Cá em cima as pessoas ainda têm vergonha"

Foram poucos os casais nas primeiras horas do Salão Erótico do Porto. A organização espera ter mais de 17 mil visitantes.Não
foram muitos os casais que aproveitaram as primeiras horas do III Salão
Erótico do Porto (Eros Porto), que ontem abriu portas em Gondomar, para
visitar o evento. De braço dado foram passeando de expositor em
expositor para ver as novidades ou satisfazer apenas a curiosidade.Amélia
e Manuel, casados há 20 anos, dizem que é terceira vez que vão ao Eros
Porto. "Acho divertido", diz Amélia, admitindo que "cá em cima [no
Porto] as pessoas ainda têm um bocado de vergonha, mas isso também é
porque o salão começou primeiro em Lisboa". Manuel discorda um pouco e
garante que "isso da vergonha é relativo".Sem problema em
admitir que também foram ao certame para aprender, explicam que "estas
coisas fazem falta aos casais que estão juntos há tanto tempo". "À
maioria dos portugueses faz-lhes falta libertarem-se", acrescenta
Manuel, que afiança igualmente que não têm problema em dizer aos amigos
que visitaram o salão erótico.A curiosidade foi o que levou
Carlos e Cândida Ferreira ao Eros Porto. "É a primeira vez que vimos e
é sobretudo pela curiosidade em ver como é", adiantam. Salientando que
este evento é "uma ideia interessante", Carlos mostra-se algo
desapontado com a pouca afluência de público, embora sempre recorde que
"é dia de semana". Cândida admite que "esperava que o salão fosse um
pouco maior".E se os casais mostram abertura para falar com os
jornalistas, o mesmo não se pode dizer dos que ali se encontram
sozinhos. Mesmo que os expositores garantam que não notam grande
diferença entre o salão de Lisboa e do Porto, onde esperam 17 mil
visitantes. "Acho que há o mesmo à-vontade", sublinha Marta
Neves, da Tangerina. "De qualquer modo, quando vimos alguém mais
acanhado, tratamos logo de quebrar o gelo", dispara de imediato. Uma
ideia partilhada por Miguel, da espanhola Almacén Erótico, que vende
artigos sexuais. "As pessoas são iguais, não há diferenças", diz. Quem
não concorda é Paula Pinto, da Fruto Proibido. "Aqui somos mais
reservados, talvez mais conservadores", diz a expositora. Que confessa
que tem notado "um evoluir na mentalidade das pessoas", talvez por
estar a aumentar o número de sex shops no Norte. Para os mais
envergonhados, Paula deixa um conselho prático: "Há que entrar logo na
loja e pronto."Nas primeiras horas eram poucos os que visitavam
o salão. E até o presidente da Câmara de Gondomar, Valentim Loureiro,
acabou por faltar à cerimónia de inauguração no Multiusos, fazendo-se
representar pelos vereadores Fernando Paulo e Castro Neves.