Benfica volta à final da Taça da Liga: David Luiz marcou o primeiro golo. E o Sporting? Nem vê-lo
Gonçalo Lobo Pinheiro
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A
pele é como o algodão: não engana. E se a pele está bronzeada em
Fevereiro e em Portugal, das três, uma: ou se deve muito à genética ou
houve solário ou férias invernais. Daquelas que se passam na neve de
Andorra ou das outras, sul-americanas, que foram as que Bettencourt gozou num período não de bronze mas de lata no Sporting - derrotas com Braga, FC Porto e Académica.
E o presidente leonino assistiu a tudo por entre alguns banhos de sol
brasileiros. Pois. À chegada a Lisboa, o homem forte (e remunerado) de
Alvalade trazia um ar que se diz ser saudável (bronzeado) e garantiu
que vinha para "dar a volta a isto". É como quem diz, dar uma
varridela. O problema, no Sporting, é o peso das palavras (Harri
Batasuna, por exemplo). João Pereira é dos que levam a coisa à letra. Vai daí, varreu Ramires, foi expulso e o Benfica
marcou quando ainda havia gente à procura do seu lugar. E Pereira, que
se fez no Benfica, ouviu o que não queria que lhe chamassem à mãe dele
em Alvalade; e Carlos Martins, que era do Sporting, bateu o livre para o golo de David Luiz, o tal que marcara na própria baliza em Setúbal.
Redenção absoluta para os da Luz; pecado mortal para os de Alvalade. Tanto mais que os primeiros pareciam apostar pouco na Taça da Liga - cinco alterações relativamente ao jogo em Setúbal, com Kardec e Éder Luís
como titulares (!) - e os segundos surgiram com tudo em campo (menos
Veloso). Afinal, uns (Sporting) tinham mais a perder do que outros
(Benfica) numa época de contrastes.
RAMIRES IN & OUT Em vantagem desde os oito minutos, o Benfica foi jogando com a superioridade numérica. Jesus puxou Di María da zona do fraquinho Grimi para atacar a do adaptado Adrien
e os encarnados continuaram a conquistar espaço ao adversário e olés
aos adeptos. Era cedo para festejos? Era, mas o benfiquista, que
comprara o ingresso e vira a razão ser-lhe dada pela polícia na rábula
dos bilhetes, tinha gasto bem o seu dinheiro: toques e circulação
rápida de bola e o perigo sempre longe da área dele e presente na do
outro. O 2-0 chegou naturalmente, num cruzamento de Peixoto
para Ramires, aos 29' - o Benfica pareceu nadar de costas sobre as
águas turvas de Alvalade, sempre com o nariz à tona, os pés de fora e
os joelhos bem escondidos. Mas nisto da natação, há sempre os bem e os
mal coordenados: Ramires, que não sabia nadar à coisa de um ano, fez um
mau passe e Liedson, sempre como um peixe na defesa
encarnada, rematou para o 2-1 (37'). E o Sporting chegou ao intervalo
com uma corda justinha ao pescoço, mas que não o asfixiava. O Benfica
pôs-lhe um nó simples em vez de um de marinheiro: pensou que tudo
estava ganho, soltava inimigos públicos como Liedson ou Izmailov e dava
um, dois, três toques a mais quando a baliza estava a um palmo. O
Sporting cresceu, encheu o peito e decidiu ir à luta com o que tinha
dentro do campo. E o Benfica respondia só com Di María que fez o que
quis a quem tinha pela frente em campo.
Jesus, do povo, deve ter-lhes lembrado que presunção e água benta,
cada qual toma a que quer. E o Benfica tomou-a em quantidade q. b.,
retomou o controlo com os suspeitos de sempre: Luisão (68') e Cardozo (90+4'). Resultado feito. Nos comentários finais, nada de novo: gozo a Patrício e assobios a Olegário e Sporting. Que nem ao bronze pode aspirar na Taça da Liga. Vale o bronzeado do presidente. Enfim. Fim.