Liliana Fernandes é apenas um dos cerca de 130 profissionais que cumpriram 24 horas de paralisação |
Liliana Fernandes cumpriu a greve. Mas salvou uma mulher de uma
paragem cardio-respiratória. Protesta porque, sem resposta quanto a um
futuro na ambulância de suporte imediato de vida que tripula, teme que a
emergência pré-hopsitalar deixa de ter enfermeiros. A jovem
enfermeira é apenas um dos cerca de 130 profissionais que ontem
cumpriram 24 horas de paralisação. Estão, na sua maioria, destacados de
hospitais para servir nas ambulâncias de suporte imediato de vida (SIV)
que nasceram para compensar o encerramento de serviços de urgência. Sem
sinais da abertura de um concurso (depois de o anterior ter sido
anulado) para fixá-los no Instituto Nacional de Emergência Médica
(INEM), poderão ter de regressar às instituições de origem. E, assim,
estancar um projecto de emergência pré-hospitalar que estendeu a
urgência para as ruas.O protesto, com adesão de 99% (só dois
profissionais não aderiram) foi praticamente simbólico: com um
enfermeiro por SIV, os serviços mínimos obrigaram todos os profissionais
escalados a estar a postos. E, numa ronda de reportagem pelas SIV da
região do Porto, o JN "bateu" várias vezes com o "nariz na porta". Até
decidir esperar pelo regresso de Liliana ao Hospital de Santo Tirso.
Fala com alma das suas funções e espera apenas que o Ministério da Saúde
contorne a imposição legal de limitar a uma a requisição de
enfermeiros. Mesmo em mobilidade, quer é manter o projecto SIV de pé.Ora,
o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) garante que não tem
recebido resposta do INEM ao pedido de abertura de um concurso para dar
estabilidade aos profissionais, de aumento de recursos humanos e de
clarificação do que pretende para o pré-hospitalar. Junta com a
orientação no sentido de dispensar enfermeiros nos centros de orientação
de doentes urgentes leva o SEP a acreditar que o objectivo é retirar
estes profissionais da emergência.