pelo Real Madrid de Capello), mas o presidente Josep Luis
Núñez desfaz-se do técnico inglês, que arruma as malas e volta para
casa. Pensa-se o mesmo de Mourinho, que até recebe uma proposta de
Braga, mas Van Gaal segura-o.
A ideia, segundo os jornais
catalães da época, era Mourinho fazer a ponte da era-Robson para a de
Van Gaal, durante dois ou três meses, no sentido de dar sequência ao
trabalho do inglês, até porque da nova estrutura técnica (além de Van
Gaal, também estão Van der Lem, Hoek e Rexach) só o português é que
conhece todo o plantel.
A 4 de Julho de 1997, Mourinho diz sim a
Van Gaal e a primeira recomendação que faz é a contratação de Paulinho
Santos. Esse mesmo, o médio do FC Porto, então com 26 anos, e já então
com um currículo tenebroso em termos de cartões amarelos (53) e
vermelhos (sete). Van Gaal agradece o conselho, acha Paulinho Santos um
jogador interessante mas diz ter outras opções.
FASE 2
A capacidade profissional de Mourinho é o segredo do seu sucesso. Ele
não é um simples adjunto, é um homem que está em todo o lado. Que fala a
língua dos jogadores. E convive com eles.
A páginas tantas,
quando o Barcelona soma quatro derrotas seguidas na Liga espanhola
(Maiorca, Atlético Madrid, Deportivo e Villarreal), entre 27 de Novembro
e 12 de Dezembro, os adeptos pedem a saída de Van Gaal mas não a de
Mourinho, já então um ícone na Catalunha (como mudam as coisas, hein?!).
E
é aí que Van Gaal entrega o comando técnico a Mourinho. Num particular,
é certo (a 16 de Dezembro), mas quem disse que isso não conta? Mourinho
vence e convence. Dá ordens, gesticula muito e acaba 4-1 ao Estrela
Vermelha, em Cádiz, com Pep Guardiola a titular e Xavi a entrar aos 81'.
É aplaudido pelos adeptos e até pela imprensa (o jornal Mundo Deportivo
intitula "com Mourinho, sim"), enquanto o adjunto Van Gaal vai para o
banco só para tomar notas e ouvir cânticos contra a sua pessoa.
Daqui
a 23 dias, os dois encontram-se em Madrid. Mourinho vai gesticular
muito e Van Gaal vai tomar notas no seu bloco. Só falta saber quem vai
vencer. E se vai convencer.