Mais de 40 mil pessoas, segundo dados da organização, participaram,
ontem, domingo, na peregrinação à Senhora da Saúde, em Laundos, Póvoa de
Varzim. Um mar de gente seguiu o andor que percorreu sete quilómetros
aos ombros de pescadores.
Saem bem cedo da Póvoa de Varzim rumo à freguesia de Laundos. O percurso
de sete quilómetros é feito a pé. Muitos vão descalços, de muletas ou
cadeiras de rodas, empurrando carrinhos de bebé, terços e velas na mão,
rezando e cantando. Uns cumprem promessas, outros vão simplesmente
movidos pela fé. É assim todos os anos, no último domingo de Maio, na
habitual peregrinação à Senhora da Saúde.
"As pessoas dizem que é um dos anos com mais gente. É uma peregrinação
que movimenta todas as paróquias à volta do arciprestado Póvoa de
Varzim/Vila do Conde. Ainda há pouco encontrámos aí um senhor de
Cabeceiras de Basto, o que já dá para ter uma ideia da dimensão desta
peregrinação", afirmou, ao JN, António Nova Araújo, da Comissão de Pais
da EB1 de Laundos que, todos os anos, monta na escola um posto médico de
apoio aos peregrinos, junto ao santuário.
A 13 de Maio, cumprindo a tradição, a imagem da Senhora da Saúde,
transportada ao início da noite pelos Bombeiros Voluntários da Póvoa,
rumou à igreja matriz da cidade. Ali permaneceu todo o mês para, no
último domingo de Maio, sair em direcção a Laundos, às 9 horas em ponto.
Atrás do andor, transportado por pescadores, segue um mar de gente, que
vai aumentando ao longo do caminho. A manhã termina com a missa campal
no Santuário. É assim desde 1946.
"Muitos vêm de manhã, ainda antes do andor, para fugir ao calor e não
ficam para a missa. Mas, faça sol ou chuva, vem sempre muita gente",
explicou António Sobral, juiz da Confraria da Senhora da Saúde.
Até às 11 horas a multidão não parou de chegar e, atrás da Senhora,
outros tantos milhares se aglomeravam em cortejo.
Ainda antes do andor, Manuela Pascoal, 36 anos, sobe as últimas escadas
de acesso à igreja. "Há cerca de cinco anos que venho. Tenho muita fé na
Nossa Senhora da Saúde e ela tem-me ajudado muito", diz a peregrina
que, este ano, já tinha ido a Fátima a pé.
Ingrácia Real, 71 anos, cumpre, há três décadas consecutivas, a
peregrinação. "Estava doente e prometi que, enquanto pudesse, viria
sempre cá trazer uma velinha. Este ano, como a minha filha tem sempre as
mãos dormentes, também vou pôr duas velinhas por ela", explicou, à
saída da Casa das Velas, mesmo ao lado do Santuário, ainda antes de
cumprir a "romaria" de três voltas ao adro, que conclui a peregrinação,
para os pagadores de promessas. Póvoa de Varzim Milhares na peregrinação
à Senhora da Saúde
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