Quinze dias antes
de ter sido estrangulada pelo pai, Maria João, de sete anos, disse à
mãe que queria ter uma "conversa muito séria". Para surpresa de Rosa
Maria, que ontem, quinta-feira, contou em tribunal a arrepiante
história, a menina insistiu em falar sobre morte.O
episódio que intrigou Rosa Maria ocorreu em Maio do ano passado, num
momento de convívio com a filha, em casa, na Maia. Estavam no sofá e a
criança começou a mexer-lhe no cabelo. "Disse-me 'Mãe, estás velhinha'
(...) Tenho que ter uma conversa muito séria contigo. As crianças
também morrem", terá dito Maria João, segundo descreveu a mãe, num
depoimento emocionado, no Tribunal de Matosinhos.Perante aquela
abordagem, que "não era normal", Rosa tentou dissuadir a menina de
continuar a falar sobre o assunto. Sem êxito. "Não percebi a
insistência dela. Chegou a dizer-me: 'Se eu morrer, tens que me
prometer que vais ser feliz com as manas'", continuou. A
questão ficou por ali, mas, segundo a testemunha, nos dias seguintes,
Maria João teve um comportamento diferente do habitual: não revelava a
mesma alegria, nem tinha vontade de ir à escola. Além disso, "acordava
de noite com pesadelos e agarrava-se a mim", revelou a progenitora,
ressalvando, por outro lado, que não notou qualquer mudança de atitude
da criança em relação ao pai - que na primeira sessão do julgamento
confessou ter assassinado a filha no apartamento em S. Mamede de
Infesta (Matosinhos), asfixiando-a com o cinto de um roupão.Queria despedir-seRosa
Maria recordou as horas que antecederam o crime, ocorrido na noite de
28 de Maio. À hora do almoço, recebeu uma mensagem de telemóvel do pai
de Maria João, de quem estava divorciada há dois anos. "Peço-te
encarecidamente para deixares a menina jantar comigo. Vou trabalhar
para o Algarve (Boliqueime) durante 15 dias e queria despedir-me dela",
escreveu João Cerqueira Pinto.A mãe diz que acedeu ao pedido
porque, na altura, entendeu que aquele afastamento de pai e filha seria
muito prolongado, tendo em conta que a criança nutria uma forte afeição
por João Pinto, com quem mantinha encontros regulares e passava
fins-de-semana, após a separação do casal. Já de noite, e face
ao incumprimento por parte do ex-marido em relação à hora prevista para
a entrega da filha, Rosa enviou, cerca das 22.30 horas, uma mensagem a
questioná-lo sobre o atraso. As respostas, por SMS, auguraram tragédia.
"Não posso deixar a minha filha a viver neste mundo sem o pai, sem
amor. Juras falsas. Ironia do destino. Ainda te amo", referia a
primeira mensagem , seguida por outra: "A menina está a descansar
eternamente com os anjos". A mãe admitiu que, na altura, julgou que a
criança tivesse sido vítima de violação. Telefonou ao ex-marido, mas
este limitou-se a dizer: "Vai para o apartamento, que a Polícia já lá
está com a menina". De seguida, desligou.Mais de oito meses
depois, ouvida como testemunha de acusação, Rosa Maria confessou que,
durante o dia fatídico, foi tendo um mau pressentimento e revelou que
está arrependida por ter deixado a criança sair com o pai. "Sinto-me
culpada. Podia tê-la salvo", afirmou, comovida. Rosa contou
que, após a divórcio, o arguido teve comportamentos "verbalmente"
agressivos. Numa das situações, ameaçou-a à frente da filha, dizendo:
"Vou-te matar! Vais ver o monstro que eu sou!" Mas reconheceu que João
teve sempre uma relação "boa" com a menina, de quem parecia gostar
muito.
de ter sido estrangulada pelo pai, Maria João, de sete anos, disse à
mãe que queria ter uma "conversa muito séria". Para surpresa de Rosa
Maria, que ontem, quinta-feira, contou em tribunal a arrepiante
história, a menina insistiu em falar sobre morte.O
episódio que intrigou Rosa Maria ocorreu em Maio do ano passado, num
momento de convívio com a filha, em casa, na Maia. Estavam no sofá e a
criança começou a mexer-lhe no cabelo. "Disse-me 'Mãe, estás velhinha'
(...) Tenho que ter uma conversa muito séria contigo. As crianças
também morrem", terá dito Maria João, segundo descreveu a mãe, num
depoimento emocionado, no Tribunal de Matosinhos.Perante aquela
abordagem, que "não era normal", Rosa tentou dissuadir a menina de
continuar a falar sobre o assunto. Sem êxito. "Não percebi a
insistência dela. Chegou a dizer-me: 'Se eu morrer, tens que me
prometer que vais ser feliz com as manas'", continuou. A
questão ficou por ali, mas, segundo a testemunha, nos dias seguintes,
Maria João teve um comportamento diferente do habitual: não revelava a
mesma alegria, nem tinha vontade de ir à escola. Além disso, "acordava
de noite com pesadelos e agarrava-se a mim", revelou a progenitora,
ressalvando, por outro lado, que não notou qualquer mudança de atitude
da criança em relação ao pai - que na primeira sessão do julgamento
confessou ter assassinado a filha no apartamento em S. Mamede de
Infesta (Matosinhos), asfixiando-a com o cinto de um roupão.Queria despedir-seRosa
Maria recordou as horas que antecederam o crime, ocorrido na noite de
28 de Maio. À hora do almoço, recebeu uma mensagem de telemóvel do pai
de Maria João, de quem estava divorciada há dois anos. "Peço-te
encarecidamente para deixares a menina jantar comigo. Vou trabalhar
para o Algarve (Boliqueime) durante 15 dias e queria despedir-me dela",
escreveu João Cerqueira Pinto.A mãe diz que acedeu ao pedido
porque, na altura, entendeu que aquele afastamento de pai e filha seria
muito prolongado, tendo em conta que a criança nutria uma forte afeição
por João Pinto, com quem mantinha encontros regulares e passava
fins-de-semana, após a separação do casal. Já de noite, e face
ao incumprimento por parte do ex-marido em relação à hora prevista para
a entrega da filha, Rosa enviou, cerca das 22.30 horas, uma mensagem a
questioná-lo sobre o atraso. As respostas, por SMS, auguraram tragédia.
"Não posso deixar a minha filha a viver neste mundo sem o pai, sem
amor. Juras falsas. Ironia do destino. Ainda te amo", referia a
primeira mensagem , seguida por outra: "A menina está a descansar
eternamente com os anjos". A mãe admitiu que, na altura, julgou que a
criança tivesse sido vítima de violação. Telefonou ao ex-marido, mas
este limitou-se a dizer: "Vai para o apartamento, que a Polícia já lá
está com a menina". De seguida, desligou.Mais de oito meses
depois, ouvida como testemunha de acusação, Rosa Maria confessou que,
durante o dia fatídico, foi tendo um mau pressentimento e revelou que
está arrependida por ter deixado a criança sair com o pai. "Sinto-me
culpada. Podia tê-la salvo", afirmou, comovida. Rosa contou
que, após a divórcio, o arguido teve comportamentos "verbalmente"
agressivos. Numa das situações, ameaçou-a à frente da filha, dizendo:
"Vou-te matar! Vais ver o monstro que eu sou!" Mas reconheceu que João
teve sempre uma relação "boa" com a menina, de quem parecia gostar
muito.