Longuinhos Monteiro, magistrado timorense, trocou recentemente «por
sacrifício» a Procuradoria-Geral de Timor-Leste pelo cargo de
comandante-geral da Polícia e assume não gostar de políticos, porque
«nunca falam a verdade», avança a Lusa. «Eu
vim para a polícia com todo o sacrifício, não vim pelas minhas próprias
regalias. Se pensasse nisso, não vinha, tinha-me mantido no cargo
anterior», disse o magistrado em entrevista à Lusa em Lisboa, na sua
primeira deslocação a Portugal no novo cargo. «A confiança que o Estado depositou na minha
pessoa tem um significado que é não ir lá para brincar. Eu vou para por
as coisas nos seus lugares e orientar bem esta instituição, para sermos
só servidores do Estado, sem nada de fora», afirma. Para o ex-procurador, a prioridade é «o cumprimento e a honra da instituição» policial timorense. Problemas
das forças de segurança devem-se ao governo
Muitos
dos problemas que as forças de segurança têm vivido, nomeadamente na
resposta às crises de 2006 e 2002, deveram-se à falta de uma «liderança
clara», que acredita poder imprimir na Polícia. «A liderança não é só na polícia, é em todos
os aspectos do sistema governamental. Precisamos que todos tenham um
bom líder, forte, que saiba gerir. A liderança é uma condição que se
exige a todas as instituições, especialmente nas das forças do Estado,
de segurança», afirma. Esta quarta-feira, assume que muitos dos problemas que a construção do país tem conhecido
se devem à «má política e políticos sem noção de maturidade para desenvolver o próprio país». «Se
for a Timor perguntar a um vendedor no mercado quem criou a crise de
[Abril de] 2006 vão dizer que foram os políticos. Ninguém nega isto»,
afirma. Preocupo-me com a política «Sempre
me preocupo com a política. Eles [políticos] podem ter boas visões,
bons argumentos, falando de desenvolvimento sempre é bom, mas [as
intervenções] devem ser feitas para construir não para destruir». Empossado no cargo no final de Março pelo primeiro-ministro Xanana Gusmão, Longuinhos Monteiro é o único civil da instituição.
Aos políticos, Monteiro pede que trabalhem «para desenvolver o país e a instituição do Estado», e que não «destruam
a unidade do país», sem esconder a sua desconfiança em relação à classe. «Eu
não gosto de políticos e nunca quero ser político. O político nunca
fala coisas de verdade. Nunca usa o seu coração, usa os interesses.
Valoriza os seus interesses e menos o do Estado nacional», afirma. Porque, em primeiro lugar, está «o interesse do Estado», que «não se pode discutir»,
afirma Longuinhos Monteiro que quer distância desse mundo. «Nunca recebi [convites]. Se alguém me convidar, só vou
dizer uma coisa: nem pensar».
sacrifício» a Procuradoria-Geral de Timor-Leste pelo cargo de
comandante-geral da Polícia e assume não gostar de políticos, porque
«nunca falam a verdade», avança a Lusa. «Eu
vim para a polícia com todo o sacrifício, não vim pelas minhas próprias
regalias. Se pensasse nisso, não vinha, tinha-me mantido no cargo
anterior», disse o magistrado em entrevista à Lusa em Lisboa, na sua
primeira deslocação a Portugal no novo cargo. «A confiança que o Estado depositou na minha
pessoa tem um significado que é não ir lá para brincar. Eu vou para por
as coisas nos seus lugares e orientar bem esta instituição, para sermos
só servidores do Estado, sem nada de fora», afirma. Para o ex-procurador, a prioridade é «o cumprimento e a honra da instituição» policial timorense. Problemas
das forças de segurança devem-se ao governo
Muitos
dos problemas que as forças de segurança têm vivido, nomeadamente na
resposta às crises de 2006 e 2002, deveram-se à falta de uma «liderança
clara», que acredita poder imprimir na Polícia. «A liderança não é só na polícia, é em todos
os aspectos do sistema governamental. Precisamos que todos tenham um
bom líder, forte, que saiba gerir. A liderança é uma condição que se
exige a todas as instituições, especialmente nas das forças do Estado,
de segurança», afirma. Esta quarta-feira, assume que muitos dos problemas que a construção do país tem conhecido
se devem à «má política e políticos sem noção de maturidade para desenvolver o próprio país». «Se
for a Timor perguntar a um vendedor no mercado quem criou a crise de
[Abril de] 2006 vão dizer que foram os políticos. Ninguém nega isto»,
afirma. Preocupo-me com a política «Sempre
me preocupo com a política. Eles [políticos] podem ter boas visões,
bons argumentos, falando de desenvolvimento sempre é bom, mas [as
intervenções] devem ser feitas para construir não para destruir». Empossado no cargo no final de Março pelo primeiro-ministro Xanana Gusmão, Longuinhos Monteiro é o único civil da instituição.
Aos políticos, Monteiro pede que trabalhem «para desenvolver o país e a instituição do Estado», e que não «destruam
a unidade do país», sem esconder a sua desconfiança em relação à classe. «Eu
não gosto de políticos e nunca quero ser político. O político nunca
fala coisas de verdade. Nunca usa o seu coração, usa os interesses.
Valoriza os seus interesses e menos o do Estado nacional», afirma. Porque, em primeiro lugar, está «o interesse do Estado», que «não se pode discutir»,
afirma Longuinhos Monteiro que quer distância desse mundo. «Nunca recebi [convites]. Se alguém me convidar, só vou
dizer uma coisa: nem pensar».